changes | eli moskowitz

forty four.

Sofia respirou fundo quando viu a porta do dojô Miyagi-Do. Ela olhou para o lugar com uma mistura de desconfiança e incômodo, aquilo estava longe de ser seu ambiente natural. As cercas de madeira, os bonsais meticulosamente cuidados e a atmosfera zen pareciam pertencer a outro mundo, um mundo que definitivamente não combinava com ela.

— Isso vai ser uma droga — murmurou para si mesma, ajustando a alça da mochila no ombro.

— Relaxa, filha. — Johnny disse ao seu lado. — Você vai se dar bem, vamos fazer dar certo. — deu um tapinha em seu ombro antes de entrar.

Ela sabia por que estava ali. A opção era clara, unir forças com o Miyagi-Do era a melhor maneira de derrotar o Cobra Kai, era pelo bem maior. Miguel também havia insistido, e a lealdade dela ao melhor amigo era inquestionável. Ainda assim, o simples pensamento de dividir espaço com quem eram seus inimigos à algum tempo não lhe era muito reconfortante.

Subindo os degraus de pedra que levavam ao dojô, Sofia sentiu o ar carregado de tranquilidade ao redor, isso a irritava. Não era apenas o lugar, era o que ele representava. Meditação, paciência e harmonia, conceitos que ela nunca valorizou muito, preferindo o estilo direto e agressivo que herdara de Johnny. Para ela, lutar era para vencer, não para praticar yoga.

No entanto, ela respirou fundo mais uma vez antes de empurrar a porta do dojô. O som de vozes em treinamento ecoava lá dentro, o grupo estava se alongando enquanto conversavam animadamente sob o olhar atento de Daniel Larusso. Miguel estava entre eles, acenando para ela com um sorriso encorajador. Ele parecia tão à vontade ali, o que fazia Sofia se sentir ainda mais deslocada.

Quando ela se aproximou do grupo que se aquecia, o som de passos leves a fez levantar o olhar. Falcão, ou melhor, Eli, sorriu para ela. Não havia mais provocação ou tensão no sorriso dele, apenas algo nervoso e hesitante, refletido no sorriso dela também.

— Você veio — disse o garoto, com um tom tranquilo, quase aliviado.

— Pois é, parece que vou ter que me acostumar com isso aqui — respondeu Sofia, tentando soar casual. — Você também, pelo visto.

— É, sair do Cobra Kai foi a melhor coisa que fiz. — riu fraco, não querendo tocar muito no assunto de que ele era um babaca até semana passada. — Até que aqui não é tão ruim.

— Não acho que vou me dar bem com essas aulas do Miyagi-Do — Sofia comentou, olhando ao redor, como se tentasse se adaptar àquela nova realidade. — Não sei se sou tão... calma quanto eles.

— Não precisa se preocupar com isso. — ele sorriu com doçura, mas tentando ser firme. — Você sempre consegue lidar com tudo, Sof. Não importa o que aconteça, você enfrenta e sai por cima. — ela o olhou, um pouco surpresa.

— Você está exagerando, Eli. — riu tímida, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

— Não estou. — ele pareceu não se importar com o comentário anterior. — Eu vi o vídeo de você acabando com o Kreese quando vocês foram salvar o torneio.  E você não teve medo de se meter no meio da confusão, mesmo quando a vereadora estava decidida a cancelar o torneio desse ano, vocês fez ela te ouvir. Isso, Sofia, é força, você tem isso. Você vai se sair melhor que qualquer um aqui, você é a garota mais foda que eu conheço. — ele terminou de falar com um sorriso, mas logo pareceu lembrar que estava jorrando elogios em sua ex namorada e se envergonhou. — Quer dizer, no karatê, não que você não seja em todo o resto, mas eu tô falando no karatê.

Sofia riu, mas algo na maneira como ele estava falando a fez sentir algo diferente. A empolgação dele parecia familiar de uma maneira estranha. Ela o observou por um momento, e foi aí que percebeu, o jeito dele de se empolgar e se atrapalhar um pouco, era exatamente como no começo, quando se conheceram.

— Eu... ah, bom, o que eu quero dizer é que você... — ele tentou se recompor, mas acabou deixando escapar um riso nervoso. — Eu só acho que você vai conseguir se dar muito bem aqui. Porque você é incrível, Sof. — ele parou ruborizado, como se estivesse se embaraçando mais ainda.

Sofia não conseguiu evitar. Ela riu baixinho, sentindo um calor no peito ao ver como ele estava, mais tímido do que nunca, mas ao mesmo tempo, tão genuíno. Era como voltar no tempo, quando ele ficava nervoso, se atrapalhando com as palavras sempre que estava perto dela antes de namorarem. Ele nunca sabia como falar, mas sempre conseguia dizer as palavras certas que ela precisava ouvir e a confortar de alguma forma.

— Isso foi muito fofo. — ela sorriu suavemente, olhando-o com carinho. — Obrigada, Eli, suas palavras realmente ajudaram a fazer eu me sentir melhor.

— De nada, eu só acho que você deveria saber. — ele deu de ombros, um pouco sem jeito. 

Sofia sentiu algo doce em seu peito ao olhar para ele. O Eli de hoje era muito diferente do Eli de antes, mas ainda havia algo que ainda a fazia sorrir, ele sempre a fazia se sentir importante, mesmo quando não sabia como.

O olhar que eles trocaram naquele momento carregava sentimentos reprimidos e palavras não ditas, mas antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, Miguel se aproximou, interrompendo o momento com um sorriso largo.

— Finalmente! Achei que você fosse desistir no caminho, Sofia — brincou Miguel.

— E deixar você você aprender uma técnica nova enquanto eu fico em casa? Nem pensar — respondeu ela, empurrando de leve o ombro dele.

Do outro lado do salão, Daniel reapareceu com Johnny e chamou o grupo para se alinhar.

— Sofia, que bom que veio — disse Daniel, com o mesmo sorriso educado de sempre. — Sei que isso pode ser um pouco diferente do que você está acostumada, mas se trabalharmos juntos, podemos derrotar Kreese e o Cobra Kai.

— Olha, eu não sou exatamente o tipo de pessoa que curte ficar alinhando bonsais ou falando de equilíbrio.— ela cruzou os braços e deu uma olhada pelo local. — Mas se treinar aqui vai fazer o Kreese perder, então, vamos fazer isso funcionar.

— Ótimo — disse Daniel, rindo da motivação da garota. — Então vamos começar!

— Você vai ficar bem — Eli sussurrou em seu ouvido, a lembrando das palavras de alguns minutos antes, com aquele sorriso que sempre fazia tudo parecer menos pesado.

— Espero que sim. — riu, ainda um pouco nervosa. — Mas se eu tropeçar em um bonsai, não conte pra ninguém.

Ele deu uma risada suave e foi para o seu lugar. Sofia respirou fundo mais uma vez e tentou se concentrar. A loira deu um último olhar ao redor e, ao ouvir o som da voz dos senseis mandando todos se prepararem, seus músculos se tensionaram, pronta para começar. A ansiedade que a incomodava antes agora dava lugar à determinação. Ela sabia que aquele era o começo de algo importante, e estava decidida a fazer dar certo. 

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OI GENTE, como voces estao?

escrevi esse capítulo curtinho apenas pra introduzir o quarto e coloquei alguns mimos do eli com a sof, já estou morrendo de saudade dos dois juntos !!

não esqueçam de comentar bastante para eu saber o que estão achando, até o próximo <3