Perspectiva de Hera:
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A mansão parecia mais silenciosa do que de costume, mas, para mim, o silêncio nunca significava paz. Na verdade, ele deixava espaço para as preocupações se acumularem. Eu caminhei pelos corredores, seguindo Erick e Lucas até a reunião, mas minha mente insistia em voltar para Breno.
— Conseguiram remover a runa da testa dele. — Erick finalmente falou, interrompendo meus pensamentos.
Aquelas palavras fizeram meu coração vacilar por um instante. Breno. Meu afilhado. Só de pensar nele com aquela runa, perdido e indefeso, algo dentro de mim se revolvia. Sempre prometi protegê-lo, e ainda assim falhei quando ele mais precisou.
— Ele está bem? — perguntei, tentando soar indiferente, mas meus irmãos me conheciam bem demais para se deixarem enganar.
— Está em casa com Lena. Recuperado. — Lucas me lançou um olhar de lado, com a expressão mais suave que eu já tinha visto nele hoje. — Ainda não sabemos quem ou o quê colocou a runa, escutei algumas das pessoas que tiraram a runa falar que podia ser algum tipo de aviso, mas ele parece bem agora, mas ainda está sendo monitorado, só por precaução.
A sensação de alívio que me atingiu foi breve, mas suficiente para aliviar um pouco da culpa que eu carregava. Breno sempre foi mais do que apenas meu afilhado. Eu o via como parte da família, alguém por quem eu atravessaria qualquer tempestade.
— A remoção foi complicada — Erick continuou. — O grupo especializado conseguiu, mas não conseguimos nenhuma pista clara. Ele não lembra de nada que ajude.
Fechei as mãos em punhos, os dedos formigando com a necessidade de fazer alguma coisa. Breno não era alguém que se envolvia em mistérios como esse sozinho. Alguém o usou — e eu descobriria quem.
— Assim que esta reunião acabar, eu vou vê-lo. — A decisão já estava tomada. Eu precisava vê-lo com meus próprios olhos e ter certeza de que ele estava bem.
Erick e Lucas trocaram olhares rápidos, mas não disseram nada. Eles sabiam o quanto Breno significava para mim.
— Não vamos nos atrasar para a reunião. — Lucas me lembrou, enquanto nos aproximávamos das portas que levavam à sala de reuniões que ficava na mansão.
Antes de atravessar a entrada, meu olhar se desviou para o corredor da biblioteca. Alina estava lá. Eu a havia deixado algumas horas antes, sentada entre pilhas de livros antigos, procurando algo que eu não conseguia entender. Desde que Breno foi marcado, ela parecia mais inquieta, como se estivesse tentando montar um quebra-cabeça invisível. Mas, por mais que eu tentasse descobrir o que a perturbava, ela não deixava nada claro.
Alina sempre foi assim: fechada e difícil de ler, pelo menos desde quando eu a conheço - o que não é muito tempo. E, se eu fosse sincera, nossa falta de intimidade ainda era uma barreira. Por mais que uma ligação estivesse presente entre nós, eu ainda não sabia como chegar até ela. E, no fundo, eu me perguntava se ela queria que eu tentasse.
Sacudi a cabeça e segui meus irmãos para dentro da sala. As preocupações sobre Alina e Breno teriam que esperar. Agora, havia outras batalhas a enfrentar.
A sala estava lotada com os doze líderes dos clãs, cada um ocupando seu lugar ao redor da mesa de pedra. O ar era denso de expectativas e desconfiança. Na cabeceira da mesa, meu pai, Hayden Draven, observava tudo em silêncio, seus olhos atentos a cada movimento.
Quando ele chegou na corte?
— Pronta para mais uma rodada de politicagem? — Erick sussurrou ao meu lado, com um sorriso irônico.
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Luas De Sangue E Prata: A Guerra Das Sombras.
FantasyAlina, uma jovem comum vivendo discretamente em uma alcateia, vê seu destino entrelaçado Hera, uma das filhas do líder supremo dos vampiros. Em um mundo dilacerado por guerras entre vampiros, lobisomens e humanos, uma ameaça antiga e desconhecida es...