Capítulo 13

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Perspectiva de Aliana:
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A biblioteca estava envolta em um silêncio inquietante. Eu me recostei na poltrona da biblioteca, os livros abertos à minha volta, mas as palavras dançavam nas páginas sem fazer sentido. A mente estava a mil, mergulhada em lembranças que eu tentava ignorar. Os sussurros que ecoavam na mansão pareciam se intensificar, como se as paredes estivessem sussurrando segredos que eu não estava pronta para ouvir.

Ainda assim, havia uma lembrança que se destacava: o sonho que eu tinha repetido nos últimos meses. Eu via uma garotinha de cabelos ruivos escuros, sempre ocultando o rosto. A runa na testa de Breno, que eu havia visto tão recentemente, tinha surgido naquele sonho. A sensação de desconforto me acompanhava, como se algo estivesse prestes a se revelar, mas eu não sabia o quê.

Naquele momento, Hera entrou na biblioteca. O ar pareceu mudar, e uma parte de mim se acalmou ao vê-la. A conexão que estávamos começando a desenvolver me oferecia um abrigo contra a tempestade interna que se agigantava.

— Alina. — Ela me chamou, sua voz carregada de uma seriedade que imediatamente capturou minha atenção. — Precisamos conversar.

— Sobre o que está acontecendo? — Eu já sabia que algo importante tinha ocorrido, mas não tinha detalhes.

Ela hesitou, seu olhar se desviando por um breve momento, como se estivesse pesando suas palavras. A intimidade entre nós ainda era frágil, mas havia um entendimento silencioso em seu olhar, algo que me incentivava a ser honesta.

— Eu quero saber se você está bem. — Hera disse, aproximando-se e se sentando na poltrona ao meu lado. — As coisas parecem intensas por aqui.

Senti um nó na garganta. Era uma oportunidade perfeita para falar sobre o sonho, mas a pressão na minha mente me fazia hesitar. Eu queria dividir isso com ela, mas o medo de como ela reagiria me paralisava.

— Eu… — comecei, mas as palavras pareceram falhar. Finalmente, tomei coragem. — Eu tive um sonho, Hera.

Os olhos dela se iluminaram, e eu percebi que minha confissão tinha capturado completamente sua atenção. A expressão dela era uma mistura de curiosidade e preocupação.

— O que você viu? — perguntou, sua voz suave, mas firme.

Respirei fundo, lembrando do rosto oculto da garotinha e da voz que ecoava na minha mente.

— Eu estava em um corpo que não era o meu, vendo através dos olhos de outra pessoa. Havia uma garotinha com um livro que tinha a mesma runa que estava na testa de Breno. Eu sempre tentava ver seu rosto, mas uma voz dizia: "ainda não está na hora, ela ainda não está preparada".

O silêncio se instalou entre nós. O coração de Hera começou a bater mais rápido, e eu senti como se fosse o meu próprio coração, pulsando em sintonia com a intensidade da situação. Era estranho e maravilhoso, essa nova proximidade.

— O que você acha que isso significa? — Hera finalmente quebrou o silêncio, a expressão dela se endurecendo.

— Eu não sei. Eu só… tudo parece tão conectado. A runa na testa de Breno e a garotinha no meu sonho… é como se houvesse uma linha entre nós que eu não consigo entender.

Hera se inclinou para frente, seu olhar fixo nos meus, e eu podia ver a determinação refletida neles.

— Precisamos falar sobre o que aconteceu na reunião. O profeta revelou algo importante.

— O que ele disse? — perguntei, curiosa e apreensiva.

— Ele te mencionou na reunião, falou sobre uma segunda parte da visão que ele teve sobre os Blackwood, ele falou que tudo isso não foi um aviso para o clã Blackwood, mas sim para você. Ele disse que Breno foi apenas um mensageiro, uma forma de aviso. O seu sonho só comprova a teoria...

Luas De Sangue E Prata: A Guerra Das Sombras.Onde histórias criam vida. Descubra agora