Perspectiva de Hera:
A floresta à nossa volta era densa, sufocante. O cheiro úmido de terra e musgo impregnava o ar, enquanto galhos antigos se curvavam como se nos observassem. A Lua, tímida entre as nuvens, lançava um brilho pálido que mal atravessava a copa das árvores. Mesmo com os sentidos aguçados, algo me dizia que estávamos às cegas. E eu odiava a sensação de impotência.
Organizamos três equipes para vasculhar a área ao redor da floresta, todos armados e com cães de caça. Erick liderava uma das unidades ao norte, com seus homens dividindo o perímetro próximo ao rio. Lucas seguiu para oeste com uma segunda equipe, rastreando possíveis pistas ao longo do vale mais baixo. Eu escolhi a área central para mim — a mais traiçoeira e isolada. Era onde Breno poderia estar. Ou pior, onde poderia não estar mais.
— Mantenham-se atentos, — falei por cima do ombro, sem diminuir o ritmo. Lena, que seguia ao meu lado, estava inquieta, o rosto marcado por uma ansiedade crescente. Era o filho dela que estava em jogo, e eu não podia imaginar o que ela estava sentindo mesmo sendo madrinha.
— Já devíamos ter achado alguma coisa. — Lena murmurou, mais para si mesma do que para mim.
Eu sabia que ela estava certa. O tempo parecia se arrastar, e cada minuto perdido aumentava a sensação de que algo terrível havia acontecido. Mas não podíamos nos apressar. Nessa floresta, qualquer erro seria fatal, ainda mais numa madrugada fria como essa.
Minha atenção se voltou para Alina, que caminhava um pouco à frente. Ela estava estranhamente calada. Desde que entramos na floresta, sua postura havia mudado. O rosto estava tenso, como se estivesse escutando algo. Não algo físico, não passos ou vozes — mas outra coisa, distante e quase imperceptível.
Eu a observei em silêncio, tentando decifrar o que estava acontecendo. Era sutil, mas havia uma mudança nela. Seus movimentos estavam mais instintivos, guiados por uma certeza que parecia além do normal.
— Alina? — chamei baixinho, mas ela não respondeu.
Ela apenas continuou andando, os olhos fixos em algum ponto que só ela conseguia ver. Não olhou para trás, não parou, como se nossas vozes não conseguissem alcançá-la.
— Hera, o que está acontecendo com ela? — Lena perguntou, a preocupação evidente.
Eu não respondi de imediato. Porque eu também não sabia. Mas uma parte de mim começou a perceber o que estava acontecendo — algo silencioso, mas profundo. A conexão entre mim e Alina estava crescendo. Sem esforço, sem que nós sequer nos déssemos conta, algo nos ligava de forma cada vez mais intensa.
Eu não conseguia ouvir o que Alina ouvia, mas sentia. Sentia a mudança nela, como uma corda invisível que começava a se entrelaçar entre nós.
Ela não estava perdida. Ela estava sendo guiada. E eu tinha duas escolhas: confiar nisso ou interferir. E, pela primeira vez em muito tempo, decidi confiar.
— Siga-a — murmurei para Lena, enquanto aumentava o passo para não perder Alina de vista. - Todos vocês.
O silêncio ao nosso redor parecia denso, mas não vazio. Era como se a própria floresta segurasse a respiração, à espera de algo inevitável.
Alina andava rápido, passando por galhos e pedras sem hesitar. Como se soubesse exatamente para onde estava indo.
Caminhamos por minutos que pareceram horas, até que a vegetação se abriu em uma pequena clareira. No centro dela havia uma árvore gigantesca, antiga e coberta de musgo, essa era a árvore onde o massacre antes da ultima guerra onde Mara, a vampira que conquistou a paz, morreu. Ali, entre as raízes grossas e entrelaçadas, encontramos Breno.
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Luas De Sangue E Prata: A Guerra Das Sombras.
FantasyAlina, uma jovem comum vivendo discretamente em uma alcateia, vê seu destino entrelaçado Hera, uma das filhas do líder supremo dos vampiros. Em um mundo dilacerado por guerras entre vampiros, lobisomens e humanos, uma ameaça antiga e desconhecida es...