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O Unicentro de Cali era um dos melhores shoppings da cidade, e de longe um dos mais belos. Mesmo querendo fugir do trabalho, Jongin quis terminar alguns documentos, então saímos na metade da tarde, quando o sol ainda iluminava o interior do shopping. As plantas ao redor tornavam o lugar com um aspecto ainda mais natural. Ainda que fosse verão, um vento frio passou por mim, e obviamente, o vestido azul claro de tecido fino não pôde me proteger. Pelo menos não aconteceu um momento Marilyn Monroe.

- E então? Alguma preferência?

Olhei ao redor, como se isso fosse me dar uma visão detalhada das lojas (que estavam bem acima de mim).

- Nenhuma. Pode escolher.

Ele, que já estava mudando o foco do seu olhar, virou a cabeça novamente para mim até rápido demais, como se algo tivesse chamado bruscamente sua atenção.

- Ah não. No no no no no. 

Fiquei confusa diante da sua constante negação, e ainda mais quando ele ficou diante de mim com suas mãos em meus ombros.

- Sem essa de desanimo, señorita. Você e eu vamos nos divertir hoje.

- Eu só...

Estou com as costas doendo de carregar tantas mentiras? Estou com medo de estar ficando apaixonada quando eu sei que não deveria?

Espera...quê?

- Só desaprendeu como é viver de verdade.

E então ele sorriu, do exato jeito que uma criança faz antes de colocar me prática sua grande travessura. Começou de maneira simples, pegando minha bolsa pequena e atravessando a alça comprida em seu peito. Depois, partiu para a grande façanha: abaixando-se numa velocidade maior que eu poderia captar, colocou-me sobre seu ombro esquerdo. Para a minha total sorte, o vestido ia até a altura dos meus joelhos, então a parte de trás não estava comprometida.

Mas isso não me impedia de ficar vermelha de vergonha.

Nem um pouco.

- Kim Jongin, o que pensa que está fazendo? - Sim, quis gritar, mas não o fiz (pelo menos não tão alto) porque a última coisa que eu precisava naquele momento era de um escândalo que atraísse atenção.

- Levando você para se divertir. Vamos!

E aí... ele correu.

Tudo o que pude ver eram a sombra de pessoas que passavam por nós, e a maioria delas parecia atraída pela cena. Passei os 30 segundos morrendo de raiva, 15 me acalmando e o restante... quase me divertindo. Ainda havia uma parte de mim preocupada se as pessoas olhavam especificamente para uma parte do meu corpo, e não para o que acontecia. Tentei ao máximo não gritar, mas nem sempre isso era possível.

Perto do elevador, ele me colocou no chão, mas me apoiei nele brevemente até recuperar a firmeza das pernas, que refletiam o susto do primeiro momento. Seus olhos tentavam ver meu rosto, que estava abaixado.

- Nita?

A porta do elevador se abriu e entrei de imediato, ficando no fundo da caixa que possibilitava uma visão ampla do shopping. Jongin ficou diante de mim, virado de costas, talvez me compensando com um pouco de privacidade. Algumas pessoas que estavam ali dentro presenciaram a cena anterior, então nos olhavam de relance para ver qual seria a próxima traquinagem. Só tinha esse nível de atenção ao dançar nas ruas; fora isso, eu era invisível e isso já era comum a mim. Estava mais do que acostumada a ser vista apenas como forma de entretenimento para os outros. Era isso ou nada.

Mas eu me divertia com isso. E talvez não precisasse ser tão diferente agora...

Jongin começou a andar, indicando que era o nosso andar, e fui logo atrás, esperando a gente sair completamente do elevador para que eu pudesse revidar o que ele havia feito. Ele parou. Aquela era a minha deixa.

Dance with me - KaiOnde histórias criam vida. Descubra agora