Entre sombras e cicatrizes

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A atmosfera estava tensa, pesada, como se o ar tivesse se tornado denso com as emoções não ditas. Emilly se sentou na cama, seu olhar perdido na parede oposta, onde a luz do sol entrava timidamente pelas cortinas. O cheiro do café que Thomas havia preparado ainda pairava no ar, mas ela não conseguia se concentrar nas coisas simples. As lembranças das últimas semanas a atormentavam; cada momento de amor e dor a deixava em um estado de confusão emocional.

— Você precisa falar com ele — a voz de Sarah ecoou na mente de Emilly, uma lembrança do momento em que as duas conversaram sobre as dificuldades que enfrentavam. Sarah sempre a apoiou, mas Emilly sabia que a verdadeira batalha estava dentro dela. O que ela mais temia era enfrentar Alex novamente, o homem que a fazia sentir tanto e, ao mesmo tempo, a destruía. Ela se lembrou da última vez que ele a agrediu, das palavras cruéis que proferiu como se fossem facas.

A porta se abriu lentamente, revelando Thomas. Ele estava preocupado, os olhos escuros analisando cada detalhe da expressão de Emilly.

— Você está bem? — ele perguntou, hesitante, como se temesse que qualquer palavra errada pudesse quebrar a frágil barreira que cercava Emilly. Ela olhou para ele, tentando esconder a tempestade que se formava dentro dela.

— Estou… estou tentando — ela respondeu, a voz quase um sussurro. A verdade era que estava longe de estar bem. Thomas se aproximou, sentando-se ao seu lado na cama. Havia uma conexão entre eles que Emilly não podia negar. Era um laço de compreensão e, talvez, algo mais.

— Não precisa passar por isso sozinha — ele insistiu, colocando uma mão reconfortante em seu ombro. Emilly queria acreditar nele, mas o medo a prendia. O que Alex faria se soubesse que ela estava se abrindo para outra pessoa? A raiva e o ciúme que ele sentia a aterrorizavam.

— Eu só… eu não sei como lidar com isso. — As lágrimas começaram a se formar em seus olhos. — Ele… ele se transforma. Não é só o físico; é como se ele se tornasse outra pessoa, alguém que eu não conheço. E quando isso acontece… eu só quero desaparecer.

Thomas a observou, a expressão dele mudando de preocupação para determinação.

— Emilly, você não pode ficar presa a isso. Você merece ser feliz, merece estar segura. — A intensidade de suas palavras fez o coração dela acelerar. O olhar dele era firme, um convite para que ela confiasse nele.

— E se eu não souber como? — a pergunta saiu como um suspiro, carregada de desespero. A ideia de romper com Alex a aterrorizava, mas a ideia de continuar assim era insuportável.

— Você vai descobrir. Um dia de cada vez. E eu estarei aqui para te ajudar — disse Thomas, enquanto acariciava gentilmente suas costas. O toque dele era cálido, e Emilly começou a se sentir um pouco mais leve.

Mas a paz foi rapidamente interrompida quando a porta se abriu novamente. Alex apareceu, e a atmosfera mudou instantaneamente. O olhar dele percorreu a sala, primeiro fixando-se em Thomas e depois em Emilly. A tensão era palpável, como um fio prestes a se romper.

— O que você está fazendo aqui? — a voz de Alex era fria, cortante. O coração de Emilly disparou; ela queria se esconder, mas sabia que não poderia.

— Eu só estava... — Thomas começou, mas Alex o interrompeu, seu olhar penetrante e cheio de raiva.

— Não se meta na minha vida, Thomas. Você não sabe com quem está lidando. — Alex avançou em direção a eles, e Emilly sentiu o pânico subir. As lembranças de agressões passadas voltaram à tona.

— Alex, por favor… — Emilly disse, tentando acalmar a situação, mas suas palavras pareciam ecoar em vão. A intensidade nos olhos dele fazia seu estômago revirar.

Cicatrizes Invisíveis ( Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora