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1 ano e 1 mês antes

Estava no quarto, olhando para o teto enquanto me sentia um pouco perdida e completamente entediada, assim como a minha vida tem sido nos últimos onze dias, que foram tão demorados quanto um mês inteiro.

O final de julho e o início do novo mês foram marcados por: acordar, comer, procurar emprego e voltar para casa sem ânimo algum devido às respostas negativas. Cada estabelecimento tinha suas vagas completas. Também não sabia como eles me contratariam se eu sequer tinha documentação, mas resolveria isso depois. De preferência, escondido, sem risco de que ele saiba minha identidade verdadeira até eu me sentir pronta para revelar.

Ele. Kim Jongin. O que eu me esforçava para conseguir um emprego, ele fazia o dobro pelo seu. O jovem aparentava ser um pouco mais velho e ainda mais cansado, pegando caso atrás de caso, saindo cedo e voltando cedo também, mas ficando até tarde sentado com os papéis.

Inclusive, naquele dia não era diferente.

Por debaixo da porta pude ver que o abajur, o qual oferecia uma luz precária, ainda estava aceso. Não sabia bem que horas eram, mas já era tarde, e eu não ouvia mais som algum do outro lado. Quando eu abri a porta, minhas suposições estavam corretas.

Jongin cochilava sobre os papéis, mas mesmo em repouso seu corpo parecia cansado, como se não pudesse se livrar do peso. Os óculos se entortavam onde seu rosto encontrava a mesa, e uma caneca de café (que estava bem cheia, de acordo com a marca da bebida na porcelana) estava perto de sua mão. Me aproximei para acordá-lo e convencê-lo a ir para a cama, mas algo me chamou a atenção antes.

A maioria dos papéis se tratavam dos casos os quais ele trabalhava, mas não todos. Escondidas debaixo deles, estavam contas. Cartão, luz, água... tudo ali, e tudo caro. Os valores me faziam perder o fôlego, e eu entendi o motivo de todo aquele trabalho: ele estava lutando para sustentar nós dois. A troco de nada...

Quase um mês dentro daquela casa e tudo o que ele me pedia em troca era sua confiança, e isso estava custando tudo a ele. Eu estava custando tudo a ele. Não era simplesmente por querer. Devia ter um motivo por trás. Não era possível que ele estivesse disposto a se sacrificar tanto por mim, não é? Mas estou falando do rapaz que joga bola com crianças de comunidade, que salva uma garota desconhecida de assassinos 2x e ainda a ajuda a se reerguer. Que se dispõe a pagar multas pelo simples fato de ela precisar ir ao banheiro. Claro que a integridade do seu carro teve uma participação nisso, mas mesmo depois ele se empenhou em me ajudar.

Kim Jongin era bom, e não havia provas do contrário. Nunca teve.

Coloquei minha mão em seu ombro com delicadeza o bastante para não assustá-lo, mas o suficiente para fazer com que ele abrisse os olhos. Pelo visor do computador, vi que eram quase 3 da manhã.

- Ei - sussurrei, esperando ele despertar (quase) por completo para retomar minha voz no volume normal. - Tá tarde. Melhor ir para a cama.

- Eu só preciso terminar uma coisa...

A sua voz estava arrastada e extremamente rouca, típico do cansaço extremo. Quis colocá-lo contra a parede, perguntar o porquê de tudo isso por uma garota que mentiu até sobre seu nome, sobre uma completa desconhecida mesmo com esse tempo de convivência, mas não o fiz. Eu tinha meus segredos, e, da mesma forma, ele tinha direito de manter os dele.

Assim como eu manteria em segredo minha "mais do que" decisão de ajudá-lo.

- Melhor deixar para amanhã. Tá tarde e você tá cansado.

Não adiantava. Mesmo com o rosto acabado pela exaustão, era capaz de ver um pouco de determinação (e até mesmo urgência) desde suas íris até suas pupilas um pouco dilatadas.

Dance with me - KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora