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Toda a viagem de volta para casa foi marcada por um absoluto silêncio. Eu me encontrava num estado pré-explosivo, ameaçando gritar, quebrar algo a qualquer segundo. Jongin parecia respeitar o momento de forma calculada, como quem é experiente em campo minado. Até mesmo a sua respiração era imperceptível.

A condição se estendeu até a chegada ao prédio, onde, sem dizer uma só palavra, Kai se colocou ajoelhado e de costas diante da porta aberta do carro. Me ajeitei para que ele pudesse me carregar, e assim foi até o apartamento. Lá, ele me repousou delicadamente no sofá e partiu para a cozinha. Ouvi som de fogo, água, papel e porcelana atingida por aço. Segundos depois, um chá de camomila e maracujá estava pronto diante de mim, perfeitamente adoçado.

Não fui capaz nem de emitir um "gracias".

Após alguns goles, senti um braço rodeando meus ombros como um abraço de lado. Minha cabeça encontrou repouso em seu ombro. Depois disso, o primeiro som que ouvimos foi do meu soluço, causado pelas lágrimas que mal senti derramar. Há quanto tempo elas estavam ali? Desde o morro? Elas não pararam?

A caneca foi tomada delicadamente da minha mão e o abraço se tornou mais forte. Sua mão afagou meus cabelos. Eu só queria saber quando esse sentimento ia terminar.

- Eu tô aqui. - Sua voz era suave, quase como um suspiro. Suave demais em comparação ao som gutural que eu fazia. - Eu vou descobrir o que aconteceu com eles. Confie em mim.

Apenas assenti com a cabeça, tentando recuperar o ritmo da respiração. Não que meu nariz meio escorrendo e meio entupido tenha me ajudado muito. Ele saiu brevemente de perto de mim apenas para pegar um pacote de lenços secos e uma pequena lixeira que devia ficar no quarto dele, considerando que não a havia visto em nenhum outro lugar da casa. Ainda não conseguia mover meus lábios para agradecer e estava mais concentrada em me limpar e esperar o calor do meu rosto desaparecer. 

- Gracias - murmurei com o restinho de forças que eu ainda tinha, mas ainda sem coragem para encará-lo. Eu devia estar deplorável. 

- Tudo bem. Foi um baque, eu entendo... Só não sei exatamente como agir em situações como essa. - Sua risada foi fraca, mas me motivou a dar um pequeno sorrisinho. Sua confissão sincera também foi um conforto. - Então preciso que me diga o que deseja fazer agora, ou o que posso fazer por você. 

Me senti um pouco mais segura com as minhas cordas vocais, embora tivesse a certeza de que a minha voz ainda ficaria um pouco rouca. Bem, dito e feito. 

- Você... - Limpei a garganta antes de continuar. - Você ter dito que veria o que aconteceu já me ajudou muito, mas acho que um gelo seria bom. 

- Gelo? - Ele olhou para mim confuso, mas o entendimento recaiu sobre sua face quando indiquei o tornozelo ferido (mas não tão dolorido assim) com os olhos. - Aaaaaaaah sim! Gelo! É pra já, senhorita. 

Dei uma risadinha com o aparente constrangimento em sua voz. Não poderia culpá-lo. Eu mesma quase havia esquecido por alguns segundos. Não demorou muito para que ele viesse com uma compressa de gelo improvisada, feita de cubinhos e um pano de prato. Agradeci mais uma vez enquanto ele me olhava esperançoso para a próxima missão. 

- Eu estou bem, vai descansar.

- Eu estou descansando, mas quero garantir que você descanse também. 

- Ah não, sai do meu pé, me dá uma folga. 

Ele riu, mas não fez menção de se mover. Ele estava estático, os olhos fixos em mim, em uma espécie de hipnose. Tentei ignorar por alguns segundos, mas depois não consegui suportar. 

- O que você tá olhando, hein?

Com um balançar curto de cabeça, ele pareceu despertar do seu transe e deu outra risadinha, dessa vez envergonhada. 

- Desculpa, devo ter me distraído. Realmente não tem mais nada que eu possa fazer? Meeeeesmo?

- Só colocar isso na cozinha - entreguei o pano de prato que estava começando a encharcar com o gelo derretido - e ir descansar. Pronto, já te dei duas tarefas. 

Prontamente, Jongin deixou o pano estirado sobre um pequeno varal, mas fez menção de voltar para o sofá. Apontei para o quarto e Kai curvou os ombros, imitando um choramingo enquanto ia para o cômodo, mas ouvi sua última risada antes de fechar a porta. 

Com o silêncio e a solidão, os sentimentos voltaram a se identificar, principalmente o choque de que o projeto de invulnerabilidade havia sido um fracasso. Há coisas que realmente não podiam ser mudadas. Era bom saber que uma sequência de tragédias não havia apagado aquilo que eu era, que eu ainda era fruto de um bom lar, de uma família amorosa, que ainda me importava com as pessoas como meus pais. Mas será que eu realmente estava segura? Eu tinha o apoio e a proteção de Kai, claro, mas eu também achei que estava segura nos meus pais, ou com Yixing... O quanto a minha guarda ainda poderia ser aberta? 

Quanto tempo vai levar para as coisas desmoronarem novamente sob meus pés? 

Tentei fugir desses questionamentos intermináveis enquanto me deitava no sofá, tomando cuidado para não despertar nenhum novo sinal de dor no tornolezo ferido. Repousei a cabeça em uma das almofadas e abracei forte a outra, como quem tenta segurar, com toda a força, o resto de estabilidade que ainda tinha. 

E não era exatamente isso que eu tentava fazer?

OOOOOOIIII PESSOAAAAAAAAL (fingindo que não estou sumida por sla quanto tempo) 

E aí? Como que vocês estão? Vou nem falar "vou aparecer mais por aqui" pq minha vida sempre entra em uma loucura diferente. 

Inclusive, encerrei uma dessas loucuras recentemente: CONCLUÍ A FACULDADE DE JORNALISMO E AINDA TIREI 10 NO TCC! AEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE 

Enfim, espero que geral esteja bem e que estejam gostando da história, ainda que ela esteja andando a passinhos de tartaruga. Até a próxima, galeris! 

Dance with me - KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora