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Segui sem rumo entre as ruas de Cali. Eu não tinha ninguém. O casebre se foi, tinha saído da casa de Jongin e não sei se as portas do El Dorado ainda estariam abertas para mim. Amanda e Chanyeol já devem ter descoberto minha mentira, ou então eu precisaria contar caso queiram saber o motivo da minha saída. Não conseguiria encará-los. 

Reconheci onde estava. Foi o local que ele me salvou pela segunda vez usando um beijo. Mesmo depois de meses, eu ainda podia sentir aquele beijo, assim como o que aconteceu no monumento. Eu ainda podia sentir seus abraços mais antigos e o seu toque mais recente. Era uma falsa sensação de tranquilidade. Eu sabia o quão prejudicial cada lembrança poderia ser. 

Distraída com os pensamentos, não percebi um grupo de homens que estava por perto. Até então, não apresentavam risco, porém estava pronta para correr se necessário. Não muito distante, ouvi um deles comentar com o grupo: 

- Aí, não foi aquela garota que te esfaqueou na perna?

Droga. Droga, droga, droga. Hijos del Acero. De novo. 

Continuei andando, sabendo que se eu corresse seria ainda mais suspeito. Senti os olhares sobre mim. Por favor, que não me reconheçam. Por favor... 

- Acho que é ela mesmo. Ei, você! 

Agora é pernas pra que te quero, amada. 

Sabia que se eu me virasse, iam ter a certeza. Apelei logo para a correria. Depois de alguns metros de distância, ouvi o som das motos sendo ligadas. Não tinha chance nenhuma contra elas, ainda mais carregando peso. Virei numa viela onde eu sabia que eles não conseguiriam passar de moto, desembocando em uma outra rua. Esperei eles passarem e corri o caminho contrário. Não deu tão certo. Um deles me viu pelo retrovisor alguns metros depois. 

Olhei para frente a tempo de evitar a colisão com uma moto verde que fechou meu caminho. O susto me manteve tempo o suficiente no lugar a ponto de ouvir uma voz que saiu de dentro do capacete enquanto estendia outro para mim: 

- Sobe aí. 

O som me era familiar, mas apenas quando me deparei com as íris verde e mel que eu tive certeza quem era. Coloquei o capacete apressadamente, ajeitando a bolsa entre mim e Amanda após subir na moto. Segurei firme na estrutura no final do banco assim que ela acelerou. 

Queria falar para ela despistá-los antes de partir para onde quer que ela me levasse, mas não consegui emitir nenhum tipo de som. Por sorte, ela pensou nisso antes, garantindo que eles não estavam nos seguindo antes de prosseguir viagem. Por mais que a brisa fosse reconfortante, não era forte o suficiente a ponto de levar todos os meus problemas para longe. Nem mesmo as lágrimas eram arrastadas, já que estavam bem protegidas pelo capacete. 

Apenas quando descemos em frente ao El Dorado que eu percebi que ela estava com um vestido de salsa. Era noite de atividade, como ela me encontrou?, me questionei. Não abri a dúvida naquele momento, mas segui a jovem até a entrada dos fundos do local em silêncio. Ela também não fez nenhuma pergunta. Permanecemos assim durante os corredores, as escadas, até chegarmos ao terceiro andar, que descobri ser um apartamento. Provavelmente onde Chanyeol e Amanda moravam. 

Ela me instalou em um quarto de tamanho médio, com paredes verde escuro, móveis de madeira e uma cama de casal com lençóis brancos. Era um lugar confortável e aconchegante. O problema era que nada era capaz de me dar paz naquele momento. 

- Por favor, não saia daqui. Vou precisar estar lá embaixo, mas caso você esteja bem quando eu voltar podemos conversar, tudo bem? 

Concordei com a cabeça. Eu deveria estar péssima para ela saber que estou com problemas sem eu nem dizer nada. Amanda se limitou a me abraçar rapidamente antes de irromper porta afora, me dando uma privacidade não tão bem vinda assim. 

Dance with me - KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora