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O homem diante de mim se tornou uma estátua, e o único indício de que ele estava vivo eram seus olhos tão cintilantes como se fogos de artifício estivessem se acumulando em suas íris.

- Mesmo? V-Você aceita? De verdade?

Confesso que achei estranho aquela empolgação toda. Tipo, ele tinha acabado de me conhecer!

- Isso não quer dizer que eu confie em você totalmente, porque eu não confio - Falei a verdade, mas nem isso apagou o brilho que havia nele. - Faço isso porque é a minha melhor chance, somente.

- Certo... tudo bem.

O pequeno sorriso ainda despontava em seu rosto, como quem ainda não acreditava em alguma dádiva recebida. Me senti levemente desconfortável: demonstrações de afeto não eram meu forte, pelo menos não os de Nita, e essa era a pessoa que eu seria para ele: Anita Gonzáles.

- Eu conheço um lugar que pode te dar um emprego. São pessoas legais e donos de um bar onde a salsa reina. Acho que vai gostar. Além do mais... faz quanto tempo que você não se diverte?

Muito tempo.

- Esse não é o ponto. Eu preciso do emprego e esse é o meu objetivo. Qualquer coisa que saia disso não é bem vinda no momento.

Ele revirou os olhos como um adolescente entediado.

- Acho que vai mudar de ideia assim que chegar lá. Já que isso é tão importante para você, podemos ir esta noite.

Estava feliz que as coisas estavam progredindo rapidamente. De "moradora de rua quase morta" eu havia avançado para "abrigada com perspectiva de futuro". Mas...

- Certo, mas eu...

- Roupa? - Ele disse, como se a minha dúvida estivesse estampada na minha cara (coisa que não duvido). - Não se preocupe, eu cuido disso.

- Não precisa ser nada extravagante, pode ser alguma coisa barata de brechó. Assim que eu conseguir, te dou o dinheiro.

A resposta que eu obtive diante da naturalidade da minha fala foi: olhos arregalados, face incrédula e uma sombra de completo choque e horror. Era como se eu tivesse matado alguém na frente dele.

- Que foi? - perguntei, levemente assustada com sua reação.

- Nada... - Ele voltou ao estado natural, embora ainda pudesse ver leves indícios do seu pavor em seus olhos. Sua fala claramente era uma mentira. Ele se levantou, e antes de atingir a porta olhou para trás, para mim, com uma pergunta formada nos lábios a qual ele não chegou a pronunciar. Apenas me olhou de cima a baixo, e disse: - Volto logo.

Depois que a porta bateu, fiquei parada na cadeira, estática, sem saber o que falar ou fazer.

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O "meu" quarto, pude perceber, dava uma boa vista para a rua, e foi a janela que me deixou entretida por tanto tempo.

Quando eu era mais nova tinha um hobby secreto: me questionar sobre as pessoas que passeavam por aí. Me perguntava de onde vinham, para onde iam, o que estavam pensando, se estavam felizes ou alegres. Me atentava aos detalhes, gerando um jogo de percepção que me foi muito útil depois quando assumi minha identidade como Nita. Chegava a ser cômico o fato de que o maior símbolo da minha vida pós-tragédia era, na verdade, uma das melhores lembranças como Eve.

Não percebi que eu estava entretida demais até que, às 16h, Jongin retornou, marcando sua presença com 3 batidas ritmadas na minha porta. Autorizei sua entrada e, com uma única sacola e uma caixa, ele se apresentou a mim.

- Já estava ficando com medo de que tivesse comprado uma loja inteira - brinquei, e ele pareceu surpreso pelo meu senso de humor.

- Na verdade, cheguei perto, mas tudo o que você precisa agora está aqui.

Dei uma risada fraca e deixei ambos na cama para que, assim que eu voltasse do banheiro, usasse o que estivesse nela. Pela aparência da embalagem, ele não tinha seguido meu conselho. Nem estava surpresa, considerando o espanto que ele demonstrou quando sugeri a ideia.

Minutos depois eu estava de volta ao cômodo envolta em uma toalha, com o total cuidado para que Jongin não me visse passar. Não tinha como negar minha curiosidade, então voei direto para os pacotes, atacando primeiramente a sacola branca com detalhes dourados. Era um vestido, mas não um simples.

Um vestido de salsa.

Reconheci porque era bem semelhante ao meu, e, surpreendentemente, coube com perfeição, encaixando-se ao meu corpo na parte de cima, onde pedrinhas prateadas decoravam o tecido azul escuro, como se fosse uma constelação concentrada um pouco abaixo do meu quadril que ia se dispersando até os seios. Na parte de baixo, várias fitas azuis cintilantes compunham a saia, tão numerosas que não eram capaz de expor alguma parte que me deixasse desconfortável.

No fundo da sacola estava um estojo completo de maquiagem, que usei com cuidado para não parecer demais. Não queria ser tão chamativa na minha primeira noite no meu possível primeiro emprego. Por fim, a caixa verde revelava um par de saltos pretos que também eram do número perfeito, o que continuava a me surpreender. Como que ele sabia exatamente as minhas medidas?

Me olhei no espelho, ajeitando o cabelo (tão escuro e liso quando o do meu pai) e me senti sensacional. A última vez que me senti assim foi da primeira vez que me arrumei para a apresentação no centro, mas eu estava ainda melhor. Mas... senti falta de algo.

Revirei minhas calças de moletom em busca do que me faltava, e vi o cordão deslizar para o chão, onde eu o peguei e o coloquei em meu pescoço novamente. Era dourado, diferente do prateado que predominava na roupa, mas ainda assim ficou perfeito para mim. Não poderia ter ocasião melhor para usar.

Respirei fundo, tendo a certeza de que eu não iria pisar em falso no primeiro passo, e me coloquei para fora do quarto. Na sala, as gotas de água do cabelo de Jongin desciam pelo seu pescoço e algumas delas se uniam onde a sua blusa de seda, da mesma cor que meu vestido, oferecia uma vista do seu peitoral devido a alguns botões abertos Uma calça preta justa e sapatos sociais completavam a vestimenta. Tirando os olhos das mangas longas que ele dobrava, concentrou-se em mim com um olhar tão profundo quanto da primeira vez que nos vimos, mas, dessa vez, com algum outro significado que eu não era capaz (ou não gostaria) de compreender.

- Ficou bom? Para o lugar que nós vamos?

Assentiu de maneira quase microscópica, e sussurrou uma frase em coreano, mas não tão baixo que eu não fosse capaz de ouvir. Franzi a testa, fingindo que não havia entendido, e ele limpou a garganta, como se, com aquele ato, ele se recuperasse do estado quase hipnótico em que se encontrava.

- Vamos.

Acompanhei-o porta afora. Ao sussurrar a frase, Jongin não contava que eu fosse capaz de entender, já que espanhol não era a minha língua materna e, mesmo com a nossa vinda para cá, eu continuei a aprender coreano, então eu sabia perfeitamente o que ele havia dito:

Você é linda.

bOM DIA KKKKKKK (ou boa tarde, se bobear boa noite)

Parece que menino Kai é o famoso "homem emocionado", mas tá certo, tem que elogiar a mina mesmo.

....ou não.....

Enfim, tô doida pra ouvir vcs (como sempre), então se solta nos comentários!!! Prometo ler e responder todos.

Beijos e até a próxima att ♡

Dance with me - KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora