Capítulo 07

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Perspectiva de Hera:

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O gosto de sangue ainda estava na minha boca, quente e familiar, enquanto observava Alina se recuperar sob mim. Seus olhos pareciam turvos, como se ainda estivessem mergulhados na onda que eu sabia que a marca havia provocado. O brilho leve na pele dela denunciava o traço do vínculo recém-formado, e pela primeira vez, o peso da palavra companheira fazia sentido para mim.

Mas a paz nunca dura. Não na minha vida.

A batida insistente na porta cortou o ar entre nós como uma lâmina.

— Hera, preciso falar com você. É urgente — reconheci a voz de Erick do outro lado. Meu irmão raramente soava assim.

Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo para afastar o impulso de mandar quem quer que fosse embora. Eu não queria sair daquele quarto. Mas o tom de Erick indicava que algo sério havia acontecido.

Levantei-me devagar, relutante, mas obrigando minha mente a voltar ao presente. Alina se ajeitou na cama, ainda ofegante, os olhos fixos em mim com uma expressão curiosa, mas sem questionar.

— Fique aqui — disse a ela, a mão roçando a dela por um instante. Fui em busca da minha camisa que ainda estava jogada no chão e a vesti.

Me aproximei da porta e a abri, revelando o rosto sério de Erick, Erick respirou fundo parecendo farejar alguma coisa, soube que era o cheiro da marca assim que vi a cara que ele fez. Ele não esperou que eu perguntasse nada.

— É um dos filhos da Lena Blackwood. Ele desapareceu. Precisamos agir rápido.

Um silêncio pesado caiu entre nós.

— E Lucas? — perguntei. Ele deveria estar lidando com os assuntos da reunião da corte.

— Está a caminho da Corte. Lena exigiu respostas e quer nosso apoio imediatamente. Achei que você quisesse saber disso antes de mais ninguém.

Claro que ela exigiu. pensei.

Era o jeito dos Blackwood. Mas isso não diminuía a gravidade da situação. Lena não era conhecida por se precipitar justamente por ser líder do clã que cuida das investigações e inteligência da corte — se ela estava alarmada, era porque algo realmente estava errado.

— Há alguma pista? — perguntei, já sentindo minha mente girar nas possibilidades.

Erick balançou a cabeça. — Nada ainda. Mas sabemos que o Profeta vai se manifestar na Corte. Parece que essa situação está mais complicada do que parece.

O nome do Profeta fez minha espinha gelar. Se ele ia falar, então isso envolvia mais do que apenas um desaparecimento.

— Eu vou. Dê-me um minuto — respondi, já girando o corpo para voltar ao quarto.

Alina estava sentada na beirada da cama, o olhar atento acompanhando cada movimento meu. Não precisei explicar nada; ela sabia que algo tinha mudado.

— Vou com você — disse, com a firmeza que sempre admirei nela, mas que agora preferia que ela não tivesse.

Por um momento, quis dizer não. A ideia de envolvê-la em qualquer coisa relacionada à Corte ou ao Profeta fazia meu estômago revirar. Mas eu sabia que ela não aceitaria ficar para trás. Ainda mais depois de eu marcar ela.

— Então, se vista. A noite ainda não acabou.

O olhar que trocamos foi breve, mas carregado. Eu tinha acabado de marcá-la, e agora íamos mergulhar direto na turbulência do mundo que nos cercava. Havia algo irônico nisso — mas nada sobre nossa conexão seria simples, e eu sabia disso desde o momento em que a vi pela primeira vez.

Luas De Sangue E Prata: A Guerra Das Sombras.Onde histórias criam vida. Descubra agora