Nasci no Brasil, mas logo que cheguei ao mundo, meu pai, um homem determinado e sonhador, fez de tudo para que minha mãe fosse viver com ele no Canadá. Assim, minha infância foi marcada por um novo lar, onde as paisagens eram diferentes e as culturas se entrelaçavam.
Meu pai, coreano de origem, sempre carregou consigo o peso dos sonhos não realizados de sua família. Desde pequeno, ele enfrentou dificuldades financeiras, mas nunca deixou que isso o desanimasse. Ele sempre acreditou na educação como a chave para um futuro melhor. Com essa visão, ele sonhava que eu tivesse a oportunidade de estudar em uma escola na sua cidade natal na Coreia do Sul, um lugar que ele amava, mas que também representava os desafios que sua família enfrentou.
Estava em meu quarto, imersa em meus pensamentos, quando de repente, vi meu pai e minha mãe entrarem no ambiente, pulando e chorando de alegria. A cena era tão inesperada que me senti um pouco confusa. Perguntei, com a curiosidade tomando conta de mim:
- O que aconteceu?
Eles me encaravam com os olhos cheios de lágrimas, um misto de felicidade e emoção que eu nunca tinha visto antes. Meu coração acelerou. O que poderia ter acontecido?
Então, meu pai, com a voz trêmula, finalmente falou:
- Conseguimos, filha! Você passou para ser bolsista na melhor escola de Seul!
Aquelas palavras ecoaram em minha mente, e por um momento, tudo parou. A realização do sonho do meu pai, algo que ele havia mencionado tantas vezes, agora se tornava uma realidade. Eu olhei para eles, tentando absorver a magnitude do que isso significava.
A ideia de estudar em Seul, em uma escola reconhecida pela sua excelência, era algo que eu nunca havia imaginado que se tornaria real. Lembrei de todas as conversas que tive com meu pai sobre a Coreia do Sul, a cultura, a história e a importância da educação. Ele sempre falava sobre como essa oportunidade poderia mudar minha vida e, agora, isso estava prestes a acontecer.
Minha mãe me abraçou forte, e eu senti suas lágrimas quentes em meu ombro. O orgulho e a emoção dela eram palpáveis. Eu também estava emocionada, mas uma onda de ansiedade começou a surgir. Deixar o Canadá, meus amigos, e tudo que eu conhecia era assustador. Mas, ao olhar para meus pais, percebi que essa era a chance de honrar todos os sacrifícios que eles fizeram.
Com um sorriso tímido, mas cheio de determinação, respondi:
- Eu vou fazer o meu melhor!
A alegria em seus rostos cresceu ainda mais, e naquela noite, conversamos sobre os planos, as expectativas e os desafios que viriam pela frente. Era o início de uma nova aventura, e eu estava pronta para abraçar o desconhecido, impulsionada pelo amor e pelo apoio incondicional da minha família.
Meu pai fez um empréstimo para pagar minha passagem para Seul, um gesto que pesava em meu coração. Não vou mentir: eu estava com um pouco de medo. A ideia de deixar tudo que conhecia para trás era assustadora.
Depois de uma semana de preparação, chegou o dia do embarque. O aeroporto estava cheio de pessoas e a ansiedade tomava conta de mim. Lembrei de todas as aulas que tive com meu pai, que sempre fez questão de me ensinar coreano. Suas palavras ecoavam na minha mente, trazendo um pouco de conforto. Eu sabia que, embora estivesse em um lugar novo, tinha uma parte da minha história e da minha cultura comigo.
Enquanto esperava no portão de embarque, olhei para meus pais. Eles estavam radiantes, mas eu percebi também a preocupação em seus rostos. Aquela viagem representava não apenas uma nova etapa para mim, mas também um sacrifício imenso para eles. O peso do empréstimo, a esperança depositada em mim, tudo isso me motivava a dar o meu melhor.
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Hierarchy
Genç KurguA história se passa em uma das escolas mais renomadas da Coreia, onde a elite da sociedade coreana envia seus filhos para receber a melhor educação. Nesta escola, existe uma hierarquia bem estabelecida, onde os alunos mais populares e influentes ocu...