A desobediência implora por urgência

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Era um dia comum e não havia nada fora do normal, estava no carro voltando do hospital e meus pais estavam na frente, olhando para frente. Calados. Estava bem escuro, mas a cidade se movimentava, continuava se movimentando, já estava tarde, e ela não estava cansada, ninguém estava. Ninguém tinha tempo para se sentirem cansados. Ninguém via o sol se pondo e o quão lindo ele estava...
Muitas grades, muitos ferros, cercas e muros, e enormes paredes de tijolos. Velhas, sujas e pichadas. Nomes feios, sem sentido. Aos poucos as luzes artificiais iam acendendo. São essas as luzes de que todos precisam. As luzes vinham e iam, se deformavam com as poucas gotinhas de água que continuaram no vidro do carro depois da chuva que caíra pouco antes.
Era um dia comum, não havia nada fora do normal. E era isso o que me incomodava.
Deitei a cabeça sobre a janela e pensei: "por quê?". E foi essa simples pergunta que fez o meu mundo desmoronar. De novo.
Não pude fazer nada, porque os psiquiatras me ensinaram que não devo me preocupar com isso, porque eu tenho um problema no cérebro que me faz pensar essas coisas. Um probleminha chamado Vida, que insiste em me atacar quando estou vulnerável. Eles irão me ajudar a morrer com um novo tratamento amanhã quando eu voltar para a clínica. Todos estão contentes porque estou cooperando.
Cansei de dizer a eles para abrirem a janela e verem o quão lindo é o horizonte...

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