changes | eli moskowitz

thirty seven.

Johnny estava mantendo sua promessa de ajudar Miguel a voltar a andar, e a ideia da vez era colocá-lo em uma espécie de andador para adultos, algo improvisado mas que poderia funcionar para ajudá-lo a se manter de pé. Sofia estava jogada no sofá, observando tudo com uma expressão de tédio. Apesar de não acreditar muito na engenhoca, ela não iria deixar de apoiar o melhor amigo nem por um segundo.

— Aí! — Miguel gritou quando perdeu o equilíbrio e foi ao chão com um impacto que fez pai e filha fazerem uma careta imaginando a dor. — Essa doeu mais que a outra vez.

— Foco, qual é, você tá pior que ontem! — Johnny bufou, apressado em ajudar o garoto a se levantar. Ele segurava Miguel pelos braços, mas não disfarçava sua impaciência. — Nem parece que tá tentando. Qual o problema, viu sua ex, e daí?

Miguel olhou para ele com incredulidade, enquanto se ajeitava com dificuldade no andador.

— Você viu a Tory? — Sofia perguntou surpresa, saindo do estado de distração. Não havia saído com eles mais cedo porque estava visitando sua mãe na clínica. Agora, seus olhos estavam completamente atentos.

— E daí? — Miguel repetiu, irritado. — Olha pra você, passou o dia inteiro fazendo coisas pela sua ex e fingindo ser outra pessoa, pelo menos eu sou honesto sobre como me sinto.

Johnny franziu o cenho, claramente confuso e ligeiramente ofendido.

— Isso é diferente! — respondeu, gesticulando de forma exagerada. — Vocês não entendem. E o que importa agora é o que você vai fazer, vai desistir? É isso?

— Desistir? Olha quem fala. — o adolescente rebateu, com um tom mais alto que o habitual. — Você deixou o Kreese roubar seu dojô, deixou o Falcão e a Tory pensarem que você era fraco.

Johnny encarou o garoto, visivelmente abalado, mas tentou manter o tom firme.

— Foi um erro pra começo de conversa. Nunca devia ter voltado com o Cobra Kai, olha o que aconteceu!

— O que aconteceu foi que você ajudou um monte de gente e depois sumiu como um covarde. — Miguel continuou com o tom alto em sua voz, seus olhos brilhando de frustração.

— Finalmente, né? Alguém precisava falar isso. — Sofia, que estava em silêncio, ergueu-se do sofá, seus passos foram decididos enquanto ela se aproximava dos dois, ela cruzou os braços, encarando o pai. — Você é um sensei, é isso que você é. Se não consegue enxergar, então você é cego.

Johnny não disse nada, absorvendo as palavras enquanto o silêncio caía na sala. Miguel olhava para Sofia, surpreso com a coragem dela de enfrentar o pai daquele jeito. Mas, enquanto o clima ainda estava carregado, Sofia foi a primeira a notar algo. Seus olhos foram imediatamente para as pernas de Miguel, ela piscou algumas vezes, como se não acreditasse no que estava vendo.

— Gente. — ela tentou chamar a atenção dos dois, mas eles continuavam discutindo, suas vozes se sobrepondo. — Gente, vocês não tão vendo isso? — sua voz ficou mais alta, mas ainda assim, os dois estavam imersos no próprio conflito, então ela gritou. — GENTE!

Johnny e Miguel pararam imediatamente e olharam para ela, confusos.

— Olhem pras pernas do Miguel! — a loira apontou, com os olhos brilhando de emoção. — Ele tá de pé.

Miguel olhou para baixo, com o coração disparado. Seus olhos se arregalaram ao ver que realmente estava de pé, mesmo que estivesse se apoiando no andador.

— Caramba, eu tô de pé? — sua voz estava cheia de incredulidade.

— Você tá de pé, garoto, eu sabia que você ia conseguir! — Johnny abriu um grande sorriso, os olhos cheios de orgulho.