Capítulo 04

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Perspectiva da Alina:

Ao cruzar o portão de ferro forjado da mansão, uma onda de nostalgia me atingiu como um vento gelado. A casa era imponente, como sempre fora, com suas colunas majestosas e janelas que refletiam a luz do pôr do sol, mas havia algo diferente, um vazio que preenchia o ar.

Caminhando pelo jardim, as flores coloridas pareciam sorrir para mim, mas seus sorrisos eram apenas lembranças de um tempo em que a alegria dominava. "Quantas risadas ecoaram por aqui?", pensei, enquanto tocava levemente as pétalas de uma rosa. Cada detalhe deste lugar era uma peça do meu passado, um passado que agora parecia tão distante.

Quando entrei na mansão, o aroma familiar de madeira polida e a mistura de especiarias da cozinha trouxeram de volta memórias de noites acolhedoras em família. Lembrei-me de como Selene costumava cozinhar pratos deliciosos enquanto Mauro contava histórias sobre sua juventude. "Como eu costumava me sentir segura aqui", refleti, o aperto no meu coração se intensificando.

A sala de estar, com seus móveis luxuosos e o grande retrato da família Voss na parede, parecia me observar, como se quisesse me lembrar de quem eu era antes. Os retratos, onde eu também estava presente, contavam a história da nossa família, refletindo a conexão profunda que sempre tive com eles. O brilho das velas na lareira lançava sombras dançantes, e cada sombra parecia sussurrar segredos que eu preferia esquecer. "Por que tudo mudou tão rápido?", perguntei a mim mesma, enquanto caminhava em direção à mesa onde tantas memórias foram criadas.

Meus pés me levaram até a cozinha, onde Selene ainda estava, rindo e conversando com um empregado. A cena era reconfortante, mas ao mesmo tempo dolorosa. A saudade me envolveu como um cobertor pesado, lembrando-me de como eu costumava me sentir em casa. "Selene sempre foi como uma mãe para mim", pensei, um sorriso melancólico se formando em meus lábios, mesmo que lágrimas quisessem escapar.

- Alina, que surpresa querida! - Selene me chamou, sua voz doce cortando meus devaneios. - Venha aqui! Estava prestes a fazer um lanche.

- Um lanche soaria perfeito agora - respondi, tentando esconder a melancolia em minha voz. Mas dentro de mim, eu lutava contra uma tempestade de sentimentos.

"Preciso de coragem para enfrentar essa situação" refleti, enquanto tomava um gole de água, sentindo que a conversa que se aproximava me deixaria ainda mais vulnerável.

"Droga de marca, eu não sou tão sensível assim." Penso frustrada.

E assim, enquanto os pensamentos pareciam brincar com minha cara , eu sabia que era hora de enfrentar o que realmente me atormentava. A marca, Hera, e tudo o que eu sentia - ou não sentia - estavam à minha frente, esperando para serem desvendados.

Vejo Selene fazer um sinal com a mão dispensando o empregado enquanto pegava duas xícara, como sempre ela sabia o porque de eu estar lá.

- Sente-se filha - Selene fala com a voz calma - finalmente resolveu me procurar para pedir conselhos? - o tom de Selene era brincalhão mas parecia que ela já sabia o motivo de eu estar ali, é, ela realmente sempre sabe - ou vai me falar que só veio me visitar pra colocar o papo em dia ?

Depois de ficar um tempo em silêncio tentando me autocontrolar voltei a olhar diretamente para Selene.

- Não sei o que fazer - minha voz soou mais baixa e sensível do que esperava - Não sei nem por onde começar...

Selena olhou para mim e sorriu reconfortante me entregando uma xícara com chá.

- Eu tenho todo tempo do mundo para te escutar, os garotos e seu pai só chegarão depois da meia-noite - falou se sentando na minha frente com aquele olhar de que já sabia tudo.

Luas De Sangue E Prata: A Guerra Das Sombras.Onde histórias criam vida. Descubra agora