thirty three.

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Desde que soube o quanto custava a cirurgia de Miguel, Sofia havia arrumado um emprego. Sabia que a família Diaz não iria poder pagar sem se endividar e contava com doações da comunidade, então decidiu arrumar um emprego de meio período como ajudante em uma creche que havia ali pela região. Ela adorava crianças, sempre se dera bem com aqueles mini seres humanos, e tudo o que ela poderia fazer pra ajudar Miguel, ela faria.

Nesse momento, ela estava com um garotinho de apenas três anos no colo. Já havia dado o horário da saída, e todas as crianças haviam ido embora e só ele ficado, e quando ele percebeu ser o único a ficar pra trás, começou a chorar assustado, a garota tentava acalmá-lo enquanto as outras cuidadoras tentavam conseguir algum contato com a mãe, que estava atrasada

— Oi, princesa, pronta pra ir embora? — Falcão apareceu na batente da porta da sala de aula, todos os dias ele ia buscá-la. — Eita, o que o pirralho tem?

— Não chama ele assim. — brigou enquanto fazia carinho na cabeça do garoto, que ainda chorava agarrado em seu colo. — A mãe não apareceu pra buscar, e ele ainda tá em período de adaptação. Eu não sei mais o que fazer, ele não para de chorar mas também não quer sair do meu colo.

— Deixa eu tentar alguma coisa. — ele finalmente entrou na sala, indo até os dois, ficando na frente do garotinho. — E aí, carinha, qual seu nome?

— Noah. — disse com dificuldade pelo choro.

— Oi, Noah, eu sou o Falcão. — se apresentou, tirando uma leve risada do mais novo, o que fez Sofia arregalar os olhos, por ele finalmente ter alguma reação diferente. — O que foi? Achou meu nome engraçado?

— Sim, você tem nome de passarinho. — esse garotinho seria melhor amigo de Johnny Lawrence se tivessem a chance de se conhecerem. — E seu cabelo é diferente, é espetado.

— Se chama moicano. — explicou com um sorriso, vendo que aos poucos Noah ia se acalmando e parando de chorar. — O que acha da gente fazer um em você, quer? — ele assentiu, dando os braços para Falcão que o pegou de bom grado, o levando para uma mesinha que havia ali na sala.

— Como conseguiu essa magia? — Sofia estava indignada pelo namorado ter se dado bem com o garoto tão facilmente. — Eu tô a tanto tempo tentando fazer ele se acalmar e você conseguiu trocando duas palavras.

— É o poder do Falcão. — sorriu convencido, tirando gel de cabelo de dentro de sua mochila, e começando a fazer o mesmo penteado que usava na criança.

— Por que você tem gel de cabelo na bolsa? — perguntou confusa.

— Por que eu não teria gel de cabelo na bolsa? — revidou, terminado o moicano no mini ser humano. — Pronto, carinha, vai dar uma olhada. — Noah foi até o espelho que tinha na sala de aula, sorrindo ao ver seu reflexo com o um moicano loiro ali. — Faz assim com a mão, carinha. — fez sinal de rock e mostrou a língua, o qual foi imitado pelo menor.

— Olha, tia Sof, eu tô igual o Falcão. — ele fez a pose novamente, fazendo Sofia derreter de amores.

— Você tá lindo, meu amor. — ela sorria abobada pelo garoto, sentando ao lado do namorado. — Vocês dois estão.

— Faz igual a gente, tia. — sugeriu.

— É, amor, deixa eu fazer um moicano igual o nosso. — ele apoiou a ideia, rindo. — Vai ficar linda.

— Ata. — riu irônica. — Nem pensar que eu vou deixar você passar um monte de gel no meu cabelo lindo e hidratado, esse negócio só fica bom em você.

— Você ia continuar linda mesmo careca. — ele nunca iria perder uma chance de flertar com a garota, dando um selinho na mesma logo depois de cantá-la.

changes | eli moskowitzOnde histórias criam vida. Descubra agora