Capítulo 21 - Somos um Só!

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Niko chegava em casa, sem saber da tragédia que o aguardava. Ele subiu as escadas apressadamente, chamando pelo irmão.

— Irmão, onde você está? Nikolau! Nikolau, cadê você?

O chamado de Niko ecoou pela casa, despertando Ávila, que saiu de seu quarto, irritada.

— Agora deu para acordar a casa de madrugada? Pensei que já tinha ido embora para outro lugar!

— Cadê o meu irmão? — Niko insistiu.

— Ah, agora ele é seu irmão? Pensei que não quisesse mais vínculo com a nossa família! — retrucou Ávila, em tom sarcástico.

Niko gritou, desesperado:

— Cadê o meu irmão?

— Eu não sei onde aquele imprestável está! eu não sei! respondeu Ávila com a raiva transparecendo em sua voz.

— No quarto, ele deve estar no quarto! — Niko afirmou, correndo em direção ao quarto de Nikolau, com Ávila logo atrás.

Niko bateu na porta e a ansiedade aumentava a cada segundo.

— Irmão?

— O que está acontecendo? — Ávila perguntou com a preocupação se misturando à irritação.

— Irmão, você está aí? — insistiu Niko, batendo mais forte.

— Eu posso saber? — retrucou Ávila, impaciente.

— Nikolau? Você está aí? Vou entrar! Você não vai abrir? — Niko perguntou, já sentindo o pânico tomar conta de seu coração.

— Esse inútil deve estar bêbado ou drogado, jogado nesse quarto! — disparou Ávila.

Com um impulso de desespero, Niko arrombou a porta e, ao entrar, o que encontrou o deixou em choque. Nikolau estava ali, enforcado e imóvel, a vida esvaída de seu corpo. O grito que saiu de sua garganta foi abafado pela incredulidade, enquanto a realidade se transformava em um pesadelo insuportável. O peso da tragédia se acumulava, e ele se viu paralisado diante da cena que mudaria tudo para sempre.

— Irmão? — murmurou Niko com a voz falhando.

Ávila ficou em estado de choque e sem palavras, enquanto Niko gritava e a dor invadia seu peito.
— Meu... meu irmão? Nikolau? Nikolau, não, Nikolau, não! O desespero tomava conta de Niko.

Ao olhar ao redor, Ávila notou o pacote de droga no chão e o mostrou a Niko.

Confuso e desesperado, Niko encontrou a carta que Nikolau deixara em cima da cama e com a mão trêmula, pegou a carta.

— O que? O que é isso? — Ávila perguntou, olhando para a carta que Niko segurava.

Com um gesto rápido, Niko abriu a carta e começou a ler em voz alta, e cada palavra pesava como chumbo, preenchendo o ar com uma verdade que ele temia enfrentar.

NIKO LIA A CARTA DE NIKOLAU

Medo, a pressão, as expectativas, o peso do status, as opiniões e a vergonha me impediram de lutar, e assim perdi a mulher que eu amava. A mulher que tentou me ensinar, que procurou me mostrar a beleza da vida. ELA ERA A MINHA COMPANHEIRA, aquela que tentava me acordar para as mudanças, alguém que soube me entender, mesmo diante da minha resistência. Ela me conheceu, me reconheceu e me amou, sem julgamentos, sem dúvidas, sem explicações. E eu... eu fui só mais um.

E você que lê estas palavras, será que você também é só mais um? Pare um momento e reflita: quanto tempo você está deixando escapar? Quantos milésimos de tempo você já perdeu? Se neste instante você está se defendendo, dizendo que não é tão simples assim, que cada situação é única, eu sei... cada caso é, de fato, único. Mas e se, por acaso, este caso for o seu caso? O seu viver, o seu crescer, o seu eu em construção. Que elos que te impedem de enfrentar a vida e seus desafios? Vale a pena se lamentar sem tentar?

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