Nós, os sonhadores/2

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E mais uma vez Gracineide entra sorrindo no humilde salão de beleza da sua amiga que ficava há poucos metros de distância de sua casa. Todo mundo gostava e admirava muito a dona Gracineide, ela era uma mulher que já tinha lá seus cinquenta e tantos anos de idade e não era nada bonita segundo os padrões de beleza estabelecidos pela sociedade, mas isso não importa. Nunca importou na verdade. Ela era linda!
Sempre que podia lá estava ela no salãozinho de sua amiga pintando as unhas dos pés e das mãos, fazendo progressiva e tingindo o cabelo. Sua vaidade era digna de orgulho, além de fazer seu “trabalho que nunca acaba”, como dizia, a dona de casa adorava fazer surpresas para seu marido, não tinha vergonha em dar uma volta para mostrar seu novo corte de cabelo e como combinava com tal vestido. E como combinava! A dona de casa era uma guerreira, mesmo com glaucoma, pressão elevada na visão, hipertensão e diversos problemas na coluna, batalhava continuamente contra as armadilhas da depressão.
Percebendo a enorme felicidade de Gracineide, digna de atenção e até de inspiração, Eliane, sua amiga, perguntou:

– De onde vem toda essa alegria Gra?
– Sabe Eliane, estou muito orgulhosa, meu filho acaba de se formar e me surpreendi ao vê-lo tão popular! Ontem ele leu um texto lindo que escreveu. Me sinto a mãe mais feliz do mundo!

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