ㅡ 25 ㅡ

9 0 0
                                    

1 ano antes 

Cheguei exausta e satisfeita em casa ao amanhecer. Aleena elogiou abertamente o meu trabalho, fazendo algumas pequenas correções. Bebemos um drink com as demais meninas para celebrar minha iniciação oficial como bartender do El Dorado. 

Juntei minhas forças apenas para tomar um banho e dormir. Assim se seguiu nas três semanas seguintes nas vezes em que eu precisava cumprir as escalas. Trabalhava, tirava um tempinho para dançar uma ou duas músicas com Kai, e voltava ao serviço. Pelo menos em noites comuns a gente encerrava 1h da manhã. Seja em dia de trabalho ou apenas diversão, ele não usava a cor da disponibilidade em nenhum momento. 

Falando em cor da disponibilidade: 

- Atenção, meninas! - Amanda chegou na semana seguinte ao aniversário do El Dorado fazendo um anúncio enquanto preparávamos tudo. - Por questões de zelo a vocês o vestido agora será laranja, assim não podem ser confundidas com pessoas disponíveis. 

Todas nós comemoramos a mudança. Me perguntei se isso tinha dedo do Jongin também. 

- Semana que vem vocês receberão o uniforme novo. Conversamos com o casal da cor e eles aceitaram mudar. Eeeee - ela pegou vários envelopes e começou a distribuir - um extra antecipado pelo ótimo serviço de vocês no aniversário. Aproveitem. 

Nós batemos palmas em agradecimento. Quis abraçá-la ali mesmo, mas eu sabia distinguir os ambientes devidos. Usei o dinheiro para ajudar Kai com as contas, mesmo que ele relutasse muito para aceitar. O novo uniforme era idêntico ao anterior, mas a mudança de cor foi bem vinda a todas nós. Era de um laranja nada chamativo e combinou perfeitamente comigo. 

Nesse meio tempo, consegui emitir não somente minha certidão nova, mas também minha identidade. Tinha saído um pouco esquisita e levemente descabelada na foto, mas já é uma raridade sair bonita em fotos de documento, ainda mais que faziam anos que eu não era de tirar foto. Yoon Eve. Não poderia deixar esse documento à mostra. Meu segredo não teve nenhum sinal de revelação. Em compensação, o de Kai também continuava guardado. 

Mesmo com isso, conseguíamos conviver bem. Éramos amigos e isso bastava. Tinhamos as nossas barreiras e mentiras, mas isso não nos impedia de aproveitar cada momento. Claro, tinham momentos que o famoso "algo a mais" se mostrava presente, seja através de olhares intensos, ou por meio do anseio por um beijo como o do Cristo Rey. Era o nosso grande elefante branco que tentávamos ignorar. 

Bem, eu tentava ignorar um monte de coisas. Uma delas principalmente era a conversa dele com Amanda. "Eu acho que a amo". Ele se referia a mim? Era o que o contexto parecia indicar. Mas não fazia sentido, fazia? Foram apenas 2 meses. Jane Austen, em Razão e Sensibilidade, diz que "sete anos seriam insuficientes para algumas pessoas se conhecerem, e sete dias são mais do que suficientes para outras". Nunca pensei que fosse acontecer de tal maneira. 

Mas lá estávamos nós, numa tarde no segundo dia de setembro, aproveitando mais um momento juntos. Decidimos ir a uma cafeteria no centro de Cali. Fiquei feliz em ter a chance de pagar com o meu primeiro salário e foi isso que comemoramos. 

- Um brinde - ele ergueu a xícara de cappuccino. Imitei o movimento. - Por seu emprego formal e pelo café na sua conta. O primeiro de muitos. 

Percebi que ele segurou a risada até conseguir beber o primeiro gole. Paralisei, me fingindo indignada. 

- Mas olha só, já está abusado. Vou pensar bem antes de bancar os próximos passeios. Não quero te acostumar mal. 

Sua feição divertida se transformou em uma cara de pobre coitado. 

- Eu vou me comportar, juro! Sem exageros. 

- Hm... vou pensar no seu caso. 

Não aguentamos a risada. Assim que estava sendo nossa vida e eu não a trocaria por nada. Eu não me perguntava mais por quanto tempo aquilo ia durar. Mas eu deveria. Foi naquela tarde, com as defesas baixas, que tudo mudou. Bastou apenas uma ligação para isso.  

Dance with me - KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora