Capítulo 42 - Novo Plano

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Alex


Treinar com a Agente Nataly Walter não algo que estivesse aberto para negociações, e isso minha mãe havia deixado bem claro no dia em deveria ter acontecido o nosso primeiro treino e eu dei as costas indo embora. Eu me recusava tê-la como minha treinadora, pois não conseguia ficar na mesma sala que aquela mulher, parte por odiá-la, mas também por sentir que poderia ser puxado para um precipício se ficasse muito próximo a ela. Não era segredo o que ainda sentia por Nataly, até porque ninguém deixa de amar de um dia pro outro, mas eu estava me esforçando para esquecê-la e eu ia conseguir, em algum momento.

Depois de três dias, trancafiado no quarto, por ordens da minha querida mãe, Elisabeth me convenceu de que seria melhor eu treinar, pois apesar de tudo sua chefe ainda era uma das melhores agentes de campo que ela vira. E além de ser um ótimo jeito de se proteger, eu nunca acharia as respostas que tanto queria, sobre minha família, trancafiado naquele quarto.

O primeiro treino não havia sido tão insuportável quanto eu imaginei que seria, mas passar um tempo com ela me fazia lembrar nossos dias na faculdade, seus sorrisos, bilhetinhos durante as aulas, a discussões, as ligações, os beijos e carinhos... Meu deus! Eu estava perdido. — Falando em faculdade, eu nem sabia como estava minha situação em relação a isso. Provavelmente nem voltarei para aquela cidade. Talvez minha mãe decida me mandar para o outro lado do mundo, isolado da comunidade, ou talvez ela apenas me deixaria preso aqui para o resto da minha vida, sem ao menos poder ver a luz do sol. E o melhor disso tudo, é que eu terei de acatar qualquer que for sua decisão, pois "tudo é em prol da minha segurança".

Em nosso terceiro treino ela já estava meio aérea, e eu começava a me questionar se era o único que estava ali contra a vontade. Ela explicava cada golpe com uma voz tão tranquila, que chegava a dar sono. Não parecia empolgada com seu trabalho e o fazia totalmente no automático. Sua feição era de uma pessoa que não dormia muito e nem se importava com as olheiras. Estava sempre de rabo de cavalo, que bagunçava nos primeiros minutos de luta virando um coque alto logo em seguida, e uma toalha úmida no pescoço. Suas bochechas coravam com muita facilidade durante os treinos e estavam levemente mais redondas ultimamente. Ela perdia tanto liquido quanto bebia, sem falar nas inúmeras vezes que ia ao banheiro. Nunca fui muito observador desta forma, mas a falta de diálogo entre a gente fazia com que eu a olhasse para ela mais do que deveria. E acho que foi assim que consegui machucá-la naquele dia. Embora eu soubesse que ela estava muito distraída, tendo assim uma parcela de culpa, eu apliquei um golpe do qual ela não conseguiu se defender, durante o treino, levando-a ao chão com a mão na barriga, onde eu havia socado.

— Você está bem? — Perguntei olhando-a caída aos meus pés. Não devia ter exagerado tanto assim na força.

— Uhum! — Disse em um quase suspiro. Porém não parecia tão bem, então me agachei ao seu lado vendo seu rosto corar mais um pouco por conta da dor. Era um rosto sereno que permitia cair algumas gostas de suor, que percorriam o caminho até o pescoço. Ela era tão linda, e eu adorava olhar seu rosto enquanto ela dormia, tinha uma serenidade de anjo, serenidade essa que ela tentava estabelecer agora, sem muito sucesso por conta das caretas de dor que fazia.

E parados ali, o tempo parecia ter congelado numa época que, agora, me parecia bem distante. Éramos só os dois no mundo novamente, assim como quando deitávamos no parque a tarde, debaixo de uma árvore qualquer, de mãos dadas, em completo silêncio. Ali, naquele momento, estavam dois jovens inocentes que tentavam acertar o caminho correto a seguir. Memorizei cada parte de seu rosto, como se aquela pudesse ser a última vez que estivéssemos nos vendo. Eu costumava fazer isso depois de cada noite de amor que tínhamos, só para ter certeza de que quando fechasse meus olhos sonhasse com ela.

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora