O som da porta se fechando ecoou pela casa, como um ponto final em nossa conversa tensa. O silêncio que ficou depois parecia gritar, preenchendo cada canto com um peso sufocante. Fiquei ali, imóvel no meio da sala, minha respiração acelerada e os músculos ainda tensos pela raiva que tinha explodido. Mas, à medida que a adrenalina diminuía, a culpa começou a tomar conta de mim, lenta e avassaladora.A imagem do olhar de Juliette antes de sair não saía da minha cabeça. Seus olhos, normalmente tão cheios de ternura, estavam agora marejados, refletindo uma dor que eu mesma havia causado. O peso das minhas palavras parecia esmagar meu peito. Eu sabia que tinha sido cruel, que havia dito coisas que não refletiam o que eu realmente sentia. Juliette não merecia aquilo. Ela só queria me proteger, cuidar de mim e do nosso bebê, mas a confusão na minha cabeça me impediu de enxergar isso naquele momento.
A porta fechada na minha frente parecia uma barreira concreta entre nós. Estendi a mão na direção dela, hesitante, mas recuei. Conhecia Juliette o suficiente para saber que ela precisava de um tempo para processar as coisas antes de conversar novamente. Sempre foi assim: cinco minutos de silêncio para se recompor.
Suspirei, tentando encontrar algo para ocupar minha mente enquanto esperava. Caminhei até o banheiro, pensando que talvez um banho pudesse me ajudar a relaxar. A água quente escorrendo pelo meu corpo aliviou um pouco da tensão acumulada, mas minha mente continuava girando, repassando cada detalhe da briga e as palavras que não poderiam ser desfeitas.
Depois de me enrolar na toalha, voltei para a sala. A porta ainda estava fechada, exatamente como eu a havia deixado. Sentei no sofá, esperando. Olhei para o relógio. Os cinco minutos que normalmente eram suficientes para Juliette já haviam se transformado em trinta. Aquela espera estava começando a me enlouquecer.
A cada segundo que passava, meu arrependimento crescia, e a sensação de impotência parecia me consumir. Eu precisava falar com ela, precisava consertar as coisas. Mas, ao mesmo tempo, tinha medo de forçar uma conversa antes de ela estar pronta. Meus dedos tamborilavam no braço do sofá, enquanto meu coração batia cada vez mais rápido. A incerteza de quanto tempo mais Juliette ficaria do outro lado da porta estava me deixando à beira de um colapso.
Decidi então me levantar e fui até a porta do quarto. Ao abri-la, encontrei Juliette deitada de lado, toda encolhida, de costas para mim. Seus leves soluços preenchiam o silêncio do ambiente, e cada som parecia rasgar meu coração. Ela ainda estava chorando.
Com passos lentos, me aproximei da cama e me deitei atrás dela.
— Amor, podemos conversar? — perguntei em um tom suave, mas Juliette não respondeu. Apenas deu mais um soluço e balançou a cabeça em um sinal negativo.
— Meu amor... — murmurei, inclinando-me sobre ela, apoiando-me com cuidado.
Ela se virou ligeiramente, e seus olhos vermelhos e inchados se encontraram com os meus. A dor neles era evidente, como se cada lágrima carregasse o peso das minhas palavras.
— Não faz isso, — ela disse, a voz embargada, — pode machucar a...
Sua frase ficou suspensa, e então, como se fosse incapaz de continuar, seu choro intensificou. Sua expressão se fechou, e ela afundou o rosto no travesseiro.
— Deixa pra lá, — murmurou — eu não devo dizer o que você deve fazer.
Suspirei profundamente, sentindo meu peito apertar ainda mais. Me ajeitei novamente atrás dela.
— Eu não vou me debruçar em você, meu amor. Mas você pode, por favor, se virar de frente para mim? — pedi em voz baixa, quase como um apelo.
Ela permaneceu imóvel por alguns segundos, mas, por fim, virou-se lentamente para me encarar. Seus olhos ainda estavam cheios de lágrimas, e seu rosto exibia uma expressão de mágoa que me desarmou por completo. Torci o lábio, desanimada, ao vê-la tão fragilizada.
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Férias no Rio de Janeiro
FanficSarah, uma mulher moradora de Brasília, nunca imaginou que sua vida mudaria tanto ao assistir o BBB 21. Desde o primeiro momento, ela se encantou por Juliette, a advogada paraibana que cativou o Brasil com sua autenticidade e força. Como uma fã ferv...