changes | eli moskowitz

forty eight.

O céu estava limpo e estrelado, como se o universo inteiro tivesse decidido iluminar aquela noite especial. O drive-in ficava em um campo aberto nos arredores da cidade, com fileiras de carros estacionados de forma organizada, lanternas piscando aqui e ali. Algumas pessoas optaram por colocar cobertores e almofadas no gramado, enquanto outros ficaram dentro dos carros, aproveitando o conforto. Um grande telão branco estava posicionado ao fundo, iluminado por pequenos refletores, aguardando o início do filme. Ao redor, barracas vendiam pipoca, refrigerantes e doces, enchendo o ar com uma mistura acolhedora de aromas.

As turmas do Miyagi-Do e das Presas de Águia estavam por toda parte, misturadas em pequenos grupos, conversando animadamente. Era uma pausa merecida na rotina de treinos intensos e rivalidades, um momento de descontração onde todos pareciam esquecer, mesmo que por uma noite, as competições e os desafios.

— Isso tá bem mais cheio do que eu imaginava — comentou Miguel, tirando o cinto de segurança e saindo do carro.

— Eu acho incrível que conseguimos juntar todo mundo. Faz um tempo que não temos algo assim, sem competição ou treinos, só diversão — disse Samantha, que estava no banco do passageiro, sorrindo enquanto pegava uma bolsa com alguns snacks que trouxe de casa.

— Nem comemora muito que depois do torneio tudo isso vai voltar em dobro. — disse Sofia pela primeira vez desde que entrou no carro. Havia ido no mesmo carro que Miguel e Sam apenas pela carona, mas se manteve calada o tempo todo para não precisar falar com a garota, ainda haviam muitas coisas no meio atrapalhando a volta da amizade.

Os três se juntaram ao resto do grupo, que já haviam chegado e estavam encostados em seus carros conversando animadamente. Sofia ficou um pouco mais afastada do casal, se negando a ficar de vela, ela já ia pegar seu celular do bolso para passar o tempo enquanto o filme não começava, mas ouviu uma voz que ela conhecia muito bem.

— Ei, Sof! — Falcão apareceu, carregando um balde de pipoca nas mãos e com seu sorriso característico, algo dentro dela se agitou, Sofia sentiu o coração acelerar instantaneamente. Aquela sensação que ela vinha tentando ignorar, o calor que subia ao rosto e o nervosismo que apertava seu estômago a atingiu em cheio.

— Oi, Eli. — ela sorriu, ajeitando o cabelo de forma quase inconsciente. — Não acredito que você trouxe pipoca de casa. — brincou.

— Claro que não, eu paguei uma fortuna ali na barraquinha. Mas sério, vale a pena, porque olha isso — ele levantou o balde, apontando para a pipoca caramelizada coberta de chocolate. — Isso aqui é praticamente um tesouro.

— Tá bom, é compreensível ter sido caro, parece estar uma delicia. — ela riu, o som leve e espontâneo. — Talvez eu vá pegar uma depois.

— Ou você pode dividir comigo — ele respondeu, a voz ligeiramente mais baixa, mas cheia de intenção. — Miguel tá com a Sam e eu tenho certeza que você não quer ficar segurando vela pra eles dois, você podia ficar comigo.

Sofia o olhou, surpresa, enquanto seu coração disparava mais uma vez. Ela sabia que havia algo naquele tom, algo que ele não costumava demonstrar tão abertamente, por um segundo, ela teve certeza de que ele estava tentando se aproximar de novo.

— É, acho que ficar com você não seria tão ruim assim. — ela disse, tentando soar despreocupada, mas o leve sorriso que escapou de seus lábios a traiu.

Falcão se aproximou, encostando ao seu lado no mesmo carro que ela estava, e os dois começaram a conversar sobre as expectativas que eles tinham para o filme. A troca de palavras era leve, cheia de piadas e lembranças que pareciam aproximá-los ainda mais. Sofia sentia como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, não havia mais vozes, risadas ou luzes. Só ele ali, perto dela, com aquele sorriso que a fazia sentir borboletas no estômago, ela sentia como se algo estivesse se ajustando, como se a distância que havia entre eles estivesse diminuindo cada vez mais.