Em busca do tesouro/3

1 0 0
                                    

Após um bom tempo observando aquilo, a imagem foi desaparecendo aos poucos e tudo voltou a ser normal como antes. Já estávamos indo para nossos devidos lugares e as aeromoças finalmente suspiravam aliviadas. Todos estavam inquietos e completamente eufóricos, “nada disso parece ser real, mas eu quero que aconteça de novo, nunca me senti assim” pensei eu. E apostaria que todos pensavam a mesma coisa.
Nessa viagem alucinante que todos tivemos, perdemos as contas de quantas vezes tentamos explicar para nossos amigos e familiares sobre as coisas belas e surreais que vemos. Sobre as emoções e sensações. E naquele momento cada um de nós percebeu o quanto a realidade poderia ser inacreditável, o impossível tornara-se real. Não mais chata, repetitiva, monótona. Ninguém sabia explicar o que aconteceu.
Quando o avião aterrissou e todos nos preparávamos para sair, de repente, o garotinho de chapéu engraçado surgiu do meu lado e saiu correndo para longe, entrando no aeroporto. Uma aeromoça correu desesperadamente para segurá-lo – achara que o garotinho era um passageiro –, na correria ela gritou muito zangada para que todos ficassem parados em saíssem em ordem sem nenhuma algazarra. Obedecemos. Todos nós riamos e sorríamos alegres e muito ansiosos – esperávamos algo mais, suponho. A aeromoça corria desesperada atrás do garotinho, tropeçava, trombava nas pessoas, desviava e pulava obstáculos... um leve sorriso se desenhara em seu rosto, seus olhos brilhavam, foi estranho, mas de repente,toda aquela expressão transbordava alegria! Mais há frente quando ela finalmente alcançou o garotinho, que desastrado como era tropeçou e caiu feio, ela o segurou pelo braço e o fez parar de correr, advertiu-o para parar de correr, retomou o fôlego e voltou andando com ele.
Após apenas dez passos o garotinho olhou para a aeromoça e disse-lhe algo ao ouvido e então a luz tênue da lua repleta de liberdade iluminou o local, tudo ficou mais claro e mais brilhante com o tempo, e no final, tudo brilhou intensamente – mistério! Nenhum de nós sabia o que estava acontecendo, mas não nos importávamos, afinal, estávamos vivenciando o presente momento. Depois do brilho perder a intensidade, todos nós (incluindo todos que estavam no aeroporto) percebemos algo diferente, todo o local estava colorido, havia vários balões de gás hélio de várias cores diferentes, haviam plantas, árvores, flores, balanços e casas nas árvores, escorregadores... além de crianças brincando, haviam emoções, sons, sabores e sensações diferentes. Gritos e gargalhadas ecoavam por todos os lugares. Tudo soava como memórias, imaginações, sonhos.
No painel dos horários dos respectivos voos, apareceu escrito:

Um pensamento distante evoca emoções outrora vividas,
O vento fraco da noite anima as folhas em sua dança.
É a canção das velhas árvores entoada para você,
Preste atenção aos pequenos detalhes.
Todo o seu amor, toda a sua canção e imaginação
Está impressa na sua realidade. Sinta-a.

O Segredo do Universo Onde histórias criam vida. Descubra agora