Capítulo 27 - Primeira Vez

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Alex


Acordei com um sorriso no rosto e um peso sobre meu corpo. A muito tempo não dormia tão bem assim — Tudo bem que todas as vezes em que eu podia sentir a sua respiração lenta e seu rosto sereno no meu peito, madrugada a dentro, era uma noite incrível e eu sempre acordava feliz, mas esta noite e esta manhã, em especial, eram diferentes, havia subido alguns degraus.

Me levantei com todo cuidado para não a acordar e me dirigi ao banheiro. — Eu queria passar o dia todo naquela cama com ela, mas eu estava faminto e sabia que quando ela acordasse também estaria — Depois de um banho rápido eu sai do quarto e fui para a cozinha onde encontrei Jullieta lavando louça. — O que ela fazia aqui? Lucy não ia se sentir confortável se encontrasse ela por aqui.

— Bom dia menino Alex — Ela disse se virando e secando as mãos em um pano.

— O que está fazendo aqui Jullieta? Eu te dei folga ontem à noite.

— Eu sei, mas como eu vi que você havia trazido aquela menina gentil para cá, imaginei que precisariam de mim. — Disse se virando para a pia para terminar o que estava fazendo — E também, tinha muita louça suja aqui.

— Jullieta, meu amor? — Me recostei na bancada próxima a ela — Foi exatamente por isso que eu te dei folga, não acho que a Lucy vai se sentir confortável com você aqui em casa. E eu posso lavar a louça sozinho. — Mordi os lábios esperando que eu não tivesse que explicar nada para ela.

— Por que? Ela sempre dorme aqui e nunca teve vergonha de mim.

— Isso é verdade — Respirei fundo abraçando aquela mulher que eu considerava uma mãe —, mas é a primeira vez que ela DORME aqui. — Disse enfatizando o dormir.

— Aí credo, Alex! — Ela gritou assustada quando entendeu — O que já falamos sobre fazer esse tipo de coisa aqui?

— Eu sei Jullieta, "nada de trazer sua fodas para cá, Alex" — Falei imitando sua voz de uma forma engraçada fazendo com que eu levasse um tapa no ombro —, Aí! — Reclamei.

— Isso é forma de falar garoto?

— Desculpa, mas a verdade é que ela não é só uma foda — Disse indo até um banco acoplado à bancada e sentando — Ela é especial.

— Gosta realmente dela? — Ela parecia preocupada.

— Sim, eu gosto muito dela. Ela chamou a minha atenção e me conquistou no primeiro dia que entrou naquela sala atrasada e me ignorou um horário inteiro.

— Tem certeza disso? Quando amamos alguém não há volta, nem devolução.

— Acha que eu a amo?

— Você não? Devia se olhar num espelho quando fala dela. — Será?

— Nossa, é assustador o tanto que você me conhece.

— Eu te criei menino, eu sei o que se passa aí dentro.

— Sabe mesmo.

— Ainda quer que eu vá embora?

— Quero! — Disse com medo de sua resposta.

— Só não coloquem fogo na minha cozinha. — Disse tirando o avental e saindo da cozinha em direção a saída.

— Jullieta? — Ela se virou já próxima a porta — Como se faz panquecas?

— E ainda diz que sabe se virar sozinho, que já está grandinho. — Voltou para a cozinha abrindo a primeira gaveta do armário e puxando de lá um livro. — Aqui está! — Me entregou o livro aberto numa página, onde havia uma receita de panqueca. — Consegue fazer sozinho?

— Sim senhora — Disse dando um beijo em sua bochecha — Você é um anjo.

— Eu sei! — Sorriu e voltou ao seu trajeto original.

Fiquei um tempo parado ali na porta enquanto lembranças da noite anterior vinha à tona. Cada detalhe do seu belo corpo ficou marcado em minha mente. Ela era perfeita, perfeita para mim.


Nataly/Lucy

Acordei me sentindo um pouco dolorida, mas nem se comparava a felicidade naquele momento. A mágica noite de ontem voltou a minha mente mais rápido que uma flecha. Depois de um belo pedido de desculpas e um ótimo passeio pelo parque, Alex me levou para jantar em um restaurante com música ao vivo. Tudo estava tão perfeito que, sinceramente, eu não tinha mais raiva ou qualquer outro sentimento que não fosse amor. Uma palavra forte, eu sei, mas que me dominava loucamente. Mais uma vez eu só queria ser a Lucy para o resto da vida.

Ontem fomos para a casa dele onde tinha flores e velas espalhadas formando um caminho que levava ao seu quarto eu fiquei um pouco tensa, admito, mas logo ele me relaxou. Disse que não estávamos ali para fazer qualquer coisa que eu não quisesse, mas que me amava e a intensão era apenas demonstrar isso e não fazer sexo ou amor. Admito que isso me desapontou um pouco, pois eu estava decidida a ser marcada por ele para sempre e ser dele para sempre. Eu estava pronta naquele momento. E quando eu disse isso ele paralisou e eu gargalhei o beijando e nos guiando até a cama, onde ele finalmente saiu do transe em que se encontrava e tomou as rédeas da situação.

Cada toque era um arrepio, cada beijo um novo calor. Seu olhar estava escuro e sua pele avermelhada, não havia vergonha, havia desejo. Ele era delicado, mas era perceptível como ele lutava para controlar seu extinto animal. Eu enlouquecia com aquele sorriso de satisfação que ele deixava escapar as vezes. Surtava com todas as vezes que ele sussurrava meu nome com sua voz rouca. E o via revirar os olhos de desejo quando eu suplicava o seu.

— Bom dia! — Alex diz entrando no quarto me fazendo pular da cama de susto — Desculpa, não queria que você se assustasse.

— Tudo bem! — Digo voltando a cama um pouco envergonhada— Estava distraída, pensando.

— Espero que não seja em como fugir daqui. — Colocou uma bandeja cheia de comida no criado mudo que estava ao lado da cama.

— Isso são panquecas? — Me ajeitei na cama animada.

— São sim, gosta?

— Eu amo panquecas. Lembro da minha mãe fazer panquecas para mim quando eu desapontava meu pai.

— Eu sinto muito, não queria te fazer lembrar de nada que doa. — Deita-se ao meu lado acariciando meu rosto.

— Não dói. São boas lembranças. — Sorri o beijando.

— Você não faz ideia do quanto eu estou feliz. — Eu faço, porque eu estou muito mais — Vamos comer? Eu estou morrendo de fome.

— Eu também. — Sorri.

Eu estava muito feliz, nada poderia estragar aquele dia. Nem mesmo meu trabalho.

Merda de trabalho. Eu só queria que isso tudo acabasse, ou que eu apenas tivesse conhecido ele como Nataly. O que eu vou fazer? Ainda não sei, mas contar a ele agora me parece uma opção. Não agora, agora, claro, mas quando isso tudo acabar eu quero que ele saiba quem eu sou e espero que me perdoe. Droga eu não suportaria perde-lo. Eu amo esse cara.

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora