Capítulo Sete

11 0 0
                                    

~ um mês depois ~

Vai fazer um mês que estou estudando na escola mais cara de Londres. Consegui bolsa de 70%, o que facilita bastante, mas claro depois que achar um emprego, porque Harry tá gastando o dinheiro dele, "se bem que ele é rico demais né". Tem corrido tudo numa boa. Harry voltou pra turnê três dias depois que cheguei aqui, depois que resolvi a papelada da escola, agora só o vejo na última semana de novembro. Lembrando que estamos em março.

Agora estou aqui, a caminho da escola com uma calça jeans azul escura, uma blusa de manga soltinha na cor roxa, um all star no pé e meu cabelo num rabo de cavalo frouxo. Como de costume, ouvindo música e claro dos meninos. Que saudade do Harry. Falo com ele todos os dias a noite pelo skype, mas dá muita saudade. Ficar naquela casa sozinha as vezes é tedioso.

Tem umas meninas que olham meio torto pra mim, mas já estou acostumada, era normal isso lá no Brasil, ninguém nunca gostou de mim pelo fato de ser meio inteligente, sei lá, a que sabe bastante. Até hoje não fiz nenhuma amizade, o que também é normal, já que sou bem fechada. Entrei na escola e fui direto no meu armário para pegar o livro das matéria de agora, antes do intervalo, no caso, história e artes. Assim que fecho o armário, o sinal toca e eu entro na sala, que por sorte é perto. Sento na frente e espero o professor.

[...]

TRIIIIIIIIIIIIIIIM

Graças à Deus. Que tédio de aula, não via a hora desse sinal tocar. Odeio história e artes, prefiro mil vezes contas. Matemática é minha paixão.

Saio da sala e vou no meu armário despachar meu material, mas quando abro um envelope cai dele, "Só pode ser brincadeirinha sem graça". Quando abro tem uma frase.

"Você é a garota mais linda que já vi até hoje nessa escola. Prazer, seu admirador secreto."

Ai meu Deus, agora eu dei pra ter admirador, mereço. Ignorei a pequena cartinha do meu "admirador secreto" que deve ser um gordo nojento que não gosta de banho, que só come besteiras, ou um playboyzinho ai dessa escola que só pensa em sexo. Não estava com saco pra ficar na escola hoje, então resolvi pegar minhas coisas e ir embora. Mas quando fechei o armário e me virei, acabei batendo em uma pessoa que deixou seu material todo voar.

-- Me desculpe, não quis fazer isso. Pode deixar que eu pego suas coisas. - Me abaixei pegando as coisas, não dando chances pra pessoas falar nada.

-- Não é nada. Eu estava meio apressada também, no caso eu que deveria pedir desculpas. - Uma voz meiga disse. Me levantei para fazer contato visual e vi uma menina do meu tamanho mais ou menos com os cabelos totalmente pretos. Seus olhos também eram bem negros e ela tinha sardinhas bem clarinha pelo rosto.

-- Que isso. Aqui está seu material. - Falei.

-- Obrigada. É... você poderia me mostrar a escola? É que eu cheguei hoje e to meio perdida pra próxima aula. - Meu plano de ir pra casa acabou de falhar.

-- Claro. Sou Bela. Prazer. - Estiquei a mão pra ela que logo agarrou me cumprimentando.

-- Prazer Bela. Sou a Prizer, mas me chamam de Pri, só que não gosto muito então se você puder me chamar pelo nome mesmo, agradeço. - Ela disse e eu dei uma risadinha.

-- Bom,qual sua turma?

-- 3008.

-- Que coincidência, sou dessa turma.

-- Que legal e que alívio. Acho que já tenho uma amizade né? - Ela perguntou meio receosa.

-- Claro. - Abri um sorriso confortador para ela. - Mas então vamos. A próxima aula é de matemática, vou só pegar o material. Me virei para abrir o armário de novo e peguei o material. - Vamos, vou te mostrar um pouco a escola até a hora da próxima aula, ou a gente senta aqui e conversa, como preferir.

