Não havia sol quando despertei. Apenas a luz da lua. Não era um sonho! Não era a droga de um sonho! Meu coração se agitou. Tantos nãos na minha mente e nenhuma saída. Estava sozinho de novo naquele escuro e Megan não estava ali. Acima de mim o céu estava estrelado e do meu lado esquerdo o vale estava claro com o sol aquecendo a grama úmida do orvalho. O céu se dividia ao meio, como uma aurora boreal. Um véu escuro cobria o lado que eu estava, estrelas cobriam toda sua extensão.
Árvores altas se agitavam ao meu redor dançando na escuridão, e o silêncio da noite ecoavam meus pensamentos. Peguei a capa do chão e fui procurá-la. Andei em círculos sem enxergar nada dali e resolvi sair para o vale. O sol estava quente e me aqueceu instantaneamente. Era como ser abraçado.
Desci o morro me escondendo nas moitas adjacentes ali, não podia ser visto. Estava ainda angustiado. Não tive tempo de me despedir de ninguém. Poderiam pensar que eu enlouqueci, eles veriam os comprimidos. Droga! Minha mãe poderia se culpar ainda mais, afinal quem toma tanto remédio pra dormir?
Ao longe vi aqueles de capa preta seguindo para dentro do castelo vindos da floresta. Vampiros certamente. A cor escura se destacava naquela imensidão verde. O castelo estava parcialmente iluminado, mas ainda precisava das tochas para iluminar a entrada. Atrás de mim corria um riacho pequeno de cor cristalina, me movi abaixado atrás da moita quando de longe vi Megan subir o morro a minha frente, o vestido azul era brilhante.
— Megan! - gritei seu nome. Ela olhou para cima me encarando. Em um segundo estava do meu lado agachado.
— Que diabos está fazendo?! – ela estava brava, seus olhos agora azuis estavam arregalados e sua mão estava na minha boca. Engoli seco.
— Se eles te ouvirem, você já era! – Ela sussurrou. Assenti.
Ela gentilmente retirou a mão direita da minha boca esperando se eu faria algum som. Eu a segui morro acima, ela segurava a barra do vestido para ajudar a se mover. Não perguntei o porquê do vestido e nem precisou porque ela me ouviu.
— Não é da sua conta. – Sua voz soou baixa à minha frente.
Voltamos à árvore que eu havia dormido e ficamos sentados ali. Ela esperava que o sol baixasse e o véu escuro se movesse sobre a montanha.
— Como você pode ser um deles e andar pelo sol? Vampiros não queimam no sol? – perguntei incerto se deveria.
Ela me encarou e depois desviou os olhos para a montanha novamente. Deu um longo suspiro antes de dizer.
— Faço parte da linhagem porque fui mordida, não nasci entre eles. Eles chamam os transformados de "Descendentes" — ela fez aspas no ar sorrindo irônica, —... quando vim parar aqui eu era humana como você.
O fato dela ter vindo parar aqui me deixou mentalmente instável, por sorte eu estava sentado. Senti meu coração acelerar e a mente borbulhar perguntas. O que ela teria feito para vir parar aqui, o arrependimento tomava meus pensamentos a cada segundo.
— Eu não me queimo no sol, mas prefiro evitar. Eles sentem o cheiro e eu não quero morar no castelo e torturar humanos. – A última palavra saiu com desprezo.
— Quero ir pra casa.... – Murmurei.
Ela suspirou alto.
— Você não pode ir pra casa.
Não era possível eu ir embora ou ela não iria me deixar ir? Ela era tão ruim assim? Franzi o cenho tão incrédulo e as palavras não saíram apenas balbuciei a boca em movimentos silenciosos. Ela me encarou.
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Através do Espelho {CONCLUÍDA}
FantasíaA cidade de Aurora Valle amanheceu cinzenta aquele dia, era o primeiro dia de Luke após os acidentes. Olhares pesados sobre ele o deixava cada vez mais incomodado, seus amigos lhe contaram sobre a lenda e porque fizeram isso? Logo ele tão curioso! A...