Entre Ruínas e Esperança

10 2 2
                                    

Depois de semanas intensas e carregadas de tensão entre Emilly e Alexander, finalmente haviam decidido retornar para Nova York. A viagem de volta fora marcada por uma mistura de alívio e ansiedade. Para Emilly, a cidade onde cresceu ainda guardava memórias dolorosas, mas havia algo de reconfortante em saber que estaria de volta à casa de sua mãe, Margareth, onde esperava encontrar um pouco de paz.

— Tem certeza de que não quer que eu vá com você? — Alexander perguntou, estacionando o carro em frente à casa.

— Sim, eu preciso resolver algumas coisas sozinha — respondeu Emilly, tentando disfarçar a tensão que tomava conta de seu corpo. — Não vai demorar, prometo.

Alexander a observou sair do carro, com um olhar preocupado, mas confiava em sua decisão. Ela se afastou, sentindo o peso das emoções reprimidas. O caminho até a porta parecia mais longo do que o normal, como se seus pés estivessem hesitantes em seguir adiante.

Quando Emilly chegou à porta, notou que estava entreaberta. Isso a fez hesitar. Sua mãe era extremamente cuidadosa com a casa, e algo parecia fora do comum. Um frio percorreu sua espinha, mas ela empurrou a porta devagar, sem fazer barulho. O som de risos abafados e vozes suaves ecoava pela sala de estar.

Seus pés moveram-se automaticamente, levando-a até o final do corredor. O que ela viu a fez congelar no lugar.

No sofá, Margareth estava deitada com um homem. As roupas desarrumadas, o cabelo bagunçado de Margareth e a postura íntima que os dois compartilhavam revelavam mais do que qualquer explicação poderia oferecer. Os olhos de Emilly se arregalaram, seu corpo tenso.

— Mãe? — Sua voz saiu como um sussurro, chocada.

Margareth, imediatamente, afastou-se do homem com um sobressalto, suas mãos trêmulas tentando ajustar o vestido enquanto se levantava. O homem olhou para Emilly, surpreso, mas manteve a calma, levantando-se lentamente.

— Emilly! — Margareth exclamou, visivelmente desconcertada. Ela olhou de Emilly para o homem, como se tentasse achar palavras que não vinham.

— O que... o que está acontecendo aqui? — Emilly conseguiu perguntar, ainda paralisada pela cena.

O homem, ainda se recompondo, ajeitou a camisa de forma casual. Ele parecia calmo, em contraste com a reação desesperada de Margareth.

— Quem é ele? — A voz de Emilly estava baixa, mas havia uma ponta de raiva e incredulidade ali.

Margareth abriu a boca para responder, mas o homem deu um passo à frente, com um sorriso contido, porém suave.

— Meu nome é David — disse ele, a voz baixa e cheia de segurança. — Um velho amigo da sua mãe.

Emilly franziu a testa, confusa. "Velho amigo?" Isso não fazia sentido. Ela nunca ouvira falar de David antes.

— Amigo? — Emilly repetiu, encarando Margareth. — Mãe, quem é ele de verdade? O que ele está fazendo aqui?

Margareth desviou o olhar, claramente desconfortável com a situação. Respirou fundo, lutando para se recompor.

— David e eu nos conhecemos há muitos anos... antes de você nascer — começou ela, a voz trêmula. — Ele... ele foi alguém muito importante na minha vida.

David ficou em silêncio, observando as duas com um olhar enigmático, mas não interrompeu.

— E você nunca me contou sobre ele? — A incredulidade na voz de Emilly crescia. — Mãe, eu não entendo. Por que esconder algo assim de mim?

Margareth apertou as mãos, claramente lutando com suas emoções.

— Não era algo que eu queria reviver, Emilly — ela disse com dificuldade. — Nossa história... foi complicada.

Cicatrizes Invisíveis ( Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora