Alex
Mais uma aula chata!
Fico me perguntando por que essa mulher ainda não se aposentou e foi dar uns passeios lá pela Irlanda, um lugar do qual ela não para de falar.
Há quem diga que sou um prodígio por estar nos últimos semestres da faculdade de Direito com apenas 21 anos, mas a verdade é que eu já estou de saco cheio. Não me arrependo de ter escolhido esse curso, mas com certeza de ter selecionado essa matéria com essa professora. Eu escolhi estar aqui por amor a jurisdição, embora não tenha nenhuma influência da minha família para querer ser juiz. Por isso, as vezes me pergunto: o que eu estou fazendo aqui?
Tirando essa professora, eu tenho uma simpatia pelos discentes da universidade, mas definitivamente essa simpatia não se aplica aos alunos da minha turma. Quatro anos de convivência e ainda me sento distante de todos. Não faço o estilo "Nerd", mas por não ser e nem gostar desses filhinhos de papai, que só estão aqui para agradar e ganhar um carro importado no final, eu também não me tornei o "Popular".
— Oi lindinho! — olho para o lado e percebo a única garota, que ainda se atreve a falar comigo durante a aula, sentada quase que na minha cadeira. Eu mereço! — Sabe, você está um gato hoje! — Falou puxando minha camisa. Qual o problema dessa garota. Já dei tantos foras nela que até perdi a conta, porque ela não desiste e parte para outra de uma vez? Odeio meninas do tipo fútil e insistentes, e ela e suas amiguinhas conseguem bater o recorde nos dois.
— Que tal sairmos dessa aula chata e irmos tomar um café? — ela continua. Mas agora ela está definitivamente no meu colo. Será que ela não enxerga que estamos numa sala de aula?
— Estou tentando prestar atenção na aula! — Falo retirando-a do meu colo — E eu já disse, desiste, eu não quero nada com você.
A verdade dói? Sim ela dói e muito. Mas não para a Joana, que levanta como se nada tivesse acontecido dá um beijo no meu rosto e sai andando de volta para o seu lugar. É nessas horas que bate o arrependimento de ter escolhido Direito, daria tudo para estar cursando engenharia civil, como Thiago, mesmo sendo péssimo em exatas, ou até mesmo o curso de moda com a Mary, acho que seria mais fácil de encarar. Esses dois são meus únicos amigos, os melhores que alguém possa ter. E também são a minha única família, já que minha mãe mais trabalha do que vive e o meu pai morreu quando eu tinha 11 anos, num acidente de carro.
Sou tirado dos meus devaneios quando uma loira, dos olhos azuis, com seus 1m60cm, uma roupa elegante, mas provocante entra na sala chamando a atenção da professora que para de falar para cumprimentá-la. Meu Deus! Que gata!
— Seja bem-vinda, Srtª Lucy Miller, pode se sentar — A professora fala apontando um lugar vago ao meu lado, o único da sala. — Pela primeira vez não acho ruim ter companhia.
— Claro, obrigada! — ela falou sorrindo. Que voz maravilhosa, que sorriso lindo. Que isso Alex é só uma garota, e tem cara de ser igual a todas as meninas dessa sala.
O resto da aula foi tranquilo, a menina nem sequer olhou para mim, e isto de alguma forma estava me incomodando. Talvez ela não fosse igual a todas, ela era linda e estava bem concentrada na aula. O que está acontecendo comigo? Mal conheço a menina. Por que ela chamava tanto a minha atenção?
Quando o final da aula chegou, a professora fez uma de suas perguntas que nãovaliam ponto algum e quase nunca eram acertadas. Ela amava ver que ninguém sabia mais que ela. E eu odiava isso nela. Todos olhavam para mim esperando por uma resposta, isso significava que se eu não sabia ninguém mais sabia. Antes que eu pudesse abrir minha boca para responder, a loira ao meu lado começou a falar não só o que foi pedido, mas também alguns complementos mais complexos. O que surpreendeu por ela já ter chegado na metade da aula. Até a professora olhou para ela como se ela fosse um E.T. Se eu era a Wikipédia ambulante, como fui "carinhosamente" apelidado aqui, ela com certeza era o Google. Ela ficou vermelha de tão envergonhada. Cara como ela era linda envergonhada.
