Prólogo

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Em uma Nova York onde as luzes nunca se apagam e os arranha-céus tocam o céu, a vida de Emilly Keterine Reynolds se desenrolava nas sombras, quase invisível para aqueles que passavam. Aos dezessete anos, seu olhar carregava o peso de experiências que pareciam além da sua idade. Os cabelos negros, como um manto, caíam ao redor de seu rosto delicado, escondendo marcas de um passado que ela preferia não lembrar. Seus olhos, de um preto profundo, refletiam uma alma ferida, onde o brilho da esperança lutava contra a opressão das cicatrizes invisíveis.

Desde a infância, Emilly aprendera a arte de se ocultar. O lar que deveria ser um refúgio tornou-se um labirinto de medos e silêncios. Seu pai, Robert, era uma figura imponente, cujas explosões de raiva transformavam o ambiente familiar em um terreno de tensão constante. A busca pela perfeição e o controle absoluto eram suas marcas registradas, deixando Emilly à mercê de um padrão impossível de alcançar. Margareth, sua mãe, era a luz que se esforçava para iluminar a escuridão, mas mesmo sua força e amor pareciam insuficientes diante do domínio de Robert.

Na escola, Emilly movia-se como um espectro, evitando olhares e mantendo-se à margem. Enquanto seus colegas navegavam pela adolescência com risos e promessas, ela permanecia à parte, observando em silêncio. Contudo, havia um fio de esperança que a conectava ao mundo: sua amizade com Sarah Mitcheil. Sarah, com sua energia vibrante e risadas contagiosas, era uma âncora em meio à tempestade emocional que cercava Emilly. Juntas, elas criaram um refúgio, um espaço onde os desafios do cotidiano pareciam um pouco mais suportáveis.

Foi em uma dessas raras ocasiões de alegria que Emilly conheceu Alexander Topenson. A festa estava cheia de risos e música, um turbilhão de cores e luzes. Emilly, nervosa e deslocada, buscava um canto onde pudesse se sentir segura. Então, a presença magnética de Alexander se destacou. Com seus cabelos castanhos e um sorriso enigmático, ele parecia ter a habilidade de enxergar além das barreiras que Emilly construíra ao seu redor. A conexão entre eles foi instantânea, um brilho inesperado em meio à sua realidade sombria.

Mas a vida, como sempre, trazia suas complicações. Alexander não estava sozinho; Victoria Sinclair, sua ex-namorada, fazia questão de manter-se à espreita, uma sombra que ameaçava a nova felicidade de Emilly. A insegurança e a rivalidade se entrelaçavam, intensificando os medos que Emilly carregava.

Enquanto a vida seguia seu curso, as tensões em casa se agravavam. O ambiente familiar tornava-se cada vez mais insustentável, um cenário onde a esperança parecia um luxo inalcançável. As visitas à casa de Alexander se tornaram um refúgio necessário, mas também um campo de batalha emocional. Emilly se via dividida entre a segurança que ele oferecia e o desejo de liberdade que pulsava em seu coração.

Em uma noite qualquer, enquanto Nova York brilhava ao seu redor, Emilly se encontrou na varanda do apartamento de Alexander, observando as luzes da cidade. Cada ponto de luz era um sonho, uma promessa de algo mais. Pela primeira vez, um fio de coragem começou a crescer em seu peito. A vida que conhecia era uma teia de dor, mas talvez, apenas talvez, houvesse uma saída. E naquele momento, com Alexander sorrindo para ela, Emilly percebeu que a esperança poderia ser a chave para abrir novas portas.

Enquanto as estrelas brilhavam sobre a cidade, Emilly refletia sobre os caminhos que a levaram até ali. As memórias de seu passado, embora pesadas, não podiam mais definir seu futuro. A ideia de escapar da prisão invisível que a cercava se tornava cada vez mais atraente. Com cada respiração profunda, ela sentia que a vida estava pronta para se desenrolar diante dela, como um livro em branco, esperando para ser preenchido com novas histórias e experiências. Seria possível transformar dor em força e criar uma nova narrativa?

Com essa determinação crescente, Emilly olhou para Alexander, que parecia tão confortável em seu próprio mundo. Havia algo nele que a fazia sentir-se segura, mas também inquieta. A linha entre proteção e controle era tênue, e Emilly se perguntava se poderia confiar nele. Enquanto a música da festa ecoava ao fundo, ela decidiu que era hora de enfrentar seus medos. Era hora de reivindicar sua vida e, finalmente, começar a escrever seu próprio destino, mesmo que isso significasse encarar as sombras que a perseguiam.

Cicatrizes Invisíveis ( Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora