Capítulo 76

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Tentei entrar em contato com as duas funcionárias que haviam me alertado sobre a Ellen. Elas haviam sido tão sinceras aquele dia, mas, agora, parecia que elas estavam fugindo de qualquer envolvimento. Meu advogado também fez algumas tentativas para contatá-las, mas nada. Não respondiam às mensagens, nem às ligações. A sensação de estar sozinha, no meio de tudo isso, só aumentava.

Meu advogado entrou com um pedido para obter as filmagens das câmeras da empresa, na esperança de que alguma coisa pudesse ser capturada: talvez um gesto, algo que mostrasse a aproximação de Ellen comigo. A ideia era provar que as acusações de manipulação por parte dela eram mentira e que na verdade era ela que me assediava. Até aquele momento, a situação parecia um jogo de xadrez onde cada movimento nosso estava sendo estudado por todos ao redor, e qualquer falha poderia ser fatal.

Enquanto isso, eu continuava a trabalhar de casa e ficava o máximo de tempo com a minha família. Eu sei que tudo isso era um teste de resistência para a Juliette. Eu podia ver claramente como ela se segurava para não dizer "você não precisa trabalhar tanto" ou para não tentar me proteger mais.

Apesar disso, ela estava empolgadíssima com a ideia de eu abrir a minha própria empresa. Estava super entusiasmada, sempre falando sobre o que eu poderia fazer, os caminhos que poderia seguir, os passos que seriam necessários.

E então, ela teve a ideia. Um fim de semana em Paraty com a minha família.

— E se fôssemos para Paraty neste final de semana? Levar sua mãe e as meninas?

— Paraty? — perguntei. Inevitavelmente eu dei um sorriso ao lembrar do lugar.

— Sim! O lugar onde fizemos nossa primeira viagem juntas. — Ela deu um sorriso cheio de significado, e eu não pude evitar sentir o coração apertar de emoção. — Seria incrível levar sua família. Além disso, faz tempo que não vamos lá, e acho que precisamos de um pouco de ar puro, longe de toda essa confusão.

Não precisei pensar muito. O lugar tinha um significado especial para nós. Paraty foi o cenário da nossa primeira viagem juntas, quando eu ainda era uma simples fã que tinha a sorte de estar perto da pessoa que admirava. A ideia de voltar, agora como uma família, parecia perfeita.

Conversei com minha mãe e minhas sobrinhas, e elas ficaram animadas com a proposta. Clara e Alessia pularam de alegria ao ouvir sobre a viagem, ansiosas para explorar um lugar novo com a tia Juliette.

Na manhã de sábado, partimos. Juliette estava dirigindo, enquanto eu estava ao lado dela no banco da carona. Minha mãe estava no banco de trás com as meninas, e não parava de comentar sobre a paisagem. O trajeto foi cheio de risadas, histórias e músicas que as meninas escolheram – até porque, segundo Alessia, ninguém deveria ouvir música adulta o tempo todo.

Quando chegamos à cidade, a nostalgia me atingiu com força. As ruas de paralelepípedos, as fachadas coloridas e o charme colonial ainda estavam lá, tão encantadores quanto eu me lembrava. O ar tranquilo de Paraty parecia perfeito para nos desconectarmos de toda a confusão que estava acontecendo em nossas vidas.

Eu ficava lembrando de cada rua, quando a Juliette simplesmente segurava a minha mão e eu já morria de amores.

Nosso primeiro destino foi o hotel onde havíamos ficado na nossa primeira viagem. Juliette reservou um quarto para nós duas e outro para a minha família. Era incrível ver como as meninas ficaram encantadas com a arquitetura e o estilo do lugar. Alessia correu pelo pátio central, apontando cada detalhe das flores e da decoração, enquanto Clara tirava fotos de tudo com o celular.

— Foi nesse hotel que nos hospedamos da vez que viemos aqui... — Juliette sorriu ao falar para minha mãe, enquanto as crianças estavam longe, explorando cada parte do hotel.

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