Capítulo 17 - O Mesmo Sangue

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A atmosfera na casa de Jane era pesada, carregada de um silêncio inquieto. A delegada Aymeê Padilha entrou e sua presença impôs-se imediatamente. As palavras que seguiam estavam longe de serem suaves.

— O seu marido, Aldo Vasconcelos Lima, acaba de ser encontrado morto! — declarou com gravidade.

Jane, a esposa de Aldo, mal conseguiu processar a informação.

— Encontrado? — questionou, um misto de incredulidade e temor.

Tita, a filha, sentiu o chão se abrir sob seus pés.

— Morto? Meu pai? Como foi isso, delegada? — a voz dela vacilou entre o desespero e a confusão.

Todos se acomodaram no sofá da sala, e a delegada continuou:

— Segundo testemunhas de pescadores, o corpo foi jogado de uma balsa e encontrado em uma rede de pesca.

Tita estremeceu e o desespero transbordava.

— Então mataram meu pai! — exclamou Tita com lágrimas nos olhos.

Aymeê manteve o olhar fixo nas duas.

— Vocês têm alguma suspeita? — perguntou, mantendo a voz firme.

Almeida, um dos policiais, interveio.

— Ele tinha inimigos?

Jane olhou para Almeida, perplexa.

— Inimigos?

Imagens do passado surgiram na mente de Jane, lembranças de quando mandou Aldo pra fora de casa. Tita, por sua vez, recordou-se das gêmeas e da história que a sua mãe contou sobre seu pai.

— Ele... — começou Tita, mas Jane a interrompeu.

— Ele não tinha inimigos! — afirmou, como se tentasse se convencer.

Aymeê observou as duas e sua desconfiança crescia.

— E como era a relação de vocês? — indagou.

Tita, exausta emocionalmente, respondeu:

— Delegada, me perdoe, mas despejar tudo assim pra mim e pra minha mãe é muito pesado. Tenha um pouco de compaixão e deixe a gente digerir o que aconteceu!

— Claro, entendo. O corpo foi levado para o IML. Logo vocês terão que comparecer à delegacia. Peço que não saiam de Marajó e que não deixem de comparecer a delegacia. Até mais! — disse Aymeê, levantando-se.

Tita acompanhou a delegada e os policiais até a porta. Assim que se viraram, Jane murmurou:

— Morto? O Aldo? Mas quem poderia ter feito isso minha filha?

— Minha mãe, vamos aos fatos. A história que a senhora me contou sobre a volta de Rosa Maria... Ela pode ter descoberto que nosso pai estava vivo e quis acabar com tudo de novo. Tudo se encaixa! — Tita disse e a determinação crescia.

Jane hesitou.

— Não, não... não pode...

Tita a interrompeu, com a voz firme:

— Minha mãe, não queira fechar os olhos como no passado. Precisamos considerar essa possibilidade! Quem mais nesse mundo teria tanta raiva a ponto de matar meu pai?

Do lado de fora da casa, em uma casa vizinha, Ávila chegava à casa de Mara e desce do carro com uma expressão desafiadora, tocando a campainha, ansiosa.

Quando Mara abre a porta surpresa, Ávila não hesitou em entrar.

— Olá, cheirosa! — disse Ávila com um sorriso irônico.

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