Capítulo 3 - Confiança

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NATALY/LUCY


O meu plano funcionou perfeitamente.

Mais cedo quando cheguei ao meu novo apartamento e comecei a ler sobre os hábitos de Alex, descobri que ele é bem diferente do eu pensava. Ele abomina mulheres muito fúteis, coisa que gostei nele, pois tratar de meninos mauricinhos e prepotentes é a última coisa que eu quero neste momento. Outra coisa que achei interessante é o fato dele só ter dois amigos. Tudo bem que eu só tenho um, mas eu sou uma agente secreta e ele um jovem com uma vida normal, deveria ter mais amigos.

Eu deveria parar de reclamar de barriga cheia, porque se ele fosse daqueles que você consegue fácil acesso eu teria um trabalho enorme para protegê-lo. Imagina ter de lidar com uma gama de amigos.

Segui para o meu primeiro dia na faculdade, e já estava atrasada. Que ótimo! Sentei ao lado de Alex, na primeira aula, mas não dei bola para ele, que ficou muito incomodado. Ponto para mim!

Quando a professora, que por sinal é uma velha chata que ama mostrar que sabe tudo sobre a constituição, fez uma pergunta que eu sabia que ninguém ali conseguiria responder, eu vi minha chance de chamar a atenção do nerd, que descobri ser o Alex.

E assim como o plano de esnobá-lo, esse funcionou perfeitamente, ele veio atrás de mim no fim da aula, e mostrou uma confiança, que não demonstra por ninguém, — De acordo com Kátia — tamanha confiança foi essa, que agora estou em seu carro, a caminho de sua casa para almoçar e fazer um trabalho que um professor passou. Isso tudo só no primeiro dia.

Quando descemos do carro na porta de sua casa um misto de nostalgia e dor me ocorreu. O jardim estava um pouco mudado, mas o balanço e a mesa de madeira, estilo piquenique, ainda estavam ali, intactos. Sim eu conhecia aquele lugar, e cada passagem secreta que existia ali, como a palma da minha mão.

Lembro—me da nossa última visita, estávamos tão felizes, mamãe e tia Kátia conversavam enquanto colocavam os pratos sobre a mesa, meu pai e o tio Mauricio assavam a carne enquanto eu e o Alex corríamos em volta da árvore onde estava pendurado o balanço. Adorava como agíamos como famílias normais. Claro que Alex não se lembra desse dia, nós tínhamos uns 4 anos, e o único motivo de eu ainda lembrar é um vídeo feito por minha mãe que guardo na gaveta do meu escritório.

— Vamos? — Alex diz colocando uma mão em minhas costas e me conduzindo para dentro de sua casa.

Por dentro a casa estava diferente. Sabia que Kátia, depois que Mauricio foi embora, decidiu mudar tudo por ali, e tinha ficado bem bonito, mais moderno até. Só estou tentando entender como consegue ser tão organizada se a Kátia passa quase todo o tempo fora de casa.

— Quer beber algo? Uma Água ou um suco? — Alex fala colocando, na verdade jogando, seu material no sofá.

— Uma água. — Respondo caminhando até uma pequena prateleira onde tem vários porta—retratos, muitos são de Alex, alguns ele está com Katia. Mas um me chama atenção, um que Alex está no colo do meu pai, ele tem uns dois anos na foto. Droga! Ele conhece meu pai? Tudo bem que a foto foi tirada há muito tempo, mas para estar ali ele tinha que saber de quem se tratava.

— Esse é meu padrinho. — É ele sabe. Porque ninguém me contou? — Não o conheço direito. Minha mãe diz que ele é um homem muito ocupado, vive viajando á negócios, e depois da morte de sua esposa, que também era minha madrinha, nunca mais nos visitou e nem consegue. Eu até o compreendo, cada um, lida com a dor como pode — Eu sabia disso melhor do que ninguém, pois ele também se distanciou até de mim.

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora