forty one.

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O sol forte batia no dojô improvisado do Presas de Águia, onde o grupo treinava sob a supervisão de Johnny, o que era engraçado, já que na noite anterior estava chovendo forte, era difícil entender o clima de West Valley. Sofia estava com Miguel, observando o latino enquanto ele praticava chutes. Ela parecia distraída, a mente longe, mas sua postura rígida denunciava que algo estava errado.

— Gira o quadril mais rápido, Miguel — comentou Sofia, cruzando os braços.

— Eu tô girando. — Miguel bufou, parando o movimento. — Qual foi a do mau humor, hein? Tá mais chata que o normal.

— Mau humor? Não é culpa minha se você tá parecendo um pato tentando voar. — ela estreitou os olhos para ele, mas o sorriso no canto da boca a entregava.

— Grande motivação, mini sensei.

— Não me chama assim — ela respondeu, revirando os olhos, mas seu tom não era sério.

Antes que Miguel pudesse retrucar, a voz de Bert ecoou, chamando a atenção de todos. Ele caminhou até Johnny, sua expressão incrédula, mostrando seu celular para o mais velho.

— Tenho notícias — ele anunciou, olhando para o grupo. — O conselho decidiu cancelar o torneio desse ano.

O silêncio foi instantâneo. Os alunos pararam o que estavam fazendo e se entreolharam, confusos. Johnny franziu a testa, claramente irritado.

— O quê? Como assim cancelaram? — Johnny deu um passo à frente. — Eles não podem fazer isso.

Miguel olhou para Sofia, que continuava imóvel, o olhar fixo no chão.

— Eles podem fazer isso? — perguntou Miguel, incerto.

— Podem — respondeu Sofia, a voz mais baixa do que o normal. Ela levantou a cabeça e encarou o amigo. — Mas não deveriam.

Havia algo em seu tom que chamou a atenção de todos. Sofia deu um passo à frente, seu rosto estava sério, mas com uma intensidade que Johnny e Miguel conheciam muito bem.

— Esse torneio é mais do que só lutas. — disse séria. — Ele significa algo pra todos nós. E eu não vou deixar que tirem isso.

— O conselho acha que está protegendo a comunidade — disse Mitch, o único dali que não estava irritado. — Talvez estejam certos. Afinal, do jeito que as coisas estão, um torneio de karatê não é a melhor coisa a se fazer.

— Ah, então é por isso que você tá tão calmo. — Sofia riu, mas sem humor. — Faz sentido você não querer o torneio, já que você é um covarde que não sabe nem dar um chute direito, tá com medinho de apanhar de quem realmente leva o karatê à sério. — o garoto estreitou os olhos para ela, mas Sofia não recuou.

— Sofia... — começou Johnny, colocando uma mão no ombro dela, ela virou para o pai, mas sua expressão continuava firme.

— Pai, isso é a única coisa que ainda faz sentido pra mim agora. Se eles tirarem o torneio, o que sobra?

Johnny percebeu a vulnerabilidade nas palavras dela, mas sabia que Sofia odiava demonstrar fraqueza. Ele assentiu, entendendo.

— Eles não vão tirar nada de você, filha — disse Johnny, virando-se para o grupo. — Porque nós não vamos deixar, eu não vou deixar. — a tranquilizou.

— Olha só, parece que a mini sensei tá inspirando a todos nós. — Miguel sorriu, tentando aliviar o clima.

— Um dia você vai levar um chute por me chamar assim. — a loira o encarou com um olhar de falsa irritação.

changes | eli moskowitzOnde histórias criam vida. Descubra agora