Capítulo 02 - O Quarto da Confusão

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A lua brilhava no horizonte quando o clima no quarto de Ávila Ferrari se tornava insuportável. Todos ali estavam paralisados pela tragédia que acabara de se desenrolar. O corpo de Maria Gládis, a noiva de Niko, jazia em uma cama cercada por um ar de desespero.

— Jane, pare de chorar, criatura! — gritou Ávila com sua voz cortante ecoando entre as paredes do quarto. — Ache Niko pra mim agora! Vá!

— Sim, senhora! — respondeu Jane, enxugando as lágrimas enquanto deixava o ambiente.

Enquanto isso, na praça do condomínio, Alê e Niko conversavam sob a luz da escuridão.

— Seu Niko... — começou Alê.

— Só Niko! — corrigiu ele com um sorriso.

— Niko, nunca vi um patrão tão diferente como o senhor! — Alê riu, mas Niko fez um gesto de negação.

— Patrão? Eu nem sou seu patrão, rapaz! — disse Niko, com um brilho travesso nos olhos.

— E o que é então? — perguntou Alê, intrigado.

— Digamos que somos cúmplices! — Niko disse, quase em um sussurro, antes de rir nervosamente.

— Cúmplices? — Alê repetiu, rindo junto.

— De um crime perfeito! — Niko murmurou, e seu sorriso desapareceu momentaneamente, dando lugar a uma expressão mais sombria.

Niko olhou a hora e uma sensação de liberdade o invadiu. Ele percebeu que aquela conversa era uma das poucas escapadas que tinha.

— Aquela moça bonita da festa é sua esposa? — Alê perguntou, um brilho curioso nos olhos.

— Esposa não, namorada! E você, tem namorada? — Niko questionou, voltando a brincar.

— Tenho, mas é namorado! — Alê respondeu, encolhendo os ombros.

— Namorado? E você fala... assim? — Niko zombou.

— É o único jeito que eu sei falar... mas faz um mês que estamos num vai e volta... — Alê revelou.

— Queria ter sua coragem, Alê...

— Coragem de quê?

Nesse momento, Jane surgiu, interrompendo a conversa.

— Alê, o que é que você está fazendo aqui com o patrão? — ela exclamou, ainda com lágrimas nos olhos.

— Madrinha, eu só vim ajudar o senhor Nikolas.

— Madrinha? Você é afilhado de Jane? — Niko perguntou, surpreso.

— Me perdoe, seu Niko, Alê é meu afilhado, sim! Mas estou aqui porque dona Ávila está lhe procurando. Você precisa voltar para casa! — Jane disse, com a urgência evidente em sua voz.

— O que aconteceu, Jane? Que expressão é essa? — Niko perguntou, sentindo um nó se formar em seu estômago.

— A sua noiva...

— O que tem Maria Gládis? — Niko insistiu, preocupado.

— Deixe de perguntas e vá logo! — Jane respondeu, gesticulando para que ele se apressasse.

Niko despediu-se rapidamente de Alê e saiu correndo.

— Acabou! — Jane exclamou, olhando para Alê.

— Como assim acabou, madrinha? O que aconteceu que você está tão "mufina"? — Alê perguntou, inquieto.

— Deixe de perguntas Alê! Vamos, a polícia já está chegando!

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