Crónicas de Magia e Monstros

Capítulo 18: A Bruxa

No capítulo anterior: As pessoas da aldeia comentam o facto de Penn estar a viver com o casal. Penn começa a estudar magia com Ezra e Lukas trata de o treinar a nível físico. Visto o casal ter de ir em missões, pede ajuda a Hunar e a Hattie para cuidarem de Penn quando estiverem fora. Jinny contata Ezra através do espelho mágico. Niah está a adaptar-se à sua vida de curandeira. Ezra conta à feiticeira sobre as novidades da sua vida e Jinny fica com ciúmes por não ter um espírito familiar.

Um katz surge na aldeia, com uma máquina de medir a força. As pessoas experimentam e o katz, de nome Kattso, desvaloriza a força de Lukas, que o convida para um duelo. Os dois ferem-se um ao outro e Ezra decide acabar com aquilo. Kattso continua a atacar Lukas, mas o feiticeiro usa a sua magia para o pôr no lugar e acaba por o expulsar da aldeia, com Kattso indicando que voltarão a ver-se no futuro.

Capítulo 18: A Bruxa

Lenna estivera a aguardar pela partida na sua primeira missão, com ansiedade crescente. Verificara a sua mochila várias vezes, para ter a certeza de que levava tudo o que necessitava. Hattie não estivera realmente contente por a neta ir numa missão, mas visto que ela não iria sozinha e que estava tão entusiasmada, engolira as palavras azedas que tinha e ajudara-a, relembrando-a de que deveria ter extremo cuidado, que não deveria perder Ezra e Lukas de vista, nem comer coisas que desconhecesse. Quando finalmente chegou o dia da partida, ela caminhava alegremente atrás do feiticeiro e do guerreiro. O destino de todos ficava a dois dias de caminho.

A princípio, a caminhada não a incomodou. Gostou de ver os prados, os aglomerados de árvores, os rios e o mar, à distância. Estava bom tempo, com um céu azul e quase sem nuvens. Ezra aproveitou para contar algumas das histórias de missões em que ele e Lukas tinham participado no passado. Claro que aquilo interessava a Lenna, que as ouviu com muita atenção. Também se depararam com monstros, geralmente bastante fracos, mas alguns grupos grandes. Lukas incentivou Lenna a ajudá-lo, pelo que entre os dois mataram a maioria, com Ezra observando, pronto a intervir se fosse necessário. Não queria que nada acontecesse a Lenna.

- Oiça com atenção – dissera-lhe Hattie, puxando-o à parte, antes de eles abandonarem a aldeia. – A minha neta vai convosco, portanto é vossa obrigação protegê-la. Eu ficarei a olhar pelo Penn e vocês têm de garantir que a minha neta vai ficar sã e salva. Se lhe acontecer algo, como ficar com um arranhão numa mão, vão sentir a minha fúria.

- Ela vai numa missão. Arranhões são completamente normais, talvez mais até, mas iremos olhar por ela para que não volte realmente ferida.

- Espero que assim seja, realmente. Eu posso não ter magia, nem ter músculos, mas acredite que não me querem como vossa inimiga, pois eu vou perseguir-vos até aos confins do mundo, para vos fazer pagar se algo acontecer à Lenna – indicara Hattie, com os olhos muito abertos. E depois, de repente, parecera acalmar. – E com isto, desejo que a viagem corra bem.

Ezra levara a sério as palavras da vizinha. Também não queria ver Lenna magoada, mas era impossível garantir que ela não se magoasse, de todo, sendo que se não fosse algo grave, as poções de cura resolveriam a situação. Portanto, os três tinham-se feito ao caminho. Shadow, o gato familiar, ficara para trás, com a função de olhar pela casa e por Penn, de forma subtil. Ele tinha magia e algumas habilidades de luta, apesar de só as usar se fosse mesmo necessário. Preferia ficar a apanhar banhos de sol em cima do telhado. Ao fim de várias horas de viagem, os pés de Lenna começaram a queixar-se e o mundo, que até ali fora interessante, começara a tornar-se menos.

- Hum... viajar costuma ser assim tão entediante? – acabou por perguntar a jovem.

- É uma grande parte da vida de um aventureiro – respondeu Lukas. – Por vezes, é necessário viajar-se por muitos dias, em transportes diferentes. Sim, cansa-nos, faz-nos doer as pernas e os pés, mas temos de chegar ao destino para cumprir a missão, portanto, temos de aguentar. Sentes-te muito cansada? Podemos parar.