Feliz para sempre

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Era uma vez uma garotinha que se chamava Camila. Ela era quase igual a todas as outras crianças, vivia em uma casinha comum que mais parecia uma caixinha, que ficava num lugarzinho muito pequeno, mas cheio de casinhas igualmente comuns, caixinhas simples e coloridas. E todo o dia Camila ia e voltava de uma caixinha, que era chamada de escola, com suas amiguinhas quase iguais, mas com diferentes tons e intensidades. Parecia estranho para a garotinha, mas ela sentia algumas outras cores e diferenças: havia um motivo.

Nos fins de semana os adultos iam jogar golf e tomar as suas bebidas caras e formais, enquanto as crianças brincavam no parque. E foi em um desses fins de semana que ela desobedeceu a seus pais. Foi fazer uma coisa incrível: simplesmente foi aproveitar a lama para brincar de comidinha. Foi então que ela sentiu brilhar outra cor, uma que nunca tinha visto antes e era mais viva do que nunca.

As outras criancinhas se afastavam de Camila dizendo-lhe que ela estava muito encrencada. Contaram para seus pais e eles fizeram o necessário para que ela nunca repetisse tal erro, depois de uma bronca assustadora, ensinaram a ela que era errado, repugnante e antiético. Sem entender direito o que eram essas palavras, ela fingiu ter aprendido.

Noutro dia, quando sua irmã festejava sua formatura numa outra caixa chamada faculdade, Camila sentiu tédio. Essas cores comuns não eram mais bonitas como as outras que tinha visto outro dia. Tudo tinha se tornado tão comum e sem graça depois que ela sentiu aquela cor infinita. Foi então que surgiu a ideia maluca de desobedecer novamente seus pais para sentir alguma outra cor.

E não é que Camila sentiu novamente essa tal de cor infinita?

Essa cor foi expressa em seus olhos e sorriso mesmo sabendo que ia levar outra bronca assustadora depois, ela não ligou, explicaria a eles e tentaria mostrar a grandeza do momento, tentaria fazê-los sentir o agora de outra forma. Mas... seria possível descrever uma cor que ninguém jamais viu? Não sabia. E, por enquanto, apenas corria sentindo o seu sorriso eterno. De apenas um segundo.

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