Capítulo 43 - Refúgio

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O peso da notícia me atingiu como uma onda gigante, arrastando-me para o fundo de um mar escuro e sufocante. Meu celular escorregou das mãos e caiu no chão com um baque seco, mas eu mal percebi. Era como se o mundo ao meu redor tivesse sumido e restasse apenas um vazio insuportável, uma dor crua que crescia dentro de mim, espalhando-se por cada parte do meu corpo.

Eu cambaleei até o sofá, mas minhas pernas falharam no meio do caminho. Caí de joelhos no chão da sala, o peito arfando em busca de ar. Tentei respirar fundo, mas só consegui soltar um gemido entrecortado, como se alguém estivesse apertando minha garganta. Lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos, silenciosas no começo, mas logo se transformaram em uma enxurrada incontrolável.

A dor me engoliu inteira.

— Por quê...? — sussurrei entre soluços, mas a palavra morreu no ar, perdida na casa vazia.

Meu corpo inteiro começou a tremer, como se estivesse quebrando por dentro. Uma sensação de desespero se apossou de mim, e eu me curvei, abraçando meus próprios joelhos como se isso pudesse segurar as peças do meu coração que estavam desmoronando. Os soluços vinham fortes, sacudindo meu corpo a cada tentativa frustrada de respirar.

Meu peito ardia. A dor era física agora. Era como se cada batida do meu coração fosse uma faca cravada mais fundo.

— Juliette... não... — sussurrei entre lágrimas, apertando as mãos contra o rosto, tentando sufocar a dor, mas não havia nada que pudesse conter aquilo.

Meus pensamentos se atropelavam, confusos e desesperados. Como ela pôde fazer isso? Como pôde dizer aquilo? Não era só o beijo, mas as palavras. As palavras cruéis, cortantes, como se ela tivesse se vingado de mim, de nós.

Comecei a hiperventilar, o ar preso na garganta. Senti meu corpo fraquejar, e um gosto amargo subiu na boca, como se eu estivesse à beira de vomitar.

Não conseguia parar de chorar. As lágrimas vinham sem controle, pesadas e incessantes. Minha respiração estava descompassada, entrecortada por soluços que sacudiam todo o meu corpo.

Minhas mãos tremiam tanto que mal conseguiam segurar meu rosto, e uma sensação de impotência me dominava. Tudo desmoronava. Todos os sonhos, todas as promessas que construímos. Nosso bebê. Nosso casamento. A nossa casa. Tudo parecia evaporar diante daquela imagem, daquela notícia... daquele beijo.

E, então, a pior parte: eu a amava. Mesmo com toda a dor, com o peito em pedaços, eu sabia que a amava desesperadamente. E isso fazia tudo doer ainda mais.

Senti uma pressão no peito tão forte que parecia que meu coração iria explodir. O ar continuava falhando, os soluços não paravam, e eu me sentia afundar mais e mais em um abismo sem fim. Tudo o que eu queria era acordar daquele pesadelo, mas não era um sonho.

Era real. E a dor era insuportável.

Com a cabeça girando e o coração em frangalhos, enxuguei as lágrimas como pude, mas elas insistiam em cair. Cada vez que lembrava da imagem de Juliette e Kaique, parecia que uma nova onda de dor se erguia e me afogava de novo. Eu precisava sair dali. Precisava respirar, fugir daquele ambiente que, até então, era nosso refúgio, mas agora parecia sufocar.

Levantei-me do chão com dificuldade, as pernas trêmulas e os olhos inchados. Ir para o apartamento parecia a única coisa que fazia sentido. Talvez minha mãe estivesse certa o tempo todo. Talvez ela tivesse sentido que as coisas estavam indo rápido demais e eu não quis ouvir. Talvez aquilo fosse um aviso.

Fui até o quarto rapidamente, evitando olhar para os espaços que guardavam memórias nossas. A cama desfeita com o perfume da Juliette nos lençóis, as roupas dela no armário misturadas às minhas... Tudo parecia zombar da dor que me consumia. Meu único pensamento era sair dali.

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⏰ Última atualização: 2 hours ago ⏰

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