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O clima estava leve na casa de Carolana naquela noite. As duas jogadoras, Pri Daroit e Carolana, haviam decidido relaxar após um dia intenso de treinos. Carolana, sempre prática e direta, sugeriu que abrissem uma garrafa de vinho. Pri, que adorava o jeito descontraído da amiga, aceitou com entusiasmo.
— Você sempre tem as melhores ideias — Pri comentou, abrindo um sorriso enquanto observava Carolana pegar as taças.
— Depois de um dia como o de hoje, só o vinho salva — Carolana riu, servindo o vinho com cuidado.
As duas se acomodaram no sofá, os copos descansando em suas mãos enquanto conversavam sobre o treino, as competições e o futuro. Mas havia algo diferente naquela noite. Algo pairava no ar, uma tensão sutil, mas constante, que nem o riso fácil delas conseguia esconder. Carolana não conseguia evitar olhar para Pri de uma forma diferente. Anne, sua esposa, sempre estava em sua mente, mas nos últimos tempos, era Priscila quem preenchia seus pensamentos.
Enquanto a conversa fluía, o vinho ia aquecendo os corpos, relaxando as barreiras que normalmente as mantinham firmes. Carolana sentia o peso da situação. Estava com Anne, a holandesa apaixonada que sempre a tratou com carinho, mas não podia negar o que sentia por Pri. A cada risada, a cada toque casual, sua mente girava entre a razão e o desejo.
— Eu estava falando sobre... o que mesmo? — Pri parou, rindo. Ela notou que Carolana estava distraída, o olhar fixo nela de uma forma que a fez corar.
— Desculpa, eu... — Carolana balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. — Só estava pensando.
— Em quê? — Pri perguntou, umedecendo os lábios, já sentindo o calor subir ao rosto.
Carolana hesitou. Era agora ou nunca. Ela não podia continuar ignorando o que sentia, não mais. Com um suspiro, olhou profundamente nos olhos de Priscila.
— Em você — ela disse, a voz rouca, carregada de confusão e desejo. — Eu tento, juro que tento me afastar disso, mas...
O coração de Pri acelerou. Ela sabia o que Carolana estava tentando dizer, mas ouvir as palavras ditas em voz alta fez seu peito apertar. Daroit também sentia algo, mas sempre pensou que aquilo fosse passageiro, uma fantasia impossível. Agora, com Carolana a centímetros de distância, o mundo parecia parar.
— Eu estou com a Anne — Carolana continuou, quase como se estivesse falando mais para si mesma do que para Priscila. — Mas não consigo parar de pensar em você. Toda vez que te vejo, toda vez que estamos juntas... eu sinto isso.
Pri respirou fundo, tentando manter a compostura. Sabia que aquilo era um terreno perigoso, mas as palavras de Carolana a deixaram vulnerável.
— Carol, eu... — Pri começou, mas Carolana interrompeu, colocando a mão suavemente em seu rosto.
— Não precisa dizer nada — Carolana murmurou, os dedos acariciando a pele de Daroit com uma gentileza que a fez fechar os olhos. — Só me diz que você sente o mesmo.
Priscila abriu os olhos lentamente, o olhar cheio de uma mistura de desejo e hesitação. Não havia como negar. Ela queria aquilo tanto quanto Carolana, mas a culpa também pesava em seus ombros. Anne era uma pessoa incrível, e Pri sabia o quanto ela significava para Carolana. Mas naquele momento, com a amiga tão próxima, os sentimentos não pareciam errados. Pareciam inevitáveis.
— Eu sinto — Pri admitiu, a voz baixa, como se tivesse acabado de confessar um segredo guardado há muito tempo.
A resposta de Daroit foi tudo o que Carolana precisava ouvir. Sem pensar, ela se inclinou e beijou a amiga, um beijo cheio de urgência e intensidade. Pri correspondeu de imediato, as mãos se movendo para o pescoço de Carolana enquanto puxava-a para mais perto.
O vinho, o desejo reprimido, e o toque suave entre elas tornaram o momento irresistível. A tensão que pairava no ar finalmente se quebrou. Elas se moveram juntas, os beijos cada vez mais intensos, os corpos cedendo à atração que havia sido ignorada por tanto tempo.
Pri foi a primeira a falar, ofegante enquanto as mãos de Carolana traçavam seu corpo com familiaridade.
— E Anne? — Pri sussurrou, o conflito ainda presente em sua voz, mesmo enquanto seus dedos se enroscavam nos cabelos de Carolana.
Carolana parou por um momento, o olhar cheio de arrependimento e desejo.
— Eu não sei. Só sei que agora eu preciso de você — Carolana respondeu, antes de beijar Pri novamente, calando qualquer resposta.
As horas se arrastaram naquela noite. O vinho e o desejo falaram mais alto, e quando finalmente se afastaram, os corpos entrelaçados na cama, o silêncio foi preenchido pela realidade. Carolana sabia que aquilo não poderia ser ignorado, que teria que enfrentar as consequências de seus sentimentos, tanto com Anne quanto com Priscila. Mas por enquanto, elas estavam ali, juntas, compartilhando um segredo que mudaria tudo.
