Capítulo 01 - Feliz Ano Novo!

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O ano era 1989 e a noite na Ilha de Marajó era silenciosa, mas o coração de Matilde batia acelerado. Ela se movia furtivamente pela mata, com os olhos fixos na sombra que a cercava. Sua única missão era escapar. Mas, em um instante, suas esperanças se esvaneceram.

"Matilde, entregue as crianças!" Iolanda ordenou, sua voz imponente cortava o ar enquanto ela avançava com uma determinação feroz.

Desesperada, Matilde apertava os bebês recém-nascidos contra o peito, como se fossem sua última âncora no mundo. "Por favor, Iolanda, não! Eles são tudo o que eu tenho! Não destrua a minha família!" Ela implorava, com sua voz embargada pela dor. "Não tire os meus filhos de mim!"

Iolanda, impassível, deu um passo à frente e, sem hesitar, tomou os bebês nos braços com a frieza de quem já estava acostumada com a crueldade. Olhou para o seu capanga, um homem misterioso de presença ameaçadora, e disse com autoridade: "Faça!"

As lágrimas de Matilde escorriam sem parar enquanto ela olhava para os filhos, com a saudade e o desespero pintando cada gesto seu. "Eu amo vocês, meus filhos... Que um dia, quem sabe, vocês conheçam a nossa história!" Sua voz se quebrou, e seus olhos se fecharam, tentando armazenar naquele momento a essência de tudo o que havia sido.

O som do disparo foi seco, mas o peso da morte reverberou em cada canto do lugar. Matilde caiu, sua vida sendo arrancada de forma brutal.

O silêncio que se seguiu era denso e carregado de tensão, um silêncio macabro que envolvia todos ali, como se o ar em volta estivesse impregnado de sofrimento. Com um gesto de desdém, Iolanda entregou um dos bebês ao seu capanga e disse, com uma frieza calculada: "Tome. Desapareça com essa criança. A patroa só quer uma delas."

Ela entregou a criança com um olhar impassível, como se estivesse se livrando de um objeto qualquer.

Com um dos bebês nos braços, Iolanda avançou sem pressa, indo até a beira do rio, onde o homem a seguia, como uma sombra. O olhar dela estava fixo no horizonte, imperturbável, enquanto a escuridão da noite a envolvia, dando-lhe uma aura de poder e mistério. "Está tudo feito. Vamos com a carga." Sua voz grave ressoou pela noite, carregada de uma determinação fria, enquanto ela olhava para o futuro, certa de que o que estava por vir seria apenas mais uma parte do seu jogo implacável.

Vinte anos se passaram desde aquela noite fatídica. Na festa de Réveillon de 2009, a mansão da família Ferrari estava repleta, com uma celebração que reunia diversas pessoas influentes e notáveis.

Dentro de um dos quartos da mansão, uma caixa de alianças repousava em cima de um móvel, aguardando seu destino.

Maria Gládis sai do banheiro deste quarto, ajeitando-se para a grande noite. Senta-se em frente ao espelho e, ao notar a caixa de alianças, sorrir para si mesma. Pega a caixa, coloca na bolsa e sai do quarto, animada em direção a festa que rolava no salão.

"Meu amor, voltei!" exclamou Maria Gládis, dirigindo-se a Nikolas Ferrari, o seu futuro noivo, que o aguardava ansioso.

"Maria Gládis, onde você estava?" ele questionou, um pouco preocupado.

"Retocando a maquiagem, meu amor. Não é todo dia que poso para fotos ao lado da grande Família Ferrari!"

Nikolas sorrir, mas logo a alegria é interrompida por sua mãe, Ávila Ferrari. "Nikolas, será que você pode me fazer o favor de ir atrás do incompetente do seu irmão?"

"Sim, minha mãe. Pode deixar!" respondeu, e se afastou rapidamente.

No banheiro, Nikolau Ferrari, o irmão de Nikolas, estava usando drogas escondido. Quando Nikolas entrou, a tensão entre os irmãos era palpável.

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