Capítulo 16 - Aqui é Que se Paga!

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A tensão pairava no ar, como um véu pesado que obscurecia o ambiente. Aldo, com a voz carregada de indignação, não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

— Monte de que? Monte de que? Me respeite, que eu sou seu pai! — ele bradou, a fúria pulsando em cada palavra.

Mara, com os olhos marejados, balançou a cabeça, como se tentasse afastar a realidade que a cercava.

— Não, Aldo, não! — sua voz era um sussurro desesperado.

Aldo, tomado por uma ira cega, virou-se para Alê, seu filho, buscando um apoio que não encontraria.

— Pai? Você só pode estar de brincadeira! Ter seu sangue é ser sujo... e minha mãe, MINHA MÃE, nunca faria isso comigo, não é? — ele questionou com os olhos buscando a confirmação da mulher que tanto amava.

Os olhares de Alê e Mara se cruzaram, e a dor de ambos ecoou no silêncio pesado da sala.

— Meu filho! — Mara implorou com as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Não, mãe! — Alê gritou e a negação moldava sua expressão. — Não mãe, não, a senhora não fez isso, não fez, a senhora não fez isso!

A cena se transformou em um quadro de desespero, onde mãe e filho choravam juntos, um lamento compartilhado que ecoava por toda a casa.

— Me perdoa, meu filho, me perdoa! — Mara suplicou, sua voz quebrada pelo peso da culpa.

— Mara! — Aldo interrompeu, tentando se aproximar.

— Sai daqui! — ela gritou com a fúria substituindo a tristeza momentaneamente. — Sai Aldo, sai, desaparece, me deixa em paz...

Com um desespero avassalador, Mara desabou no chão, entregando-se ao pranto.

— Mãe, mãe! — Alê clamou, desesperado, enquanto se ajoelhava ao lado dela, impotente.

Aldo, derrotado, saiu de casa, deixando um rastro de dor para trás.

Na Rua, a solidão envolveu Aldo como um manto pesado enquanto ele caminhava pela ilha deserta. Cada passo parecia um eco de suas escolhas ruins.

— Isso não vai ficar assim, não vai ficar assim! — ele murmurou e as palavras saiam como um grito sufocado.

Com um gesto abrupto, ele pegou o celular e discou o número de Ávila.

— Oi? Sou eu! — anunciou Aldo com sua voz firme apesar do caos interno.

— O que é que você quer, criatura? Ligando pra mim assim, você pensa que eu... — Ávila respondeu com o tom de desprezo claro em sua voz.

— Eu acho bom a madame baixar o tom e me escutar porque eu só vou falar uma vez, eu preciso de dinheiro, muito dinheiro! — Aldo a interrompeu com a urgência transparecendo.

— Dinheiro? — Ávila parecia incrédula.

— Dinheiro, dona Ávila! E a senhora sabe que só tem a perder não aceitando o meu pedido! — ele insistiu e um brilho de desespero pairou em seus olhos.

— Você está me ameaçando, seu... — a voz dela se elevou.

— Acho bom a senhora não me xingar! O que estou pedindo a senhora tem de sobra... eu só preciso ir embora de Marajó, eu preciso sumir, sumir! — Aldo disparou e a adrenalina tomava conta.

— Tudo bem... Em meia hora te encontro no lugar de sempre! — Ávila concordou encerrando a ligação com um plano em mente.

— Sumir! Foi você que pediu! — ela murmurou.

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