Capítulo 09 - Égua!

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A luz suave da manhã filtrava-se através das cortinas do quarto de Pretinha, criando um ambiente acolhedor. O aroma de café pairava no ar, enquanto Almeida, o famoso investigador da polícia, pulou pela janela, aterrissando com agilidade e se aproximando de Pretinha, que estava sentada na cama, perdida em seus pensamentos.

— Minha pretinha? — disse Almeida, com um sorriso que iluminava seu rosto.

— Almeidão! Meu "investigador das polícia" mais bruto de toda a ilha de Marajó! — respondeu Pretinha, levantando-se com um brilho nos olhos. — Um dia ainda vamos trabalhar juntos na delegacia, prendendo bandido e...

Almeida interrompeu Pretinha:

— Pare de falar e me beije, que eu tava morrendo de saudade de tu, cheirosa!

— Tava nada, eu que tava isso sim! — ela provocou, rindo.

Eles se beijaram, e a tensão se dissipou um pouco.

— E então, minha preta... e minha sogra tá aí? — Almeida perguntou, tentando mudar de assunto enquanto sorriu.

— Mainha essa hora tá no mundo, e Guinzé tá no mundo trabalhando! — explicou Pretinha, com um tom de desdém.

Almeida franziu a testa.

— Trabalhando? Que trabalho é esse de teu irmão?

— E eu é que não sei, é tudo um mistério nessa casa! — disse ela, balançando a cabeça.

Almeida, com um olhar pensativo, perguntou:

— E tua mãe?

— Mainha acoita as pavulage dele, aquele ali ainda deve de levar o farelo qualquer dia! — respondeu, com um leve sorriso.

— Tu achas?

— Eu acho, num deve de tá fazendo coisa boa. Tu bem que podia investigar, Almeidão!

Ele riu, mas logo ficou sério.

— Teu irmão?

— Sim, eu tenho que trabalhar dois meses pra receber o que ele recebe em uma semana...

— Tu nunca me falaste disso!

— Mas pense nisso depois. Agora venha cá, meu Almeidão, que sua preta tá cheia das intenções com você...

Almeida sorriu, sentindo o coração aquecer. Ele sabia que o dia seria especial.

Em casa, Delma estava em frente ao espelho, arrumando o cabelo. Ela respirou fundo e pegou o telefone em ligação. Com a voz firme, ela disse:

— Eu estou pronta!

O que estava por vir a tornava ansiosa. O mundo lá fora estava prestes a mudar.

Na casa de Aldo e Jane, o clima estava tenso. Jane serviu o jantar, mas Aldo, vestindo uma camisa passada e com a expressão carregada, apenas sentou-se à mesa, sem dizer uma palavra.

— Vai sair de novo? — perguntou Jane, olhando para ele com preocupação.

Aldo permaneceu em silêncio, o peso da insatisfação pairava entre eles.

— Toda noite agora, né? — insistiu Jane, tentando quebrar o gelo.

Ele respirou fundo, como se estivesse carregando um fardo invisível.

— A voz do povo é a voz de Deus. O que o povo fala aqui não deve ser pavulagem! — exclamou Jane, numa tentativa de desviar a tensão.

Aldo ouvia Jane, sentindo a impaciência crescer enquanto rezava para que ela terminasse logo, pois estava ficando cheio da conversa.

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