changes | eli moskowitz

thirty six.

Dizer que Sofia estava acabada era um elogio. Depois de chegar em casa, a garota se trancou no quarto e chorou por horas até dormir, fazendo-a acordar com os olhos inchados e uma aparência horrível.

No outro dia, ela havia levantado de sua cama com a menor vontade possível, praticamente se arrastando até a cozinha, apenas para pegar algum analgésico para dor de cabeça e algo para comer, caso contrário, ela continuaria no seu quarto tentando negar a realidade o máximo que conseguisse.

— Bom dia, filhota. — Johnny estava na mesa da cozinha, mexendo em seu notebook e surpreendente bebendo café e não uma cerveja de café da manhã. — Caramba, você tá horrível. — só agora ele havia notado seu estado. — O que aconteceu com você?

— Terminei com o Eli. — disse seca.

Johnny engasgou com a bebida que tomava. Mesmo com suas inúmeras piadas e ciúmes, sabia que o garoto fazia muito bem pra sua filha e o quanto ela era apaixonada por ele, um término era uma surpresa para o loiro, principalmente quando no dia anterior, Sofia estava usando uma identidade falsa com seu sobrenome.

— O que ele fez com você? — perguntou preocupado. — Por que se ele tiver machucado você, seja da menor forma possível, eu juro que vou acabar com esse cara.

— Ele não fez nada, pai. — Johnny ficou confuso, então Sofia continuou. — Bom, não comigo, pelo menos. — ele pareceu se acalmar, mas ainda esperava mais detalhes. — Essa rivalidade com o Miyagi-Do tá cada vez pior, e ontem enquanto nós estávamos no show, eles e o Cobra Kai entraram em uma briga, e no final, o Eli quebrou o braço do Demetri.

— Demetri não é aquele alto irritante? — Sofia assentiu. — Achei que fosse melhor amigo do passarinho.

— Eles eram, pai, esse é o ponto. — sentiu sua garganta dar um nó, como se fosse chorar mais uma vez. — Ele teve coragem de fazer isso com o cara que foi o único amigo dele durante anos, e ele não se arrepende, toda vez que eu lembro disso parece que fica pior.

— Uau. — o mais velha coçou a cabeça, tentando pensar em algum conselho, mas era péssimo com isso. — Isso é bem complicado.

— Desde que o Kreese assumiu tudo, ele vem ficando cada vez mais agressivo, eu sei que ele nunca faria nada pra me machucar, mas eu não posso namorar um babaca. — ela não aguentou, e começou a chorar de novo. — Mas ao mesmo tempo, eu só queria ele de volta, de como era antes desse velho desgraçado estragar tudo.

— Vem cá, filha. — puxou a menor para um abraço, fazendo carinho em seus cabelos. — Vai ficar tudo bem. O passarinho é totalmente apaixonado por você, mesmo eu não gostando nada disso, com o tempo ele vai perceber que seguir os ensinamentos do Kreese não vale de nada, e vai ver o quanto ele perdeu por agir assim.

— Eu quero ver o Robby, pai. — depois de um tempo naquele abraço, foi tudo o que ela disse, surpreendendo Johnny. — Eu preciso do meu irmão agora.

Apesar de tudo que havia acontecido, Sofia sentia que era impossível seguir em frente sem procurar o irmão. Por mais que estivessem afastados, ele era uma parte dela que nunca poderia ser substituída. Havia tanto a ser dito, tanto que precisava ser consertado, mas não era só isso. No fundo, ela sabia que naquele momento eles precisavam um do outro. Era hora de deixar o orgulho de lado e buscar o apoio que só ele poderia dar, porque, independentemente de qualquer coisa, Robby sempre seria sua outra metade.

— Eu vou ligar pro reformatório e agendar uma visita, tá bom? — ela enxugou as lágrimas,  assentindo e se afastando do pai. — Vocês dois precisam um do outro nesse momento, vai fazer bem pra vocês conversarem.

Em alguns minutos, a garota estava pronta. Tomando um banho rápido e comendo qualquer coisa apenas para não ficar de estomago vazio, ela entrou no carro do pai, ficando em silêncio o caminho todo. Abraçava os próprios braços nervosa, sabia que iria ser uma conversa difícil, mas como Johnny havia dito, eles precisavam um do outro. Sofia sentiu seu coração bater mais rápido quando seu pai estacionou na frente do prédio, repensando se era mesmo uma boa ideia estar ali, se não era muito cedo para isso.