Cicatrizes Invisíveis ( Em Revisão)

Sob o Véu da Proteção

Emilly estava na biblioteca da escola, mergulhada em um livro que parecia absorver todos os seus pensamentos. Desde a morte de seu pai, a leitura se tornara uma espécie de refúgio, um lugar onde podia se perder e esquecer os pesadelos que a assombravam. Mesmo ali, entre as prateleiras repletas de livros, ela sentia um vazio que a acompanhava, uma solidão que não conseguia dissipar.

Alexander entrou na biblioteca silenciosamente, os olhos imediatamente encontrando Emilly sentada sozinha em uma mesa. Seu rosto se suavizou ao vê-la, e ele se aproximou com passos leves, como quem se aproxima de um animal ferido.

"Emilly," ele disse suavemente, sentando-se na cadeira ao lado dela. "Eu sabia que te encontraria aqui."

Ela levantou os olhos do livro, forçando um sorriso ao ver Alexander. Havia algo reconfortante em sua presença, mesmo que uma parte dela não soubesse ao certo por quê. "Oi, Alexander. O que você está fazendo aqui?"

Ele deu de ombros, ainda com um sorriso caloroso no rosto. "Eu estava preocupado com você. Tem passado tanto tempo sozinha ultimamente... Queria ter certeza de que você está bem."

Emilly suspirou, fechando o livro que segurava. "Estou bem, só... pensando. Às vezes, é mais fácil ficar sozinha, sabe? Colocar os pensamentos em ordem."

Alexander inclinou-se um pouco mais, seus olhos fixos nos dela, cheios de uma compreensão quase paternal. "Eu entendo, Emilly. Mas você não precisa enfrentar tudo isso sozinha. Não agora. Você sabe que sempre pode contar comigo, não sabe?"

Ela assentiu, sentindo uma onda de gratidão e culpa. Alexander sempre estivera ao seu lado, especialmente após a morte de seu pai. Ele era a única pessoa que parecia se importar genuinamente, que estava lá para ela. "Eu sei, Alexander. Você tem sido um amigo incrível."

Ele estendeu a mão e acariciou suavemente o braço dela. "Não sou apenas um amigo, Emilly. Sou alguém que se importa profundamente com você. Tudo o que quero é ver você feliz, ver o brilho voltar aos seus olhos."

Emilly olhou para ele, seus olhos negros encontrando os dele. "Eu... Eu não sei se consigo voltar a ser a mesma de antes. Tem sido difícil..."

Alexander a interrompeu, apertando sua mão de maneira carinhosa, mas firme. "Eu sei, e isso me parte o coração. Mas você não precisa se preocupar com mais nada, Emilly. Seu pai... ele não pode mais te machucar. Você está segura agora. E eu vou fazer tudo o que for preciso para te manter assim."

Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Alexander era sempre tão protetor, tão certo de que podia salvá-la de tudo. Havia algo no olhar dele, uma intensidade que a deixava ao mesmo tempo confortável e inquieta. "Obrigada, Alexander. Eu realmente aprecio tudo o que você faz por mim."

"Não precisa me agradecer," ele respondeu, com um sorriso suave, escondendo qualquer indício da escuridão por trás de suas ações. "Ver você sorrir de novo já é recompensa suficiente. E farei o que for preciso para que você possa sentir alegria novamente, mesmo que isso signifique cuidar de qualquer problema que surja."

Enquanto ele falava, Emilly não tinha ideia do que ele havia feito, de como havia silenciado para sempre o homem que a aterrorizava. Para ela, Alexander era seu porto seguro, alguém que se importava profundamente com seu bem-estar. E ele, com sua doçura e proteção manipuladora, estava determinado a garantir que isso não mudasse.

Alexander manteve sua mão sobre a de Emilly por um momento mais longo do que o necessário, sentindo o leve tremor em seus dedos. Ele sabia o quanto ela estava frágil, o quanto a morte do pai a havia abalado. E, embora ele se sentisse culpado por não compartilhar a verdade com ela, também sabia que essa omissão era necessária. Era um sacrifício que ele estava disposto a fazer para manter Emilly em segurança. A verdade não traria nada além de dor.