O ambiente dentro da casa de Alex estava pesado, quase sufocante. Desde o funeral de Arthur, as coisas haviam mudado ainda mais. Emilly passava a maior parte dos dias se sentindo em constante alerta, observando Alex com cautela, como se qualquer movimento pudesse ser a faísca para uma nova explosão. Ela tentava encontrar formas de se adaptar ao que ele estava se tornando, mas não conseguia ignorar o medo constante que a acompanhava.
Naquela tarde, ela se viu pegando o telefone e mandando uma mensagem para Thomas. O simples pensamento de desabafar com ele trazia um conforto inesperado. Ele sempre tinha uma resposta calma, com palavras que pareciam acalmar seu coração. Thomas não sabia tudo o que estava acontecendo, mas captava a seriedade no tom de Emilly. Depois de algumas trocas de mensagens, ele sugeriu que se encontrassem em um café.
Quando Emilly chegou, ele já a aguardava, sentado em um canto discreto. Thomas se levantou para abraçá-la, e Emilly sentiu uma paz que não conseguia sentir há algum tempo. Eles conversaram por horas, e pela primeira vez em dias, ela sentiu que podia respirar. Ele escutava cada palavra, cada dúvida e, mais do que tudo, sua dor. Quando ela confessou que temia a mudança em Alex, Thomas colocou a mão sobre a dela.
— Você sabe que não precisa suportar tudo isso sozinha, né? — a voz dele era baixa, quase em um sussurro. — Eu estou aqui, sempre estive.
Aquela frase ecoou em sua mente enquanto ela voltava para a casa de Alex. Ao cruzar a porta, Alex estava sentado na sala, esperando por ela. Havia uma frieza em seu olhar que a fez estremecer.
— Onde você estava? — perguntou ele, sua voz carregada de uma irritação contida.
Ela hesitou, sentindo-se repentinamente culpada, mas respondeu que estava apenas precisando de um tempo sozinha. Ele olhou para ela por alguns instantes, em silêncio, antes de se levantar.
— Lembra que eu disse que somos só nós dois? — A voz dele soou quase como uma ameaça disfarçada. Emilly assentiu, sentindo o peso daquela frase.
Emilly mal teve tempo de reagir quando Alex a puxou pelo braço, seu aperto forte e impiedoso. O olhar dele, cheio de uma possessividade fria, fez com que ela sentisse um arrepio atravessar seu corpo. Ele a guiou pelo corredor até o quarto, fechando a porta com força.
— Preciso que você entenda uma coisa, Emilly. — A voz dele era baixa, mas cada palavra parecia afiada, como se estivesse colocando uma barreira entre ela e qualquer senso de segurança que ainda restava. — Se você está comigo, você é minha. Totalmente.
Ela tentou desviar o olhar, mas ele segurou seu rosto, obrigando-a a encará-lo. Alex estudava cada detalhe de sua expressão, sua respiração acelerada, o brilho de medo em seus olhos. Sentindo-se pressionada, Emilly tentou manter a calma, buscando as palavras certas para apaziguá-lo.
— Alex... eu só queria um tempo... pra mim. As coisas estão difíceis. Eu só queria... respirar.
Ele soltou uma risada curta, sem humor, como se a justificativa dela fosse ridícula.
— Respirar? — Ele repetiu, incrédulo, apertando seu queixo. — E acha que eu não tenho meus problemas? Que eu não tenho coisas para lidar? — O tom dele era amargo, sua voz começando a tremer de raiva.
Ela sentiu lágrimas se acumularem em seus olhos, mas Alex pareceu ainda mais instável ao vê-la assim.
— Ah, não comece com isso — ele murmurou, soltando-a bruscamente. — Sempre se fazendo de vítima, não é? Como se fosse sempre eu o errado... — Ele deu um passo para trás, gesticulando com raiva. — Mas quem é que estava lá quando você estava perdida, quando ninguém mais estava disposto a aguentar seus dramas?
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Cicatrizes Invisíveis ( Em Revisão)
RomanceSinopse "Cicatrizes Invisíveis" mergulha na vida de Emilly Keterine Reynolds, uma jovem de 17 anos em busca de seu lugar em um mundo repleto de desafios. Nascida em Nova York, Emilly cresce em um lar onde a dinâmica familiar é complexa e cheia de so...