Capítulo 22 - A Igreja diz Amém!

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Ávila, fingindo não entender muito bem a situação, ligou para Tenébrio e pediu que chamasse a advogada Violeta para se encontrarem na delegacia. Em seguida, Ávila seguiu para lá acompanhada pela delegada e Almeida.

Violeta atendeu ao telefone.

— Violeta, Ávila acaba de ser presa. Precisamos de você na delegacia.

Violeta, exausta de ser manipulada por Tenébrio, decidiu agir.

— Você sempre fez isso, não é? — disse ela com a voz firme. — Sempre ligava, e eu corria para os seus pés. A dependência que eu sentia era alarmante, e demorei para enxergar quem você e sua família realmente são. Até briguei com a delegada por sua causa, mas ela fez o certo ao te deixar. Você nunca foi homem de verdade, nem para mim nem para ela, e eu mereço mais. Porque, eu sou mais do que você. Você é só um irmão que não deu certo, um capacho que a irmã faz o que quer, e depois vocês vinham me pedir ajuda. Mas agora, não mais. Teve um tempo em que cheguei a te amar, Tenébrio, mas acordei. Hoje, não mais. Procure outra otária, porque a mim nunca mais. Nos vemos em breve, vereador. Boa sorte, senhor Ferrari.

Violeta desligou a ligação, deixando Tenébrio furioso, xingando-a. Mas logo percebeu que não podia perder tempo. Ele ligou para Iolanda, pedindo sua ajuda, determinado a não deixar a situação escapar de suas mãos.

Em casa, Iolanda finalizava a ligação com Tenébrio e, apressada, se preparava para sair quando seu filho Juca acordou.

— O que houve, minha mãe? — Juca perguntou, curioso.

— Tenho que ir à delegacia. Prenderam a patroa! — Iolanda anunciou.

— Dona Ávila foi presa, mas por quê? — Juca questionou, surpreso.

— Acusada de matar a filha da empregada! — Iolanda explicou, a gravidade da situação estampada no rosto.

— A filha da empregada? Mas então é a Tita, filha da Jane, madrinha do Alê! — Juca compreendeu, em choque.

— Ela mesma, estou indo! — Iolanda afirmou, apressando-se.

— Manda notícias! — Juca pediu, enquanto Iolanda saía.

Juca então liga para Rosa Maria.

— Alô, Rosa? — Juca disse ao atender.

— O que houve, criatura? Me ligando cedo assim? — Rosa Maria perguntou, confusa.

— Acho que vai gostar de saber: a ex-sogra da sua irmã, Dona Ávila Ferrari, acaba de ser presa! — Juca revelou a importância da notícia.

— Presa? Mas presa por quê? — Rosa Maria questionou, intrigada.

— Estão a acusando de matar a filha de uma empregada que trabalhava pra ela, Jane. Não sei se conhece! — Juca respondeu e Rosa Maria ficou em choque, sem conseguir articular uma resposta ao que acabara de ouvir.

— A filha? Mataram Tita? — ela murmurou e a dor da revelação a atingiu.

— Isso, Tita, Tita era o nome dela. Você a conhecia? — Juca perguntou, preocupado.

— Sim, digo, não, não conhecia... Fez bem em ligar, obrigada Juca! — Rosa Maria respondeu rapidamente, desligando em estado de choque.

Ao chegar à delegacia, Ávila foi levada a uma cela e logo disparou:

— Vão me deixar aqui mesmo nesse muquifo? Eu preciso de um telefonema! Cadê a minha advogada?

Aymeê, mantendo a compostura e sorrindo por dentro ao ver Ávila presa, respondeu:

— Pelo visto, ninguém chegou. E você já deu o seu telefonema.

— Como vocês me prendem sem provas, sem explicações sólidas...? — insistiu Ávila, claramente indignada.

— Sem explicações sólidas? — Aymeê rebateu, virando-se para Almeida. — O celular!

Almeida entregou o celular com o vídeo do assassinato à delegada.

— E então? — Aymeê perguntou, olhando para Ávila.

A expressão de Ávila mudou ao ver o vídeo; ela ficou em silêncio, consumida pela raiva.

— Acho que agora a senhora entendeu — continuou Aymeê.

— E quem mandou esse vídeo? isso é montagem, isso não prova nada! — Ávila gritou, tentando se manter firme.

Aymeê, sem responder às provocações, apenas disse:

— Enquanto aguarda o vereador e sua advogada, desfrute da nossa melhor suíte!

Com um sorriso contido, Aymeê e Almeida saíram, deixando Ávila furiosa e sozinha na cela.

Voltando para sua sala, a delegada e Almeida viram Pretinha chegar acompanhada do irmão, Guinzé. Os policiais estavam confusos ao verem os irmãos ali.

— Pretinha, Guinzé? O que estão fazendo aqui? — perguntou Almeida, surpreso.

A delegada olhou para Guinzé e disse:

— Você... eu conheço você...

— Guinzé, doutora, é o meu irmão! — interveio Pretinha.

— Sim, Guinzé! Eu o conheço, era amigo do meu filho Nando! Não o vejo desde a morte dele. Entrem, podem se sentar! — Aymeê disse, gesticulando para eles se aproximarem.

— E então, o que vieram fazer aqui? — perguntou a delegada, fixando o olhar em Guinzé.

— Eu trouxe Guinzé porque, depois dos últimos acontecimentos, ele me revelou algumas coisas e eu o convenci de que precisava contar tudo à polícia — explicou Pretinha, com um tom de seriedade.

— Pois bem, então pode começar. O que de tão importante você tem para falar? — perguntou Aymeê, inclinando-se levemente para frente.

— Coragem, Guinzé, conte tudo, não tenha medo! — incentivou Pretinha, percebendo a nervosidade do irmão.

Guinzé respirou fundo, pronto para revelar o que sabia. Com a cabeça erguida, finalmente falou:

— Doutora Aymeê, eu... eu e Pretinha somos filhos de Juvelina, a pastora da igreja "perto do rio". Acho que a senhora conhece.

— Sim, conheço a sua mãe, mas continue — respondeu a delegada, seu olhar fixo em Guinzé.

— O que eu tenho para dizer é que... — ele hesitou, o medo evidente em seu olhar, mas decidiu continuar — é que eu e a minha mãe fazemos parte da Capital, a organização que comanda Marajó! A nossa mãe, a pastora Juvelina, é um dos braços direitos de Ávila Ferrari!

A sala ficou em silêncio, enquanto a gravidade das palavras de Guinzé pairava no ar. Aymeê e Almeida trocavam olhares, absorvendo a revelação chocante.

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