-- Você é sempre tão educada com as pessoas assim? - Ela pergunta enquanto a gente anda. - E eu prefiro sentar para me recompor depois de ter perdido as duas primeiras aulas. - Ela disse e eu assenti.

-- Sei lá, sou educada com quem fala comigo. Não falo com ninguém até hoje, já tem quase um mês que estou aqui.

-- Ah, entendi. Você é de onde?

-- Do Brasil e você? - Quando falo ela arregala seus olhos negros.

-- Uau, que maneiro. Eu sou dos Estados Unidos, me mudei tem uma semana.

-- Wow, uma americana e uma brasileira conversando, que ironia.

-- Por quê?

-- Não sabe que os brasileiros tem uma rivalidade com os americanos? Bom da parte deles, porque eu não ligo pra isso.

-- Pra você ter noção eu nem sabia disso. - Ela dá uma risadinha.

-- Então esquece isso. Tem quantos anos?

-- 17 e você?

-- Também.

TRIIIIIIIIIIIIIIIIM

-- Agora sim, a melhor aula do diaaaa. Vem logo. - A puxo pelo braço e logo entramos na sala. Ela senta do meu lado e na frente também.

[...]

Eu e a Prizer não nos comunicamos durante todo os tempos da aula de matemática. Às vezes eu a olhava e ela estava concentrada em sua folha, então deduzo eu que ela também é estudiosa. Mas ai o maldito sinal toca e nós saímos da sala juntas sem trocar uma palavra. Mas eu quebro o silêncio.

-- Vou no meu armário e já to indo embora.

-- Tá bom, você quer uma carona? Meu pai vai vim me buscar de carro.

-- Não precisa, moro aqui perto.

-- Ah para vai, aceita, por favor?

-- Ai, ok.

-- Te acompanho até o armário. Não gosto muito desse lance de armário, então levo minhas coisas pra casa. - Não sei qual o problema com o pobre do metal, mas ok, dei uma risadinha só pra ela não achar estranho.

Quando abro o armário, um outro envelope cai. Quando abro tem outra frase.

"Que feio ignorar uma carta do seu admirador Linda. Nenhuma emoção no rosto. xx, a.s."

Ai meu Deus, que merda, ele vai me seguir mesmo? Ignoro de novo colando de volta no armário.

-- O que é isso? - Prizer pergunta.

-- Depois de um mês de escola, acho que alguém agora deu pra me mandar cartinhas. Cara, já estamos no Ensino Médio, e essa pessoa tá parecendo uma criancinha me mandando esse lixo. - Aponto pro envelope branco.

-- Calma menina. - Ela diz dando uma risadinha.

-- Vamos. - Fecho armário e saio andando. Obviamente que nem começou mas to odiando isso. Deveria falar isso pro Harry, mas não vou, tenho medo de que ele venha aqui.

Ela não fala nada e me fala que seu pai já está ali. Cumprimento o Senhor Hernandez e entro no carro. Depois de cinco minutos peço pra ele parar no próximo prédio, me despeço deles e saio. Passo pela recepção e a Mariah - a recepcionista - avisa que tem uma encomenda pra mim na minha porta, pergunto o que é e ela diz que é melhor eu mesma ver.

Quando paro diante da porta com um buquê de rosas vermelhas no chão, abro a boca de imediato. "Harry é um amor de pessoa, meu Deus". Abro a porta do apartamento e entro, boto o buquê em cima na mesinha de centro da sala e pego o cartão.

"Essas flores vão combinar com você e sua beleza reluzente. xx, a.s."

Depois de ler isso, eu desejo morrer. Ele sabe onde moro, "impossível cara". Pego as flores e jogo na lixeira da cozinha.

More Than This >> Harry S.Onde histórias criam vida. Descubra agora