No final do expediente, peguei minha bolsa e acenei para os funcionários ao sair da sala, tentando manter a leveza do momento. A sensação de liberdade que vinha com o fim do dia era algo que eu aguardava com ansiedade. Eu só queria chegar em casa, relaxar e deixar para trás as tensões que Ellen tinha colocado no meu caminho.Assim que estava prestes a sair pela porta, ouvi o som de passos apressados atrás de mim. Me virei e vi Ellen se aproximando, as chaves de seu carro balançando na mão, com um sorriso que eu sabia que não era completamente amigável.
— Sah, espera! — Ela chamou — Quer uma carona?
Não estava disposta a prolongar o dia com mais uma interação desconfortável, mas sabia que precisar explicar minha recusa seria a forma mais educada de encerrar a conversa.
— Não, obrigada, Ellen. Eu tenho transporte. — Respondi.
Ela arqueou uma sobrancelha, uma expressão de surpresa surgindo no rosto.
— Transporte? Passagem de ônibus? — Ellen perguntou, o tom carregado de uma curiosidade que eu sabia que não era inocente.
— Não, na verdade, meu motorista. — Respondi, sem esconder a paciência que estava começando a se esgotar.
No instante em que as palavras saíram da minha boca, Ellen soltou uma risada abafada, quase como se estivesse se divertindo com a situação.
— Ah, motorista... — Ela disse, o tom carregado de sarcasmo.
Eu respirei fundo, sentindo a tensão aumentar a cada palavra dela. O tom de Ellen tinha mudado novamente, e eu sabia onde ela queria chegar com esse tipo de provocação.
— Vou indo. — Respondi com firmeza, tentando manter o controle da situação. — Até mais.
— Claro, claro. Boa viagem de volta para casa — Ellen disse, a ironia ainda clara em suas palavras. — Bom, semana que vem nos vemos pessoalmente, mas continuaremos em contato durante a semana.
Ela se aproximou para tentar me abraçar. Quando senti seu corpo se aproximando, eu rapidamente dei um passo para trás, me afastando de maneira sutil, mas firme. Ellen parou no meio do movimento, surpresa, mas logo se recompôs. Sua expressão mudou rapidamente, e ela soltou uma risada abafada, como se achasse que já sabia o motivo da minha atitude.
— Ah, claro... — Ela murmurou, com uma risada irônica e eu sabia bem o que ela estava insinuando.
Eu senti o desconforto crescer dentro de mim, e com isso, meu controle se apertava. Não queria alimentar aquela provocação, então mantive meu olhar firme, evitando ceder a qualquer comentário mais impulsivo.
— Elle, como eu falei, eu prezo pelo profissionalismo. — Respondi calmamente, evitando dar mais margem para suas insinuações. — Apenas não gosto de trocas de afeto desnecessárias no trabalho.
Ela pareceu fazer uma pausa, observando-me, talvez tentando detectar alguma reação mais forte. Mas, ao invés disso, ela apenas deu de ombros, como se já estivesse satisfeita com o pequeno jogo que acabara de jogar.
— É que no primeiro dia você não fez isso. Mas tudo bem, Sah. — Ela disse. — Fique à vontade. Como preferir.
Ela se afastou e eu segui para o carro, sentindo o peso das interações do dia. Ellen estava claramente mais disposta a me provocar do que da última vez. Talvez fosse porque eu não cedi aos seus abraços e à sua generosidade disfarçada. A cada novo encontro, parecia que ela testava até onde podia ir, como se meu desconforto fosse uma espécie de prêmio para ela.
Assim que entrei no carro, o motorista me cumprimentou educadamente, e eu respondi. O dia tinha sido longo, e tudo o que eu queria era chegar em casa, tirar os sapatos e me jogar no sofá.
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Férias no Rio de Janeiro
FanfictionSarah, uma mulher moradora de Brasília, nunca imaginou que sua vida mudaria tanto ao assistir o BBB 21. Desde o primeiro momento, ela se encantou por Juliette, a advogada paraibana que cativou o Brasil com sua autenticidade e força. Como uma fã ferv...