A aula acabou e eu decidi que ia falar com ela. Já estava me incomodando a falta de atenção que eu estava recebendo dela, mas quando me virei ela tinha sumido. Peguei minhas coisas e saí da sala em direção à cantina, estava faminto, falaria com ela na próxima aula que pegássemos juntos. Sento numa mesa, a única desocupada, com meu lanche numa bandeja — Amo a comida daqui — E avisto o meu alvo procurando por um lugar para sentar com sua bandeja equilibrada em uma mão e livros na outra.
— Lucy! — Grito e quando ela vira faço um gesto para que ela venha até mim.
— Oi! — Ela fala se aproximando com um olhar estranho — Você está na minha turma, certo? Como é seu nome mesmo? — fala mordendo o lábio inferior. Ai Jesus!
— Oi, Alex Bernoulli! — Falo cumprimentando—a — Quer sentar? Te garanto que não vai achar outra mesa vaga. — Sorrio para ela, que concorda sentando de frente para mim.
— Então você estuda aqui há muito tempo? — Falou quebrando o silêncio constrangedor que se formava.
— Têm uns quatro anos. E você foi transferida de que faculdade? Harvard?
— Não! O que te faz pensar que vim de lá? — Falou numa entonação como se tivesse ofendida e surpresa ao mesmo tempo.
— Bom você é muito inteligente e reponde as perguntas da Emily com uma precisão invejável, até ela ficou surpresa. — Falo e ela cora novamente.
— Só pra te informar eu vim da Brooklyn College, e em minha opinião não é a universidade ou o professor que faz diferença e sim você mesmo.
Nossa!
Quando ia falar algo em resposta olhei no relógio e vi que estava na hora de ir para mais uma aula, então nos levantamos e seguimos o caminho em silêncio. Mais uma vez ela se sentou ao meu lado, mas não deu abertura para conversas. Pelo menos até o professor passar um trabalho que deveria ser entregue no dia seguinte no primeiro período. Quase morremos de desespero, já que se tratava de um trabalho cientifico extenso, mas por algum motivo ele foi gentil colocando em dupla. É claro que eu pedi à novata, que estava mais deslocada do que eu, para ser minha parceira. Afinal era isso ou a Joana, que dava no mesmo que fazer o trabalho sozinho. E é claro que bastava apenas pensar nela para ela surgir do nada e ser inconveniente.
— O que foi aquilo? — Lucy pergunta se referindo ao episódio com Joana, onde não fui nada gentil.
— Ela é meio louca. Com o tempo você se acostuma. — Digo brincando com o lápis que estava em minha mão.
— Ela gosta de você! — Afirma.
— Não. Ela fica no meu pé desde que se transferiu do curso de moda para o de direito. Ela não se dá ao valor, já disse que não quero nada com ela. — Ela fica pensativa e estranha — Falei algo errado?
— O que? A não, não, só estava pensando sobre o trabalho. Sabe, onde faze-lo? Pois acabei mudar e ainda não me instalei direito — ela estava falando de uma forma indireta para fazer na minha casa, mas ela estava sem graça. Deus, ela é perfeita!
— Podemos fazer na minha casa, e podemos começar logo depois da aula. O que você acha?
— Almoçar na sua casa? Acho melhor não. — Disse consertando-se na cadeira.
— O trabalho é extenso, e vamos demorar muito para conseguir terminar, então quanto mais cedo começarmos mais cedo terminaremos. — Falei sorrindo. O que está acontecendo comigo? Eu nunca convido ninguém para ir à minha casa, imagina alguém que eu conheço a menos de 4 horas. Ela podia ser uma louca psicopata.
Por que confio tanto nela?
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S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma Verdade
RomanceO que significa mentir? Para o estudante do último ano de direito, Alex Bernoulli, é um ato totalmente abominável. Para a agente Nataly Walter faz parte da sua vida, do seu trabalho. Um sinal é emitido a central da S.W. A. (Secret Word...