Labirintos da Alma

6 1 0
                                    

A manhã surgiu sombria e carregada, refletindo a tormenta interna que Emilly enfrentava. A chuva caía incessantemente lá fora, batendo contra as janelas com a fúria de sentimentos reprimidos. Sentada à beira da cama, os pés descalços no chão gelado, Emilly olhava para o vazio, perdida em seus próprios pensamentos. O eco do beijo intenso com Alexander ainda ressoava em sua mente, provocando uma mistura de desejo e pavor. Cada lembrança o trazia à tona, como um fogo que não se apagava.

Ela fechou os olhos, lembrando da forma como ele a segurou, a possessividade em seu toque. Era uma atração avassaladora, mas também algo que a aterrorizava. A sensação de estar sendo consumida por ele a fazia se sentir vulnerável e exposta. Emilly odiava essa fraqueza, mas não conseguia evitar.

Ligação:

— Emilly? — a voz de Sarah trouxe-a de volta à realidade. Ela olhou pra Emilly pela dela do celular com os cabelos  bagunçado e uma expressão sonolenta. Assim que viu Emilly sentada em silêncio, sua expressão se transformou em preocupação. — Você está bem?

Emilly hesitou, sentindo o peso das emoções esmagá-la. O que ela poderia dizer? Que estava assustada com a intensidade dos sentimentos que Alexander despertava? Que se sentia como se estivesse se afundando em um abismo de confusão emocional?

— Só estou pensando... — respondeu, a voz embargada.

Sarah se aproximou e sentou-se ao seu lado, a mão dela envolvendo a de Emilly.

— Isso não é só pensar. O que está acontecendo? Você pode me contar.

A pressão das palavras não ditas fez Emilly se sentir como se estivesse sufocando. A última coisa que queria era abrir seu coração e se expor ainda mais. Mas a preocupação nos olhos de Sarah a encorajou a falar.

— Eu… não sei o que fazer. A noite passada foi… intensa. Mas isso me assusta — Emilly finalmente admitiu, as lágrimas ameaçando escapar. — Eu sinto que estou perdendo o controle de mim mesma.

Sarah a observou, seus olhos cheios de empatia.

— Eu entendo. A intensidade pode ser aterrorizante, especialmente quando temos medo de nos machucar.

Emilly balançou a cabeça, lutando contra a avalanche de sentimentos.

— O que estou fazendo com a minha vida? O que eu realmente quero?

— E o que você sente por Alexander? — perguntou Sarah, a voz suave, mas incisiva.

As palavras de Sarah a atingiram como um golpe. Era isso que a atormentava: a confusão entre a atração e a necessidade de proteção.

— Eu não sei. Há momentos em que sinto que ele é tudo que eu sempre quis… e, em outros, sinto que estou me afundando em um mar de possessividade. — Emilly falou, seu coração batendo acelerado.

— Você se sente presa? — Sarah questionou, e a expressão no rosto de Emilly respondeu antes que ela pudesse verbalizar.

— Sim, é como se ele estivesse me puxando para um lugar que não conheço, e isso me assusta. — Emilly admitiu, a voz trêmula. — O medo de perder o controle, de ser engolida por ele…

Sarah segurou sua mão com mais força, seus olhos cheios de determinação.

— Então, você precisa ser clara com ele. Dizer o que sente e o que teme. Não deixe que o medo decida por você.

Emilly respirou fundo, sentindo-se um pouco mais forte com as palavras de apoio da amiga. A conversa havia despertado uma centelha de coragem dentro dela, mas ainda havia a sombra da dúvida.

Cicatrizes Invisíveis ( Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora