Perspectiva de Alina:
O som abafado da festa no andar de baixo parecia distante enquanto Hera me arrastava pelo braço pelo corredor do segundo andar da mansão. Seus passos eram rápidos, e a pressão firme da mão dela no meu pulso deixava claro que ela não tinha intenção de me dar escolha. Cada movimento dela transbordava autoridade, e, por um momento, algo próximo ao medo passou pela minha mente – não pelo que ela faria, mas pelo que eu deixaria ela fazer.
Ela parou na frente de uma porta qualquer, girando a maçaneta com um estalo seco. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Hera me empurrou para dentro do quarto, fechando a porta com força atrás de nós e trancando-a em seguida.
— O que você pensa que está fazendo? — perguntei, com a voz mais firme do que eu realmente me sentia.
Hera não respondeu. Seus olhos escurecidos me encaravam como se eu fosse algo que ela queria devorar, e a intensidade do olhar fez meu coração disparar no peito. Ela deu um passo em minha direção, e o ar entre nós pareceu vibrar. Meu corpo inteiro reagia à proximidade dela, uma corrente elétrica percorrendo minha pele.
Eu sabia que ela sentia o mesmo. A marca do destino que compartilhávamos pulsava como um tambor dentro de mim, me empurrando na direção dela. O instinto era poderoso, quase impossível de ignorar.
Ela parou a centímetros de mim, e eu prendi a respiração. O calor que irradiava do corpo dela era insuportavelmente tentador, e cada parte de mim gritava para acabar com a distância entre nós. Eu queria beijá-la. Ela queria me beijar. Era óbvio.
— Hera, espera — consegui dizer, com a voz rouca, erguendo uma mão entre nós para impedir que ela se aproximasse mais.
Ela respirou fundo, e pude ver o esforço que fazia para se conter.
— Se eu fosse só um pouco menos racional, Alina... — murmurou, esfregando a nuca com frustração. — Tá bom. Vamos conversar. Mas não pense que você vai escapar disso depois.
— Eu nem sei se quero escapar — confessei, soltando o ar com um suspiro exasperado. — Esse é o problema.
O silêncio entre nós era sufocante, a tensão crescendo a cada segundo. Cruzei os braços, tentando manter o controle, mesmo que a proximidade dela fizesse cada pensamento racional escapar da minha mente.
— Eu aceito, Hera. — As palavras saíram antes que eu pudesse hesitar. — Aceito ser sua companheira.
Os olhos dela brilharam com algo que parecia alívio e vitória ao mesmo tempo. Mas eu continuei antes que ela dissesse qualquer coisa:
— Mas eu preciso deixar uma coisa bem clara: não vou aceitar ordens de ninguém, nem suas. Sei muito bem como os vampiros são possessivos com seus companheiros, e isso não vai funcionar comigo.
Ela arqueou uma sobrancelha, um sorriso provocador surgindo nos lábios.
— Então você acha que eu sou possessiva?
— Não acho, tenho certeza — respondi, firme. — E já vou avisando: isso não vai funcionar.
Hera riu baixinho, e a mão dela passou pelo cabelo enquanto seus olhos brilhavam com diversão e uma ponta de desafio.
— Você não está errada. A gente não é exatamente conhecido por ser flexível. — Seu olhar era intenso, cheio de promessas silenciosas. — Mas eu não quero que você se sinta sufocada. Não agora. Por enquanto, vou aceitar seus termos.
— Por enquanto? — perguntei, estreitando os olhos.
— Sim. Depois, com calma, nós vamos conversar sobre os limites que vamos estabelecer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Luas De Sangue E Prata: A Guerra Das Sombras.
FantasyAlina, uma jovem comum vivendo discretamente em uma alcateia, vê seu destino entrelaçado Hera, uma das filhas do líder supremo dos vampiros. Em um mundo dilacerado por guerras entre vampiros, lobisomens e humanos, uma ameaça antiga e desconhecida es...