Despertei num sobressalto me sentando desajeitado, meu corpo ainda doía da queda e de ter sido arrastado, mas alguns ferimentos havia se curado de alguma forma. A chuva havia engrossado consideravelmente e me ensopado dos pés à cabeça, meu cabelo pingava e as roupas estavam mais pesadas. Estava em silêncio observando ao meu redor quando a voz feminina gritou novamente.
— Megan... –murmurei para mim mesmo.
Saí correndo até aonde a voz gritava e devido a minha pressa a sua voz ecoava em várias direções me desviando dela, me distanciando.
— Megan! –gritei alto em meios aos chuviscos que ofuscava minha visão.
— Luke! Aqui! Aqui!
Ela gritava a plenos pulmões. Corri em várias direções seguindo a voz até que de longe vi uma mão pálida se agitando no chão. Me aproximei e a imagem sumia enquanto eu me aproximava.
— Faz um sinal! Não consigo te achar! –gritei de volta.
Sua mão se levantou a minha frente a pouco menos de um metro. Toquei sua mão fria, molhada pela chuva. A grade que prendia ao chão era grossa e pesada, um cadeado segurava a trava.
— Você me achou... –ela murmurou.
Olhava piedosa para mim, os olhos estavam vermelhos mais claros. Parecia que iria se apagar a qualquer momento. Sorri de lado.
— Eu não ia embora sem você...
Ela sorriu.
Andei ao redor em busca de um galho forte e arrastei o galho que estava próximo de uma árvore. O mesmo escorreu no meu braço esfolando a pele molhada. Arrastei o tronco para cima da grade e posicionei a ponta no cadeado o socando algumas vezes até que ele se abriu, o cadeado caiu dentro da pequena cela. Joguei o tronco para o lado e me abaixei puxando a grade para cima.
Megan me ajudou empurrando com as forças que tinha. Logo que a grade se abriu para o lado esquerdo, puxei Megan pelo braço e ela me abraçou. Caímos para fora da cela cansados para reagir de imediato. Ela fechou os olhos deixando a chuva molhar o rosto mais pálido que o normal, as mãos seguraram a minha.
— Obrigada Luke.
— Aconteceu tanta coisa até eu te achar. –Murmurei.
Percebi quando ela abriu os olhos, virando o rosto para a esquerda na minha direção. Levantei devagar a puxando comigo. Ela ficou me encarando alguns minutos, mas não disse nada. Não sei se ela tinha percebido, e eu preferi não contar ainda. Seguimos uma trilha estreita até encontrar algum lugar para nos abrigar. A capa preta as vezes colava em suas pernas a fazendo tropeçar.
Alguns metros dali encontramos outra árvore oca, onde podíamos nos sentar até que a chuva cessasse, as nuvens estavam se dissipando aos poucos, ela parecia com frio tremia encolhida no canto. Peter tinha me ensinado bastante coisa, mas fazer fogo num tempo de chuva não fora possível, tudo que pude fazer foi me aproximar dela encostando devagar nossos ombros. Mas ela me encarou confusa.
— Tem algo que eu deva saber? Você está muito gelado.
Suspirei.
— Eles me transformaram... – soltei com desdém. Ela descruzou os braços surpresa.
— Percebi que seus olhos estão vermelhos. E você já se alimentou? –ela arregalou os olhos ao dizer.
Balancei a cabeça sentindo o estômago roncar alto.
— Bem, eu preciso me alimentar Luke... estou muito fraca, — ela enrugou os ombros e sua voz se arrastava com desdém.
— O que fizeram com você? –perguntei ainda encostado a ela.
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Através do Espelho {CONCLUÍDA}
FantasíaA cidade de Aurora Valle amanheceu cinzenta aquele dia, era o primeiro dia de Luke após os acidentes. Olhares pesados sobre ele o deixava cada vez mais incomodado, seus amigos lhe contaram sobre a lenda e porque fizeram isso? Logo ele tão curioso! A...