changes | eli moskowitz

forty two.

Sofia estava sentada à no sofá de sua casa, ainda de pijama e com uma xícara de café quente entre as mãos, ela estava de olhos fechados, apenas aproveitando aquele silêncio matinal e o gosto da bebida em suas mãos, se existia sentimento melhor, ela desconhecia. Olhou distraída pela janela, perdida em pensamentos, até ouvir três batidas rápidas na porta, mas antes que pudesse reagir, Miguel entrou.

— Bom dia, Sof! — Miguel sorria grande. — Dormiu bem?

— Não sabia que você era do tipo que invade casas sem convite. — Sofia ergueu a sobrancelha, parecendo mais divertida do que irritada.

— Só a da minha irmãzinha. — ela sorriu, amava quando ele a chamava assim. — De qualquer forma, a Sam está querendo treinar hoje, achei que poderíamos ir juntos.

Ela riu daquela ideia. Depois de saírem do auditório, Sofia veio para sua casa, e Miguel foi com Samantha até a casa dela, ficando lá por mais tempo que ela consideraria normal para dois adolescentes que já foram um casal antes. Já tinha percebido os olhares do antigo casal e não era idiota para não perceber que ainda gostavam um do outro, iriam voltar a namorar logo logo. Mesmo assim, achava graça do amigo por ele achar que ela toparia facilmente um treino com Sam, como se fossem melhores amigas.

— Não vai rolar, Miguel. — soltou um suspiro e colocou a xícara sobre a mesinha que tinha ali no centro da sala. — Tenho planos hoje.

— Planos? — perguntou intrigado. — Você nunca tem planos que não sejam comigo. 

— Vou sair com minha mãe, ela acabou de sair da reabilitação, lembra? Estamos tentando nos reaproximar.

Miguel ficou em silêncio por um momento, seu sorriso diminuindo levemente.

— Ah, entendi.  — coçou a própria nuca, sem graça. — Isso é legal, Sof, eu fico feliz por vocês.

— É, estamos indo devagar. —  disse com um meio sorriso. — É um pouco estranho ainda, mas é bom ter minha mãe do lado.

— Claro, sem pressão. — seu sorriso animado voltou, que logo se transformou em um provocador. — Só não vale usar isso como desculpa pra fugir de treinar comigo.

— Você realmente acha que eu ia fugir de você? — revirou os olhos com a provocação, mas ela ainda ria. — Eu sou a mini sensei, lembra? Você que tem que fugir de mim.

— Parou de negar seu apelido, é? —ela deu de ombros, e Miguel riu e olhou ao redor como se procurasse algo. — E o sensei Lawrence? Não vi o homem da casa por aqui.

— Não faço ideia. — deu de ombros. — Ele saiu ontem a noite e ainda não voltou.

— Hm, entendi. — o latino cruzou os braços e deu um sorriso malicioso. — O sensei deve ter tido uma noite cheia então, né?

— Cala a boca, Miguel! — ela jogou uma almofada com força no melhor amigo, mas ele desviou rindo. — Que nojo.

— O que foi? — ele ainda gargalhava. — Só tô dizendo o que qualquer um pensaria, vai me dizer que não faz sentido.

— Cala. A. Boca. — disse pausadamente, sentindo seu estômago revirar.

— Tá bom, tá bom. — ergueu as mãos em sinal de rendição, mas sem parar de rir. — Sem mais comentários.

— Eu acho bom. — ameaçou. — Ou eu te dou um chute tão forte que vai te fazer voltar pro Equador.

— Você não teria coragem, não consegue ficar sem mim. — o moreno disse convencido e Sofia revirou os olhos, mas não disse nada porquê sabia que era verdade. — Eu tenho que ir já.